O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, preso nesta quinta-feira (13) na Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em aposentadorias do INSS, da Polícia Federal, recebia R$ 250 mil todos os meses em propinas pagas por meio de empresas e de uma pizzaria, de acordo com a investigação. As diligências fazem parte do escândalo sobre fraudes em descontos em folha de aposentados e pensionistas. Ele já havia sido demitido do cargo em abril após o escândalo de fraudes se tornar público. Com informações do g1.
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Neste caso, os descontos indevidos eram operacionalizados com uma entidade, que pode ter desviado, entre 2017 e 2023, mais de R$ 640 milhões. Por ela, eram feitos convênios com os aposentados. A investigação da PF, que encaminhou documentos ao Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que Stefanutto era peça chave na estrutura de desvios, que se embasava em um Acordo de Cooperação Técnica firmado com o INSS em 2017.
A Polícia Federal interceptou mensagens e chegou até planilhas apreendidas com operadores financeiros. Além disso, foram identificadas ordens de liberação de repasses sem que as devidas filiações fossem comprovadas. Segundo a investigação, isso reforçaria a suspeita de pagamentos mensais a Alessandro Stefanutto.
No esquema, fichas de filiação eram falsificadas, dados falsos eram inseridos em sistemas do INSS, além da distribuição de recursos com empresas de fachada.
Ex-ministro também recebeu pagamentos
O ex-ministro da Previdência no Ahmed Mohamad Oliveira, que comandou o ministério no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, também recebeu pagamentos, de acordo com a investigação. Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira e passará a usar tornozeleira eletrônica.
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Segundo uma planilha de fevereiro de 2023, encontrada pela PF, um pagamento de R$ 100 mil a “São Paulo Yasser” foi encontrado, nome que faria referência a Ahmed, de acordo com a investigação. Também foram encontradas mensagens de Ahmed a Cícero Marcelino, empresário também ligado à entidade, que foi preso nesta quinta-feira, com agradecimentos após o recebimento do dinheiro.
Ahmed também teria autorizado, quando era diretor de benefícios do INSS, o repasse de R$ 15,3 milhões à entidade, sem comprovação de filiações e sem exigir documentos. Assim, a entidade teria conseguido incluir mais de 650 mil benefícios previdenciários.
Quem são os presos
- Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS;
- Antônio Carlos Antunes Camilo, “Careca do INSS”;
- André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios e relacionamento com o cidadão do INSS;
- Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS;
- Thaisa Hoffmann, empresária e esposa de Virgílio;
- Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT);
- Tiago Abraão Ferreira Lopes, diretor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), e irmão do presidente da entidade, Carlos Lopes;
- Cícero Marcelino de Souza Santos, empresário também ligado à Conafer;
- Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior, também ligado à Conafer.
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O que diz a defesa do ex-presidente do INSS
“A defesa do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, vem a público esclarecer que:
- Não teve acesso ao teor da decisão que decretou a prisão dele;
- Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação;
- Irá buscar as informações que fundamentaram o decreto para tomar as providências necessárias;
- Segue confiante, diante dos fatos, de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos relacionados ao caso”.






