O ex-advogado da família de Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, foi condenado pela Justiça do Distrito Federal por injúria racial nesta quarta-feira (17). O caso aconteceu em 2020, quando recusou o atendimento de uma pessoa negra. As informações são do g1.
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Wassef foi advogado do ex- presidente Jair Bolsonaro e também do filho dele, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O advogado é, também, o dono do imóvel em Atibaia onde estava o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, preso por suspeita de participação em esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Condenação por injúria racial
Conforme apurado pelo g1, a pena foi definida em 1 ano e 9 meses de detenção, mas deve ser substituída por duas penas restritivas de direitos — como prestação de serviços ou pagamento de valores — que serão definidas pelo juízo da execução. Wassef ainda pode recorrer da decisão.
O juiz determinou, ainda, o pagamento de R$ 6 mil, com juros desde 2020, por danos morais para a vítima.
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De acordo com a sentença, em novembro de 2020, Wassef chamou uma funcionária de uma pizzaria de um shopping de Brasília de “macaca”. Durante o processo, o advogado negou as ofensas.
“Sem dúvida, algumas expressões carregam em si um significado ofensivo inequívoco. A expressão ‘macaca’ — tão bem retratada na prova oral — carrega intenso desprezo e escárnio. A palavra proferida é suficiente para retratar a intenção lesiva do réu”, aponta a decisão.
Entretanto, segundo a decisão, Wassef alegou que os fatos foram “tecido numa engenharia criminosa orquestrada por diversos indivíduos com interesses pessoais e políticos em prejudicá-lo”.
Entenda o caso
Wassef estava em uma pizzaria em outubro de 2020 e, ao ser abordado por uma atendente negra, teria se recusado a seguir com o atendimento. “Não quero ser atendido por você. Você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido”, disse Wassef à vítima, de acordo com o relato.
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Ele segurou o braço da mulher e jogou a caixa de pizza no chão, falando para ela recolher o objeto. No mês seguinte, na mesma pizzaria, o processo aponta que Wassef ignorou a mesma atendente enquanto ela tentava anotar o pedido. Uma outra garçonete acabou atendendo o advogado.
Após o fim da refeição, Wassef foi ao caixa e afirmou que a comida não estava boa e começou, mais uma vez, a ofender a atendente. “Você é uma macaca! Você come o que te derem!”, disse.
Advogado rebateu acusações
Em nota enviada ao g1 por Frederick Wassef, o advogado rebateu as acusações. Confira o texto abaixo na íntegra:
“Eu fui absolvido pelo crime de racismo, a pedido do próprio Ministério Público, que antes me denunciou, pois a própria testemunha da acusação, na frente do juiz e da promotora, admitiu que não era verdade a acusação e que era mentira o que constava em seu depoimento, bem como o que foi dito por Daniele, a moça branca que fingiu ser negra e vítima, e que eu nunca chamei ninguém de negra ou macaca.
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Foi provado em audiência as mentiras, a farsa e a armação.
No segundo fato, da falsa acusação de injúria racial, também foi provada a minha inocência na audiência, perante o juiz. Além de várias provas, foram ouvidas quatro (4) testemunhas que estavam presentes no momento do fato, as quais provaram ao juiz que nada aconteceu e que Daniele mentiu.
Foi provado em juízo que jamais ofendi a moça. Sobre este fato, houve apenas a palavra isolada, falsa e mentirosa da menina, contra quatro testemunhas idôneas que provaram que nada aconteceu.
Sumiram as imagens das câmeras de segurança, e não existe uma foto ou filmagem sobre as falsas acusações.
O juiz julgou contra as provas concretas, inequívocas e incontestáveis do processo, ignorando a verdade fática e real, incorrendo em grave erro judicial. O juiz ignorou as várias provas de mentiras, má-fé, falso testemunho e denunciação caluniosa que estão no processo a meu favor.
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Convido todos a lerem o processo. Qualquer um do povo vai ver provada a minha inocência.”
