A maioria das vítimas da gangue suspeita de traficar mulheres para a Irlanda era catarinense, de acordo com o delegado regional Farnei Franco Siqueira. A Polícia Federal (PF) estima que o grupo lucrava o valor bruto de R$ 100 mil por mês com cada vítima. A organização criminosa foi alvo da Operação Cassandra, nesta quarta-feira (3), em cidades de Santa Catarina e mais seis estados, além da Irlanda.
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Conforme o delegado, as mulheres eram aliciadas em baladas por integrantes da organização. Depois de convencê-las, o grupo pagava passagens e as mandava para o exterior, onde ficavam alojadas e eram exploradas sexualmente em casas pré-estabelecidas e por meio de anúncios na internet. Ainda de acordo com a investigação, as vítimas recebiam parte do lucro da exploração, enquanto o restante ficava com o grupo criminoso.
— As vítimas tinham conhecimento, mas elas eram colocadas em uma situação degradante, em que elas não se viam com outra alternativa, que não trabalhar nessa forma de exploração. No momento que elas chegavam no exterior, claro, tinha a questão do lucro, mas tinha uma série de situações que elas ficavam em uma situação de verdadeira prisão — disse o delegado, à imprensa.
Os alvos da ação da PF eram todos brasileiros, responsáveis pela mediação e remessa das mulheres. Eles também são suspeitos de lavar dinheiro através da aquisição de bens, veículos e imóveis, além investimentos em empresas e criptoativos, conforme o delegado.
As autoridades brasileiras foram acionadas pela polícia da Irlanda após algumas das vítimas denunciarem a exploração, conforme o delegado. Os anúncios na internet auxiliaram na coleta de evidências. Não há vítimas desaparecidas, de acordo com a PF.
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Agora, a polícia apura a lavagem de dinheiro e busca levantar o montante que o grupo recebeu com a exploração das mulheres. Uma nova etapa, a cargo das autoridades na Irlanda, irá identificar as vítimas e prover um destino para elas. Até agora, 70 foram identificadas.
Operação Cassandra
A Operação Cassandra, na manhã desta quarta-feira, teve como alvo uma organização criminosa suspeita de crimes de tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual, rufianismo, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional e tributários. Mandados de prisão preventiva e busca e apreensão foram cumpridos em Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu e Camboriú.
A PF também esteve em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso, além da Irlanda.
As investigações apontam que o grupo criminoso atua desde 2017 e é especializado no tráfico internacional de mulheres para exploração sexual, exercendo “rígido controle sobre as vítimas”, conforme a PF.
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De acordo com a investigação, os pontos de prostituição eram na Irlanda. Nenhum local de buscas no Brasil é de prostituição, e sim de lavagem de dinheiro. O grupo também cometia fraudes documentais e crimes financeiros, conforme a corporação.
A Operação Cassandra foi cumprida com o apoio da Receita Federal e cooperação internacional com a EUROPOL e a Garda National Protective Services Bureau, da Irlanda, que simultaneamente deflagrou a Operation Rhyolite, voltada a apurar crimes praticados pelo mesmo grupo criminoso naquele país.
No Brasil, foram mobilizados 120 policiais federais e sete servidores da Receita Federal para dar cumprimento a cinco mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso. Além dos mandados, a Justiça Federal também decretou 13 medidas restritivas de direitos. Na Irlanda, estão sendo cumpridas três prisões e diversos mandados de busca e apreensão em residências de investigados e estabelecimentos ligados à organização criminosa.
Veja fotos das apreensões
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