Pouco mais de uma semana após a passagem do furacão Helene, moradores da Flórida, no sudeste dos Estados Unidos (EUA), se preparam para a chegada de um novo furacão. Batizado de Milton, ele se intensificou em poucas horas nesta segunda-feira (7) e evoluiu para a categoria 5, a máxima na escala. A informação é do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) e surpreendeu os meteorologistas.

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Uma das famílias que se prepara para a passagem do fenômeno é a de Katia Sarlet Rezende, de 46 anos. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ela morou por cerca de 20 anos em Florianópolis, capital catarinense, onde teve três filhos: Ayuni Iride Rezende De Lucia, de 21 anos, Jordan John Angelo Rezende De Lucia, de 19, e Liam Joseph Rezende De Lucia, de 18.

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A família mora em Naples, cidade que fica a cerca de duas horas e 46 minutos de distância da área metropolitana de Tampa, que deve ser a mais atingida pelo fenômeno. Lá, a população deu início aos procedimentos de evacuação e longas filas foram registradas na segunda-feira na Interstate 75, rodovia que segue para o Norte do Estado.

Além disso, em Tampa, equipes também se apressam para limpar os destroços deixados pelo Furacão Helene, que deixou um rastro de destruição e 230 mortos em cinco estados norte-americanos. Ele alcançou a categoria quatro, uma a menos do que a já alcançada pelo Milton. Mesmo assim, foi o mais mortal desde o Katrina, em 2005.

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Aulas suspensas e noites em hospital

O furacão Milton deve tocar o solo na Flórida, nos EUA, na quarta-feira (9). O governo já toma medidas para que a população possa se preparar para a chegada do fenômeno, de acordo com Katia.

No domingo (6), os dois filhos mais novos da gaúcha, Jordan e Liam, receberam um comunicado das respectivas universidades, recomendando que os estudantes deixassem o campus e fossem ficar com a família ou amigos. Uma delas, a University of Central Florida, fica em Orlando. A outra, a Embry-Riddle Aeronautical University, fica em Daytona. Ambas as cidades pertencem ao estado da Flórida.

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“Atualizações sobre o furacão Milton: tome providências para deixar o campus agora; Locais de Embry-Riddle Daytona Beach permanecerão fechados até sexta-feira, 11 de outubro”, dizia o comunicado da universidade de Jordan, em Daytona. “Encorajamos fortemente os alunos a tomarem providências para deixar o campus agora. Fique com a família e amigos, se puder”, continuou a instituição.

A faculdade de Liam, em Orlando, também mandou e-mail para os alunos com um alerta: “Embora a UCF Housing permaneça aberta, os serviços do campus estarão fechados. Os alunos são incentivados a voltar para casa na terça-feira à noite, se puderem”.

Ainda conforme os comunicados, os alunos que não conseguirem retornar para a casa da família, podem ficar no campus, mas terão que tomar providências:

“Os alunos que optarem por permanecer na UCF Housing são incentivados a aproveitar os próximos dias para se prepararem. O acesso a energia, wi-fi, comida, água e pessoal da UCF Housing, polícia e assistência médica dependerá das condições da tempestade”, diz o comunicado.

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Na noite desta segunda-feira, os dois retornavam para a casa da mãe, no bairro Ave Maria, em Naples, onde passarão a tempestade juntos.

Já a filha mais velha da gaúcha, Ayuni de Lucia, de 21 anos, terá que dormir no hospital onde trabalha como recepcionista enquanto o furacão se aproxima. Ela passará as noites lá de segunda a quinta-feira (10). Na unidade de saúde, alguns elevadores quebraram devido às tempestades na noite de segunda-feira.

Hospital se prepara, e funcionários trazem pertences pessoais para passar a noite (Foto: Arquivo Pessoal)

Outro ponto relatado pela brasileira é que, na segunda-feira, os moradores do estado norte-americano souberam, pelo noticiário, que os supermercados de uma das principais redes da Flórida irão fechar a partir das 15h desta terça. De acordo com Katia, a medida é para que os próprios funcionários possam se preparar para a chegada do Milton.

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Preparativos para o furacão

A escola onde Katia trabalha como professora de inglês, a Immokalee High School (IHS), está fechada desde segunda-feira, e deve permanecer assim até quinta (9). A instituição, inclusive, virou um abrigo para pessoas que não tem para onde ir, com voluntários que trabalham no acolhimento de pessoas e até de bichos de estimação.

“Escola fecha de segunda-feira até quinta-feira. Por favor, estejam todos seguros e continuem monitorando a comunicação para aberturas de abrigos”, comunicou a escola no domingo. Na segunda, eles mandaram outra mensagem: “Boa tarde família IHS. Abriremos amanhã como abrigo às 16h, se você precisar. Por favor, estejam seguros e todos vocês estão em nossas orações!”.

Em casa, Katia já começou os preparativos para a chegada do furacão.

— A primeira coisa que eu fiz foi juntar todas as coisas que estavam na rua. Eu tinha rede, mesa, cadeira, sofázinho, e tudo isso teve que sair do meu jardim e entrar para dentro casa. Caso contrário, os ventos que estão previstos, entre 128 e 241 km/h, podem levam leva tudo que estiver lá fora — explica.

Para ela, o cancelamento das aulas nas escolas e universidades foi vital para que as famílias pudessem se preparar.

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— Fazer essa preparação inicial é muito importante. Ter pilha e rádio Am Fm, porque normalmente ficamos sem sinal de celular e sem televisão, já que a luz acaba. A gente nem tem como saber se a tempestade já passou ou não — conta.

Ela também relata que muitos moradores já estão colocando nas janelas os chamados “hurricane shutters“, que são painéis de aço que tapam os vidros das residências para evitar que algo venha voando e quebre o vidro.

— Provavelmente, telhas vão voar e árvores vão cair — diz.

Outra medida de precaução é encher o tanque de gasolina, o que Katia fez no domingo. Isto porque, nesses momentos, o combustível tende a faltar quando as pessoas precisam evacuar e ir de uma cidade para a outra.

— Quanto mais perto estamos do furacão, menos tem gasolina. Já está muito difícil de achar. Muita gente está tendo que dirigir 50 ou 100 quilômetros para conseguir achar um posto onde tem gasolina. Por isso, o cancelamento das aulas foi muito importante para que os alunos e as famílias possam se preparar. Eu, por exemplo, levei um dia e meio para conseguir água potável, gasolina e retirar os móveis — compartilha.

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Ela diz também que o mais importante, nesse momento, é ter água potável em casa. Quando os supermercados abriram no domingo, ela já garantiu o estoque de alimentos não perecíveis.

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Dia do furacão

Katia conta que, quando o furacão chegar e a luz acabar, tudo ficará escuro. Por isso, há a necessidade de pilhas, lanternas, velas e rádio.

— A gente fica sem luz, então não tem como ver o que está acontecendo lá fora. O procedimento é ficar na parte interna da casa, de preferência longe de janelas, e esperar passar. E aí, sim, quando acabar, a gente vai para a rua ver os danos — explica.

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Ela diz que é necessária paciência, além de rezar muito, porque também há chance de tornado.

— Quando vem esses furacões, especialmente no lado sul do furacão, que é onde nós vamos estar, tem muita probabilidade de tornado. Até carros, barcos saem voando. Já teve até iates que saíram do mar e foram jogados no meio da terra. É uma coisa que quem não passou, não consegue nem imaginar, mas acontece de verdade — diz.

Algumas áreas já foram evacuadas completamente por ordem do governo. Caso as pessoas não obedeçam, o aviso é que, se o morador tiver algum problema e precisar de resgate, será o último atendido pelas equipes de socorro, uma vez que foi avisado previamente para deixar o lugar.

“Apreensivos”

Esse não é o primeiro furacão pelo qual a família passa na Flórida.

— A gente já passou por vários, mas o que nos pegou realmente foi o furacão Irma, há alguns anos. A gente sempre fica um pouco apreensivo, mas tendo passado por um a gente já fica um pouco mais tranquilo. É pior para quem nunca passou — compartilha.

Ela relembra que após o Furacão Irma, em 2018, ao remover os painéis de aço das janelas e sair de casa pela primeira vez, viu árvores caídas, pontos de alagamentos e até peixes no meio da rua, que haviam voado do mar. O local fica a aproximadamente 128 quilômetros da praia.

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— O poder da natureza realmente é uma coisa que a gente não não se dá conta, a não ser que você passe por isso — diz.

Incertezas e insegurança

Ainda não há certeza em que região, especificamente, o furacão encostará no chão.

— A gente ainda não sabe onde ele vai cair. Se ele for mais para o Norte, vai ser uma coisa para nós, mas se ele for mais para o Sul, vai ser outra. A gente fica nessa insegurança — conclui Kátia.

*Com informações do g1

**Sob supervisão de Luana Amorim

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