A família do dentista e servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT/SC), Cezar Maurício Ferreira, busca respostas após ele ser encontrado morto dentro de uma cela da delegacia de São José, no último sábado (19). Ele foi detido na noite de sexta-feira (18) pela Polícia Militar por embriaguez ao volante. Familiares alegam que ele estava, na verdade, sofrendo um infarto no momento da abordagem. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para apurar o caso.

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A PM foi acionada após Cezar bater na traseira de um outro carro, na rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Barreiros. De acordo com relatos dos agentes no boletim de ocorrência que o NSC Total teve acesso, o dentista não conseguiu responder os policiais por “estar aparentemente embriagado”. Ele também não conseguiu fazer o teste de bafômetro, ainda conforme o registro.

O dentista foi autuado por embriaguez e encaminhado à delegacia de São José. No local, segundo relato do policial civil que recebeu a ocorrência, Cezar recusou água e comida, e foi colocado em uma cela. Entre 1h e 3h, já na madrugada de sábado (19), o atendente relatou ter ido às celas para checar a situação dos presos e o dentista respondeu que estava bem.

Às 7h40min, Cezar foi encontrado morto dentro da cela. O Samu foi acionado e constatou o óbito. Segundo o registro da Polícia Civil, um homem que estava preso ao lado do dentista relatou ter ouvido apenas um barulho e voltou a dormir durante a noite.

De acordo com o advogado Wilson Knöner Campos, que representa a família do dentista, o laudo pericial não apontou a causa da morte e determinou a “necessidade de exames complementares”. O resultado de exames de sangue e outras partes de Cezar deve chegar em 15 dias, conforme o advogado.

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Segundo a família, Cezar levava uma vida saudável e não bebia por motivos religiosos (Foto: Redes sociais, Reprodução)

Família diz que dentista estava sofrendo um infarto

A família de Cezar, por meio do advogado Wilson Knöner Campos, argumenta que Cezar estava sofrendo um infarto no momento da abordagem. Conforme a defesa, no momento em que bateu o carro, ele estava saindo de uma padaria onde recém havia feito um lanche.

— O que ele estava passando era por um infarto agudo com os sintomas típicos, inclusive delírios que podem sim ser confundidos com o estado de embriaguez, num primeiro momento. Mas sem odor etílico, sem outros sinais de embriaguez, é absolutamente inaceitável que seja rotulado dessa forma — disse o advogado que defende a família, Wilson Knöner Campos, em entrevista à NSC TV.

O advogado afirma que Cezar tinha problemas cardíacos, levava uma vida saudável e não bebia por motivos religiosos.

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— Ao invés de ir para um hospital receber tratamento, ele foi parar em uma cela fria — afirmou Campos.

A família afirma que não teve acesso aos vídeos da delegacia ou aos registros das entrevistas que deveriam ter sido realizadas com o detido, conforme o advogado. Além disso, os parentes não foram notificados oficialmente sobre a prisão ou a morte.

Agora, defesa irá pedir que o Ministério Público investigue o caso:

— A família não está atrás de um um caça às bruxas, mas entende que, embora o Dr. Cézar não possa mais ser trazido à vida, isso é uma oportunidade de grande reflexão e conscientização das formas que as abordagens acontecem e o tratamento que o abordado tem que ter. Precisamos de uma mudança radical e estrutural para que negligências como esta nunca mais aconteça.

Na noite de segunda-feira (21), a vereadora de Florianópolis, Carla Ayres (PT), informou que protocolou um requerimento na Câmara de Vereadores solicitando explicações junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública. 

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Em nota, a Polícia Civil informou que o Delegado-Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, solicitou um relatório de inteligência da Diretoria de Inteligência (DINT/PCSC) “para que os fatos fossem devidamente apurados, com a máxima urgência”. (confira abaixo a nota completa)

Veja a nota completa da Polícia Civil

“A Polícia Civil de Santa Catarina informa que está investigando as circunstâncias da morte de um homem, na noite de sábado, 19 de julho, após prisão em flagrante realizada pela Polícia Militar.

A vítima teria se envolvido em um acidente de trânsito e foi conduzida pela Polícia Militar à Central de Plantão Policial de São José em razão de indícios de que estaria dirigindo sob efeito de álcool.

Ao tomar conhecimento dos fatos, na tarde de ontem, o Delegado-Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, que solicitou um relatório de inteligência da Diretoria de Inteligência (DINT/PCSC), enviando as informações para a Delegacia Regional de São José, para que os fatos fossem devidamente apurados, com a máxima urgência“.

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Veja a nota completa da Polícia Militar

“A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), por meio do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), atendeu, na sexta, 18 de julho, às 20h35, uma ocorrência na rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Bela Vista, em São José, referente a um acidente de trânsito com apenas danos materiais.

Ao chegar ao local, a guarnição — acionada pelo Copom — foi atendida pelo solicitante, que relatou estar trafegando pela via pública, saindo de uma oficina, quando outro veículo colidiu na traseira de seu carro.

Os policiais, ao conversarem com o outro condutor, perceberam que ele apresentava sinais de embriaguez. A guarnição ofereceu o etilômetro, porém ele não conseguiu realizar o teste. Seguindo os protocolos, foi realizado o auto de constatação, pois o condutor apresentava mais de um sinal de embriaguez.

Diante disso, a guarnição realizou todos os procedimentos de trânsito cabíveis. O veículo do condutor que causou o acidente foi removido ao pátio conveniado, por estar com o licenciamento vencido. A autoridade competente lavrou o auto de prisão em flagrante, e o condutor foi encaminhado à Delegacia de Polícia.

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A PMSC está à disposição para eventuais esclarecimentos sobre a ocorrência citada“.

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