No início dos anos 2000, a administração de Dubai começou a investir em grandes projetos imobiliários como uma forma de reduzir a dependência do petróleo como principal fonte de recursos. Assim, nasceu o The World (“O Mundo”), um conjunto de 300 ilhas artificias em Dubai, que recebeu investimento inicial de 12 bilhões de libras, cerca de R$ 68,5 bilhões na cotação atual. Destinadas a milionários, essas ilhas simbolizavam a visão inovadora e audaciosa da cidade, porém, o projeto acabou sendo abandonado na costa da luxuosa cidade.
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O projeto The World surgiu em 2003, e como o próprio nome diz, as ilhas foram distribuídas para formar a silhueta do mapa mundi. Seus tamanhos deveriam variar de 1,4 a 4,2 hectares e para construir esse empreendimento, foram usados 321 milhões de m³ de areia e 386 milhões de toneladas de pedra, abrangendo uma área aproximada de 54 quilômetros quadrados.
Para os milionários, era tentadora a ideia de ser o proprietário de uma mansão em uma ilha artificial em Dubai. Não é à toa que mais da metade dos terrenos foram vendidos antes mesmo da obra ser concluída. Contudo, apesar de 60% do complexo ter sido, de fato, vendido, o projeto está parado há anos, e as ilhas abandonadas estão afundando na orla.
Apenas quatro ilhas foram desenvolvidas e uma delas, inclusive, é sede do projeto piloto que foi entregue ao jogador de futebol Cristiano Ronaldo.
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Projeto se tornou inviável
Segundo a reportagem publicada no Portal Click Petróleo e Gás, um dos fatores que tornou o projeto inviável foi o seu isolamento do continente. Isso porque a viagem entre as ilhas artificiais do The World e a cidade de Dubai podia ser feita por via marítima, prejudicando a mobilidade e sendo um fator de desvalorização do projeto imobiliário.
Ao comparar o The World com o Palm Islands (dois arquipélagos em formato de palmeira construídos em 2001 e 2002) se entende a inviabilidade deste primeiro complexo. Isso porque, por exemplo, na famosa ilha artificial da Palmeira Jumeirah, há uma ponte que conecta o arquipélago ao continente, o que possibilitou que os terrenos se desenvolvessem. Hoje, este complexo possui marinas, resorts de férias, 4 mil habitações e grandes hotéis e centros comerciais, diferente do que ocorreu no The World.
Erosão marítima
Além dos bilhões de investimentos perdidos no The World, outro problema do abandono do arquipélago é que está acelerando o aparecimento dos primeiros sintomas de erosão nos canais que circulam as ilhas e na silhueta, transformando-as em terraços desertos de areia.
Com a crescente crise climática, esses tipos de iniciativas são colocados à prova. De acordo com informações do Greenpeace, as ilhas artificiais de Dubai estão afundando a uma taxa de 5 mm por ano.
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A empresa Nakheel Properties, que é a atual responsável pelo projeto, indicou em diversas ocasiões que o projeto The World continua e que eles buscam recursos para seguir em frente.
Veja fotos das ilhas artificiais
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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