Há quase 300 anos, quando o militar, engenheiro e administrador colonial português José da Silva Pais, primeiro governador de Santa Catarina, idealizou as fortalezas que são um ponto turístico da ilha, Florianópolis não se parecia em nada com o que é hoje. Inclusive, essas construções foram determinantes para que a região se desenvolvesse da forma como aconteceu, pois eram pontos estratégicos de defesa, controle de entradas e saídas, postos alfandegários e também de controle sanitário.
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Sob gestão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as fortalezas do “triângulo de fogo” — Santa Cruz de Anhatomirim desde 1979, e São José da Ponta Grossa e Santo Antônio de Ratones desde 1990 — passaram por processos de restauração e hoje são centros de cultura, que podem ser visitados pelo público. Existem ainda, no centro da cidade, o Forte Santana e o Forte de Santa Bárbara, que abriga o Centro Cultural da Marinha.
A magia que molda a história de Florianópolis ainda respira
— Esses são os que estão de pé. A fortaleza Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na ilha de Araçatuba, que fica entre a Praia do Sonho e a Ponta de Naufragados, no sul da ilha, está em ruínas e é um local de difícil acesso para restauração, mas existem projetos para isso. Costumo dizer que esse é o elo que falta para completar a restauração das nossas fortalezas — diz Roberto Tonera, arquiteto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do projeto “Restauração das Fortificações Catarinenses” junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Muitas ruas do centro da cidade, como a Esteves Júnior, foram abertas para dar acesso a fortificações que ficavam na atual Avenida Beira-mar Norte e, com a realização de pesquisas arqueológicas mais profundas, Tonera acredita que seriam encontradas estruturas e materiais da época, como já aconteceu no ponto que hoje é a praça Esteves Júnior: lá se localizava o antigo Forte São Francisco Xavier e, em obras realizadas no fim da década de 1990, foram encontrados três canhões ingleses da época do rei Jorge II, da Inglaterra.
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Investimento para o futuro
Durante a pandemia, as fortalezas administradas pela universidade ficaram fechadas, e o forte São José da Ponta Grossa passou por uma obra de requalificação finalizada em fevereiro deste ano. Agora, o projeto para requalificação da fortaleza de Anhatomirim foi aprovado pelo BNDES com orçamento de R$ 50 milhões e, nos próximos três anos, Tonera coordena as atividades de restauração não só do espaço físico, mas também de ações de economia criativa.
— São 25 subprojetos nas áreas de fotografia, teatro, música, gastronomia, valorização do patrimônio imaterial, acessibilidade, educação patrimonial e ambiental. Um conjunto de fortalezas brasileiras que incluem as de Santa Catarina concorrem ao título de patrimônio da humanidade da Unesco, e esse nosso projeto une patrimônio material, imaterial e ambiental.
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Esse investimento por meio do BNDES, segundo Tonera, deve impulsionar as três fortalezas geridas pela universidade em seu desenvolvimento como museus a céu aberto e como equipamentos culturais para a cidade. Por meio de um projeto ainda em estudo pela Prefeitura de Florianópolis, o arquiteto diz que a ideia é viabilizar o acesso às fortificações por meio do transporte marítimo com tarifa urbana, permitindo que os moradores da cidade e grupos escolares façam essa visita.
— Hoje, a visita às fortalezas é um passeio muito feito como turismo. Queremos intensificar o potencial cultural e educacional delas.
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Declaradas Patrimônio Histórico nacional em 1938 e estadual em 2020, as fortalezas são grandes centros de cultura e memória de Santa Catarina. Entre as comemorações do aniversário de Florianópolis, está também a reinauguração da fortaleza Santo Antônio de Ratones, em 27 de março.
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