A Esmeralda Bahia é xisto com cristais verdes incrustados e foi extraída de uma mina na Serra da Carnaíba, no estado que a nomeia, em 2001. A pedra preciosa pesa de 341 a 380 quilos, pode valer até R$ 6 bilhões e, desde dezembro de 2008, está em um cofre da Polícia de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos da América.
Continua depois da publicidade
Nestes 23 anos desde sua extração, a Esmeralda Bahia foi levada ilegalmente aos EUA, “enfeitiçou” diversos homens e passou por disputas internas sobre quem é o verdadeiro dono. Agora, em 2024, pode ser repatriada após disputa internacional entre os Estados Unidos e Brasil, via articulação jurídica envolvendo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF).
Siga as notícias do Hora no Google Notícias
Clique e participe do canal do Hora no WhatsApp
Continua depois da publicidade
Linha do tempo da Esmeralda Bahia
A pedra é objeto de fascínio, obsessão e, principalmente, disputas judiciais sobre quem tem direito à proclamá-la como dono. Entre muitas idas e vindas, organizamos a cronologia dos fatos sobre a Esmeralda Bahia em uma linha do tempo detalhada. Confira também as principais figuras envolvidas nessa disputa.
No Brasil: extração e negociações iniciais
- 2001: A esmeralda de 340 a 380 quilos foi extraída da mina na Serra da Carnaíba, no estado da Bahia, Brasil. Depois, foi transportada para São Paulo;
- Setembro de 2001: Tony Thomas e Ken Conetto, dos Estados Unidos da América, vieram ao Brasil para negociar esmeraldas. Durante essa visita, Thomas viu a Esmeralda Bahia pela primeira vez e ficou obcecado com a pedra. Conetto era responsável pela intermediação com os donos da mina e Thomas alega que comprou a pedra por cerca de US$ 60 mil;
- Novembro de 2001: A pedra não chegou ao destino de Thomas, que reportou um roubo no transporte. Porém, a pedra nunca foi despachada na data. Ken Conetto alega que Thomas nunca pagou pela pedra e os donos da mina aqui no Brasil não fizeram o envio;
- 2005: Depois de quatro anos ampliando a especulação sobre o valor da Esmeralda Bahia, a pedra foi despachada para San Jose, na Califórnia, com valor estimado de pacote de US$ 100 e descrição de “asfalto e cimento”. No futuro, isso foi usado pelo Brasil como argumento para exportação ilegal.
Continua depois da publicidade
Chegada aos EUA e negociações
- 2005: Após a pedra chegar nos EUA, Conetto estava em busca de uma pessoa para vendê-la. Foi assim que Larry Biegler entrou na história. Os dois fazem um acordo e Conetto dá à Biegler o direito de venda da Esmeralda Bahia. Em caso de venda, eles dividiriam o lucro igualmente;
- 2005: Biegler segue a mesma lógica de Conetto e ofere a um vendedor de pedras 10% do preço de vença da Esmeralda Bahia, em caso dela ser vendida por mais de US$ 25 milhões. Foi assim que a pedra acabou sendo anunciada no eBay por um preço mínimo de US$ 19 milhões e por US$ 75 para compra imediata. A pedra chegou a receber uma oferta pelo preço mínimo, mas Larry Biegle recusou finalizar a transação, alegando que a pedra valia US$ 75 milhões;
- 2006: Ano em que Tony Thomas alega que sua casa pegou fogo e, no processo, queimou o recibo pela compra da Esmeralda Bahia. Falta de prova dessa transação dificultou a argumentação do homem em busca judicial do direito de posse da pedra;
- Novembro de 2007: Jerry Ferrara toma conhecimento da existência da Esmeralda Bahia. Um corretor de imóveis falido, ele tentou negociar a venda de uma casa a Larry Biegler, que não estava interessado, mas precisava da ajuda para vender a esmeralda gigante. Graças a oferta de Biegler, Ferrara fica “enfeitiçado” pela pedra. Ao longo das negociações, Biegler entrega à Ferrara um envelope contendo a declaração de propriedade da Esmeralda Bahia;
- Ainda em 2007: Enquanto a pedra estava guardada em um depósito em South El Monte, na Califórnia, Ferrara se envolve em um novo esquema de Biegle. Desta vez, ele vende US$ 1,3 milhão em diamantes para Kit Morrison, colocando a Esmeralda Bahia como garantia de pagamento. Como ele não possuía nenhum diamante, a pedra de 340 a 380 quilos passou a ser de Kit Morrison. Contrariando as expectativas, isso não criou problemas entre os dois, que se uniram com o objetivo de, finalmente, vender a Esmeralda Bahia;
- Junho de 2008: Larry Biegler forja seu próprio sequestro tentando incriminar a ação a um suposto brasileiro e chefe do crime. O objetivo era, supostamente, forçar que Jerry Ferrara pagasse pelo seu resgate. Mas o plano sai pela culatra e o ex-corretor de imóveis percebe que foi enganado por Biegler;
- Entre Junho e Outubro de 2008: Com isso, Jerry Ferrara convence Kit Morrison que eles precisam retirar a pedra do depósito e, é claro, tudo sem o conhecimento de Biegler. A Esmerada Bahia, então, é transportada improvisadamente até Las Vegas.
Envolvimento do Departamento de Polícia de Los Angeles
- Outubro de 2008: Larry Biegler liga para o Departamento de Polícia de Los Angeles para reportar o roubo da Esmeralda Bahia. Com isso, os detetives Scott Miller e Mark Gayman são envolvidos na trama. Pouco tempo depois, tanto Ferrara como Morrison tornam-se os principais suspeitos do roubo reportado por Biegler e a polícia passa a investigar a dupla;
- Dezembro de 2008: Os detetives vão até a casa de Morrison, mas não o encontram lá. Mesmo assim, conseguem contato por telefone e fazem um acordo com o homem, que concorda em informar a localização da Esmeralda Bahia (Las Vegas) sob a condição de que nem ele, nem Ferrara fossem presos. Em uma operação envolvendo equipe da Polícia de Las Vegas, SWAT e um helicóptero, a Esmeralda Bahia é resgatada e, então, é transportada para Los Angeles. Ali, se torna evidência e passa a ser custódia do Departamento de Polícia de Los Angeles.
Novos desdobramentos de velhas disputas judiciais
- 2011: Em julgamento, foi negado a propriedade da pedra à Tony Thomas. Mas, o homem recorreu;
- 2013: Em nova audiência, Thomas foi ouvido novamente, porém, Jerry Ferrara e Kit Morrison já haviam criado a FM Holdings, um consócio que também alegava propriedade da Esmeralda Bahia;
- Junho de 2015: A Corte Superior de Los Angeles atribuiu a propriedade da Esmeralda Bahia para FM Holdings.
Continua depois da publicidade
Brasil briga pela Esmeralda Bahia
- 2015: Antes que Jerry Ferrara e Kit Morrison, sob a FM Holdigns, pudessem tomar posse da Esmeralda Bahia, o Brasil entra na disputa. Com uma articulação jurídica envolvendo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF), o Brasil passou a atuar em cooperação com o Judiciário dos EUA;
- 2017: A Justiça Federal em Campinas (SP) condenou dois acusados de enviar ilegalmente a Esmeralda Bahia aos EUA e, no mesmo processo, a setença também declarou que ela voltasse ao Brasil;
- Maio de 2022: O Departamento de Justiça dos Estados Unidos aceitou a decisão da Justiça brasileira sobre a devolução da Esmeralda Bahia;
- Novembro de 2024: No dia 21 de novembro a Justiça dos Estados Unidos determinou que a Esmeralda Bahia seja repatriada ao Brasil. O dia 6 de dezembro de 2024 é a data limite para que a decisão final sobre a repatriação seja protocolada.
A decisão ainda cabe recurso e, em 2024, a Esmeralda Bahia segue sob a custódia do Departamento de Polícia de Los Angeles. Caso o Brasil conquiste o direito sob a pedra, ela deve ser incorporada ao Museu Geológico da Bahia.
Principais personalidades envolvidas na disputa
- Ken Conetto: Um homem de San Jose, California. Responsável por fazer ponte de negociações entre donos da mina no Brasil e possíveis compradores nos Estados Unidos da América;
- Tony Thomas: Colecionador que alega ter comprado a Esmeralda Bahia por US$ 60 milhões, mas nunca conseguiu comprovar a transação. Está em disputa judical contra Conetto;
- Larry Biegler: Um encanador da Califónia, entrou na história após conexão com Conetto, foi responsável por envolver Jerry Ferrara na disputa e também acionou a polícia sobre roubo da pedra;
- Jerry Ferrara: Um ex-corretor de imóveis da Florida que entrou no esquema de venda da Esmeralda Bahi com Biegler. Posteriormente, se revoltou contra o encanador e se uniu a Kit Morrison em busca de vender a pedra;
- Kit Morrison: Interessado em comprar diamantes de Jerry Ferrara, ele acaba ganhando a Esmeralda Bahia como garantia, quando nenhum diamente lhe é entregue. Os dois se unem e criam a FM Holdings para disputar pela posse da pedra;
- Scott Miller e Mark Gayman: Detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles e responsáveis pela investigação do roubo da Esmeralda Bahia a partir de 2008. A partir da ação dos detetives, a pedra ficou sob custódia do departamento policial.
Continua depois da publicidade
*Com informações de Wired, The Washinton Post, The Sun e Agência Brasil.
Leia também
Esmeralda Bahia: pedra de R$ 6 bilhões deve ser devolvida ao Brasil após disputa de 9 anos
Animais em risco crítico de extinção no mundo
Saiba o que é usado em filmes para simular drogas