O primeiro pontífice latino-americano, papa Francisco, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após lutar por meses contra uma pneumonia. Nascido na Argentina em 17 de dezembro de 1936, cresceu em Buenos Aires, ensinou literatura na década de 60 e foi pároco em uma região de periferia da cidade. Fotos antigas mostram parte dessa trajetória extensa.

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Veja fotos antigas do papa Francisco

Filho do contador Jorge Mario Bergoglio e da dona de casa Regina Sivori, imigrantes do Piemonte, o papa chegou a ser diplomado como técnico químico, mas logo escolheu ser padre e entrou no seminário diocesano.

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Depois disso, em 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Cinco anos depois, o papa se tornou licenciado em filosofia e deu aulas de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé e no Colégio do Salvador, por três anos. Francisco também possui licenciatura em teologia. 

Antes de terminar os estudos, Francisco já havia se tornado sacerdote.

Na Igreja, foi em 2001, na crise econômica atingiu duramente a Argentina, o então arcebispo de Buenos Aires foi criado cardeal. Doze anos mais tarde, em 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio foi eleito Sumo Pontífice.

Na época, entre os primeiros a entrevistar o novo cardeal na época estava Gianni Valente, jornalista da revista mensal “30Giorni”, de editoria geopolítica eclesiástica. Durante o encontro, Bergoglio também relatou o sofrimento do povo argentino, analisando as causas da crise. Em matéria publicada pelo Vaticano News, Valente lembrou como foi conversar com Bergoglio.

— Alguns prelados fizeram parte de uma comissão chamada para dar conselhos, para pôr em marcha toda a rede de apoio caritativo para atender às necessidades do povo. Naturalmente Bergoglio participava dessa mobilização por parte da Igreja. Durante a entrevista, o futuro Papa destacou como o modelo econômico havia tornado o trabalho supérfluo. A economia especulativa não sabia mais o que fazer. Fiquei particularmente impressionado com uma imagem da sua história, aquela dos muitos que haviam perdido um emprego e que, falando com o então arcebispo de Buenos Aires, lhe confidenciavam como às vezes choravam por causa disso, mas sempre à noite. Em segredo dos filhos, depois de tê-los colocado na cama. Não posso esquecer a sua sensibilidade em compreender essa característica tão íntima do sofrimento de tantos pais e mães de família — comentou.

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No mesmo ano em que chegou ao Vaticano, em 2013, Francisco iniciou uma campanha em defesa dos gays ao proferir a frase: “se um gay aceita o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-lo?”. O problema, para ele, eram os “lobbies que agem contra os interesses da Igreja”.

Alguns anos depois, o discurso do papa continuou trazendo controvérsias para a Igreja Católica. Em uma fala, Francisco disse que era necessário pedir perdão aos povos marginalizados, como LGBTs, pobres, mulheres e crianças exploradas, e também “por haver abençoado muitas armas”.

Até o ateísmo foi citado algumas vezes pelo pontífice, de forma positiva. Em algumas ocasiões, o papa falou sobre como ateus também “vão para o céu”.

Entretanto, em relação aos homossexuais, o papa também teve falas polêmicas com insultos à comunidade. Em um encontro, o pontífice teria usado a palavra “frociaggine”, que é um termo vulgar italiano que pode ser traduzido como “bichice” ou “viadagem”. Ele complementou ainda que homens com “tendências homossexuais” não recebem permissão para entrar em seminários.

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Pioneiro

Para além das polêmicas, o papa Francisco também foi o primeiro em muitos âmbitos. Primeiro papa nascido no continente americano, o primeiro do hemisfério sul, o primeiro não europeu em 1,2 mil anos e, também, o primeiro papa jesuíta.

Bergoglio foi escolhido como papa depois de dois dias de conclave, a reunião dos 155 cardeais do Colégio para decidir o novo líder da Igreja. Depois de ser escolhido, ele falava abertamente, sem papas na língua, sobre as denúncias de abuso contra crianças cometidos por padres. Para ele, abusar de crianças “é uma doença” e os membros deveriam ser melhores escolhidos.

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