O tradicional Açude Belinzoni, localizado em Araranguá, no Sul de Santa Catarina, atualmente é a principal fonte de abastecimento hídrico do município. O manancial surgiu com a chegada de uma família do Rio Grande do Sul no século passado. Nos últimos anos, o local foi revitalizado e passou a ser também um ponto turístico da cidade. 

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O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), junto à prefeitura de Araranguá, é responsável pelo local. O açude ocupa uma área de mais de 2,5 hectares, no bairro Urussanguinha. O manancial conta atualmente com um parque no seu entorno, uma vegetação preservada pelo município, além de uma fauna diversificada, incluindo patos e tartarugas. 

A família que deu nome ao açude

Em 1937, o comerciante de farinha de mandioca Carlos Belinzoni, de Porto Alegre (RS), passou a comprar matéria prima na cidade de Araranguá. Já três anos depois, em 1940, o empresário desembarcou de vez no município junto a sua família, após a aquisição de um terreno às margens do Rio Araranguá.

Após alguns anos, Carlos passou parte das atividades ao filho, Walter Belinzoni, que chegou à cidade para administrar uma filial do empreendimento. Em meio ao sucesso dos negócios, Walter se casou com Maria Barbosa, uma portuguesa que morava na região desde os 14 anos de idade. 

O casal se estabeleceu definitivamente na cidade das avenidas, como é apelidado o município catarinense, em 1956. Posteriormente, a família adquiriu a área onde estava instalada uma fecularia e o açude. O estabelecimento ficava situado em uma área remanescente da Mata Atlântica, sendo cercado por um pântano. 

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Já fixados no local, os Belinzoni então iniciaram as mudanças e revitalizações no antigo lago. O escritor padre Dall”Alba, conta no livro “Histórias da Grande Araranguá” que o açude já existia, porém, já havia transbordado por conta de uma represa composta de madeira e terra, que foi substituída por uma muralha de pedra.  

Após isso, foi realizada a limpeza do manancial, com a remoção de juncos — planta florífera —, troncos de árvores e galhadas. O serviço era executado muitas vezes pelos próprios funcionários do Engenho Belinzoni, que ficava localizado nas proximidades do açude. A obra foi comandada por Maria. 

Desde a chegada à localidade, a família preservou a mata nativa e as nascentes na propriedade. Assim, rapidamente o corpo hídrico atingiu um volume considerável, sendo suficiente para possibilitar fluidez à roda d’água do engenho. 

Em 1985, os Belinzoni cederam sem custos o direito de captação de água para o consumo público, além de providenciarem revegetação da área do entorno, antes utilizada para o cultivo de mandioca. Atualmente, um dos pontos mantidos da época, é uma chaminé de tijolos, que se tornou um cartão-postal, sendo vista em diversas fotos de visitantes.

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Walter teve também forte participação na política de Araranguá, sendo prefeito entre 1951 e 1956, além de cumprir um mandato como vereador, de 1959 a 1963. Como homenagem, Walter Belinzoni nomeia também uma rua que se estende da beira-rio até o açude, ligando os dois antigos polos industriais da família.

Veja fotos antigas do açude

Como está o manancial atualmente

De acordo com o Samae, o manancial é o principal manancial urbano de abastecimento de água do município. O açude é responsável pelo abastecimento de aproximadamente 50% das casas do município durante o inverno e cerca de 40% no verão. 

Em 2023, a administração municipal inaugurou o parque ecológico Belinzoni, com uma área de 120 mil metros quadrados, composta por vegetação e mais de dois quilômetros de trilha pela mata. Já no ano seguinte, em 2024, foi enfim inaugurado o deck do açude Belinzoni, com espaço de contemplação, assentos, mesas, letreiros e símbolos temáticos, bicicletários, entre outras estruturas.  

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Rodeado de fauna e flora peculiares, uma água que geralmente é vista com a tonalidade verde, além de um espaço de convivência, o local hoje é um ponto de encontro e visitação em Araranguá. Ainda em 2025, a área deve contar com um parque temático de dinossauros. 

Fotos recentes mostram evolução

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