Uma fiscalização do Ibama e ICMBio que durou dias inspecionou fábricas de palmito em conserva em Blumenau e região. A Operação Euterpe 2025 resultou em multas de R$321,9 mil para algumas empresas, apreensão de palmito e de maquinários utilizados para a produção irregular. A maior parte do alimento apreendido foi destruída, mantendo-se alguns vidros de conservas sob guarda do ICMBio para eventual análise laboratorial.

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As “visitas” ocorreram na semana passada em Ascurra, Blumenau, Botuverá, Brusque, Gaspar, Guabiruba, Ibirama, Pomerode e Rio do Sul. A missão principal era avaliar a cadeia produtiva que utiliza o palmito extraído da palmeira Euterpe edulis, conhecida popularmente como juçara ou palmito-juçara, que integra lista de espécies ameaçadas de extinção elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente.

Todo o trabalho que envolve a comercialização deve obedecer a legislação, incluindo a obrigação de plano de manejo para corte, Cadastro Técnico Federal, Documento de Origem Florestal, entre outros. Conforme os técnicos, grupos organizados utilizam uma rede criminosa que envolve o corte das palmeiras na floresta.

Dependendo da quantidade e do destino final das conservas, o palmito-juçara é entregue diretamente a pequenos bares e restaurantes (normalmente em vidros sem rótulos, envazados em condições sanitárias deploráveis), misturados a conservas de outras espécies de palmeiras (pupunha, açaí, palmeira-real) ou ainda comercializados com documentação falsa ou adulterada.

Na região, essa rede criminosa provoca significativo dano ambiental principalmente a duas unidades de conservação federais: o Parque Nacional da Serra do Itajaí e a Floresta Nacional de Ibirama.

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— Causou indignação muitos locais de fabricação das conservas, com evidente risco de contaminação e potencial insegurança para o consumidor final. Um caos sanitário — disse um dos agentes que participou da fiscalização.

Alguns empreendimentos, no entanto, mantém processos industriais legalizados e foram bons exemplos encontrados. A documentação completa das autuações e dos relatórios será enviado ao Ministério Público e, em vários casos, às prefeituras para a apuração das respectivas responsabilidades sanitárias.

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Sobre a Palmeira-Juçara

A semente e fruto da planta servem de alimento para mais de 68 espécies, entre aves e mamíferos. Tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais dispersores das sementes. Já as cotias, antas, catetos, esquilos, entre outros animais, alimentam-se das sementes e frutos. A exploração ilegal e predatória do palmito ameaça a sobrevivência da espécie e dos ecossistemas associados, principalmente nas Unidades de Conservação.

Risco à saúde

O mais conhecido risco em consumir conserva de procedência duvidosa se refere ao botulismo, causado pela bactéria Clostridium botulinum, que pode se desenvolver em ambientes sem oxigênio, sendo uma doença grave e potencialmente fatal.

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Na produção clandestina de conservas não há controle nem parâmetros técnicos a serem seguidos, o que aumenta o risco de intoxicação do consumidor pela utilização inadequada destes aditivos, além de eliminar qualquer responsabilização em caso de danos pessoais.

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