Por muito tempo, Dorival Júnior ficou remoendo sua saída do Flamengo no final de 2018, depois de levar o time ao vice-campeonato brasileiro. Martelava na cabeça do treinador, sobretudo, o fato de que ele poderia ter dirigido a equipe no começo de uma das eras mais vitoriosas do clube carioca, iniciada com o título da Libertadores de 2019.

Continua depois da publicidade

Receba notícias do DC via Telegram

Dorival levou quase quatro anos para superar a frustração. Nesta quarta-feira (19), ele enfim conquistou o seu primeiro título à frente da agremiação rubro-negra, ao derrotar o Corinthians na final da Copa do Brasil, no Maracanã. Os times empataram por 1 a 1 no tempo regular, com gols de Pedro para o clube rubro-negro e Giuliano para o elenco corintiano, levando a partida para os pênaltis, onde o Flamengo saiu triunfante por 6 a 5.

Em sua terceira passagem pela Gávea, o comandante foi o principal responsável por resgatar a confiança dos atletas depois de um início de temporada ruim, que resultou na demissão do português Paulo Souza, em julho, quando o time ocupava apenas a 14ª posição do Brasileiro. Ele também havia sido derrotado nas decisões do Campeonato Carioca e da Supercopa do Brasil.

Era um momento complicado para se assumir a responsabilidade de dirigir um dos elencos mais caros do país. Mas era justamente isso o que Dorival queria. Nas duas passagens anteriores, sobretudo a primeira, iniciada em julho de 2012, ele enfrentou tempos de vacas magras — a saída dele em março de 2013, por exemplo, ocorreu por não aceitar uma redução salarial proposta pelo então presidente Bandeira de Mello.

Continua depois da publicidade

Ele voltaria ao clube em setembro de 2018 para tentar levar a equipe à conquista do Nacional. Apesar de ter um bom aproveitamento, com sete vitórias, três empates e duas derrotas, acabou com o vice daquele ano, superado pelo Palmeiras.

Em dezembro, com a mudança de diretoria, acabou demitido por Rodolfo Landim. Abel Braga foi escolhido pelo novo mandatário. A passagem dele duraria até maio. No mês seguinte, Jorge Jesus foi contratado.

Com o português, o Flamengo viveu tempos de glória. Ganhou cinco títulos, entre eles a Libertadores. Mas, após sua saída, em 2020, quatro técnicos passaram pela Gávea sem repetir o mesmo sucesso. Dorival é o sétimo da gestão Landim, sem contar os interinos.

Entre sua segunda passagem e o seu retorno à Gávea, além de passar por Athletico-PR e Ceará, viveu um momento difícil em sua vida particular. Em março de 2019, o técnico soube que tinha um câncer de próstata.

Continua depois da publicidade

Conforme contou à Folha de S.Paulo em dezembro daquele ano, ao saber da notícia ele teve uma reação tão prática quanto possível diante da situação.

— Meu único pensamento foi: ‘vamos resolver logo isso, então’.

Foram cerca de sete meses entre o diagnóstico e a cirurgia para retirada do tumor, em 1o de outubro. Até a data do procedimento, ele escondeu o diagnóstico de colegas do futebol, imprensa e torcedores.

Na época, como disse ao jornal, ele não pensava em morte. A confiança de Dorival na recuperação se deu, em parte, porque o câncer foi descoberto no início.

— Pegar [a doença] no início ajudou bastante e eu já fazia acompanhamento. Mesmo antes da confirmação eu tinha certeza que não seria algo tão ruim assim. Foi o que aconteceu. Por isso que a prevenção é fundamental.

Continua depois da publicidade

Desde sua volta ao futebol, o trabalho no Flamengo foi o que recolocou o treinador no cenário nacional. Ele, inclusive, já teve seu nome cogitado para assumir a seleção brasileira após a Copa do Mundo, quando Tite deixará o comando do elenco.

Por enquanto, porém, o técnico não quer saber disso. Só quer saber em curtir o título da Copa do Brasil, o segundo de sua carreira — em 2010, ele venceu o torneio pelo Santos.

Os jogadores flamenguistas, contudo, terão pouco tempo para comemorar. Afinal, no próximo dia 29, o time carioca terá outra decisão pela frente, com a final da Copa Libertadores, em jogo único, diante do Athletico-PR.

*Por Luciano Trindade

Leia mais

Torcedor de SC que tatuou camisa do Flamengo pensa em nova homenagem

O último Messi para as Copas

Destaques do NSC Total