O ex-vereador acusado de matar o empresário Luciano Mafassoli, de 47 anos, em Dona Emma, no Alto Vale do Itajaí, foi condenado em júri popular nesta quinta-feira (11). À época, Valdir Siqueira (MDB) ainda era parlamentar quando se envolveu em uma briga com a vítima e outros dois conhecidos por conta do resultado das eleições presidenciais. Foragido desde então, o homem compareceu ao tribunal e saiu do julgamento preso, condenado a 29 anos de reclusão.

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— A mesma faca que o réu usou pela manhã para abater um porco foi a que, à tarde, ele empunhou contra três pessoas. A esposa da vítima fatal estava grávida. O casal já tinha outro bebê, com pouco mais de um ano — lamentou o promotor Lucas Carvalho Mattiola durante a fala dele na sessão.

O ataque ocorreu em novembro de 2022, em um bar no Centro da pequena Dona Emma. Luciano e o réu tinham uma amizade e apostaram R$ 5 mil sobre quem ganharia as eleições: Lula (PT) ou Bolsonaro (PL). Com a vitória do petista, Valdir levou os R$ 5 mil.

Luciano, que tinha uma faixa com a foto de Bolsonaro diante da empresa dele, teria ficado inconformado com o resultado. Ele e dois amigos estavam no bar desde cedo quando, por volta das 14h, o vereador chegou. Ele sentou na parte de fora, enquanto o trio estava perto do balcão, descreveu a Polícia Civil durante a investigação do caso.

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Depois de poucos minutos, o parlamentar foi ao banheiro e na volta cumprimentou os três. Apenas dois deles responderam, enquanto o empresário teria reagido de forma menos amigável. Os dois passaram a discutir e as agressões mútuas começaram.

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Em determinado momento da briga, o vereador teria ido até a caminhonete dele para pegar a faca e ferir a vítima com três golpes. Os outros dois envolvidos também se machucaram, mas sem gravidade. Luciano morreu ainda no estabelecimento.

Valdir fugiu e, apesar de ter sido denunciado ainda naquele ano por homicídio qualificado e duas tentativas, nunca mais foi encontrado. Ele perdeu o mandato por faltas injustificadas às sessões da câmara. Nesta quinta, no entanto, compareceu ao julgamento, que durou 15 horas.

— Um desentendimento político jamais pode justificar a violência. Essa condenação mostra que a sociedade não tolera crimes motivados por ódio, e que o Ministério Público seguirá firme na defesa da vida e da democracia — finalizou o promotor.

O que diz a defesa

Como foi em primeira instância, cabe recurso à pena de 29 anos, 6 meses e 20 dias em regime inicial fechado. Sem direito a questionar a decisão em liberdade, o ex-vereador saiu do plenário detido. O advogado dele, Luís Obregon, mostrou-se revoltado com o resultado. Ele garante que quem começou a briga foram os outros envolvidos e que Valdir agiu em legítima defesa:

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“Se assim não tivesse atuado, hoje quem estaria morto era ele, eis que se defendeu de agressões desenvolvidas por quatro pessoas”, escreveu em nota (leia na íntegra abaixo). O defensor vai recorrer.

A defesa de VALDIR SIQUEIRA, patrocinada pelo advogado LUÍS FELIPE OBREGON, de forma firme se manifesta completamente contrária ao que foi decidido pelo conselho de sentença no caso em comento, uma vez que o entendimento ali aplicado contrariou, frontalmente, a prova colhida nos autos e tudo que foi demonstrado em plenário (mentiras e narrativas que não se sustentam quando confrontadas com as provas). Registro que já foi enviado o competente recurso de apelação, tendo plena convicção de que VALDIR SIQUEIRA será submetido a um novo júri em breve, momento em que, em uma análise correta e lastreada nos fatos (pois a emoção foi o único argumento utilizado pelo Ministério Público), os jurados deverão reconhecer a legítima defesa do acusado que, se assim não tivesse atuado, hoje quem estaria morto era ele, eis que se defendeu de agressões desenvolvidas por quatro pessoas.

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