No Dia Mundial do Doador de Sangue, nesta quarta-feira (14), o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) alerta para os baixos estoques no Estado, principalmente do sangue tipo O-.
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— Assim que chega o inverno, as doações reduzem significativamente. Neste ano, o período mais frio tardou a chegar, mas o estoque já caiu. Ontem [segunda, 12], foi um dia chuvoso e várias pessoas que marcaram [de doar] não vieram. Uma cadeira vazia representa uma bolsa de sangue a menos — explica a diretora-geral do Hemosc, Patrícia Carsten.
É por causa dos doadores que a dona Maria Salete Damázio, 69 anos anos, segue viva. Diagnosticada com anemia crônica, condição que a torna deficiente de hemácias, há 12 anos ela frequenta o Hemosc para realizar transfusões sanguíneas. Ela conversou com o NSC Total horas depois de receber duas bolsas de sangue, como faz a cada 10 ou 13 dias.
— Acabei de receber meu combustível. Hoje recebi 647 ml de sangue, que vai durar até o dia 27 — brinca ao atender o telefone.
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No começo, era uma bolsa a cada quatro ou cinco meses. Com o passar dos anos, passou a precisar com mais frequência. Sem o sangue doado, não pode fazer coisas básicas do dia a dia, como fazer as tarefas de casa, falar e respirar sem dificuldade. Sem o sangue doado, dona Salete, como prefere ser chamada, não teria qualidade de vida.
— São essas pessoas [doadores] que me ajudam a viver com tranquilidade. Se não fosse por eles, eu com certeza não estaria mais aqui.
Leonel Camasão, um homem bissexual de 36 anos é uma dessas pessoas. Ele vibrou ao abrir o jornal, em junho de 2020, e ler que “finalmente” poderia doar sangue. Naquela ocasião, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou inconstitucional que homens gays, bissexuais e mulheres trans sejam impedidos de doar sangue.
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A mais alta corte do país considerou as então regras da Anvisa e do Ministério da Saúde discriminatórias. No dia seguinte, o jornalista e ativista LGBT foi até o Hemosc realizar o desejo de ajudar algum desconhecido.
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— Doar sangue é ajudar as pessoas. A gente nunca sabe quando vai precisar. É uma coisa simples, rápida e fácil que pode salvar vidas. O preconceito é um desperdício — diz.
Com mais de 20 mil seguidores no Instagram, assim que saiu do banco de doações fez um post. No dia seguinte, uma série de homens gays e bissexuais, que descobriram que também podiam doar através do seu perfil, mandaram mensagem orgulhosos para ele mostraram que também ajudaram a salvar vidas.
O sangue que corre nas veias desses e de todos os doadores faz parte do sangue da dona Salete.
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— Parabéns a todos os doadores. Você são meus heróis!
Mas, para além do herói doador, há uma “Liga da Justiça” na vida dela, que é considerada a “borboletinha do Hemosc”, a “prata da casa” e a “irmã” dos profissionais que trabalham na instituição.
— Eu adotei eles, os profissionais de saúde e funcionários do Hemosc, como minha família.
Antes de encerrar a entrevista, dona Salete faz um pedido ao NSC Total:
— Por favor, quero que você escreva o quão grata sou à família Hemosc!
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Estoque do sangue O- está crítico
Todo dia o Hemosc atualiza, por meio do site da instituição, dados do banco de sangue. No momento de conclusão desta reportagem, o sangue tipo O- está em alerta, A- reduzido, A+, B-, AB- e O+ estão estáveis, ao passo que apenas B+ e AB+ estão com nível adequado.
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Em Santa Catarina, segundo dados de 2022 da Hemorrede, apenas 9% da população tem o tipo “O-“, o que reduz a probabilidade de um grande estoque. Ainda existe o fato de que o “O-” é considerado “doador universal” — em caso de emergência, pode doar para qualquer pessoa.
Como doar
A doação é feita em quatro etapas: cadastro; pré-triagem; triagem e coleta. Os requisitos para doar são vários:
- Ter idade entre 18 e 69 anos, 11 meses e 29 dias
- Doadores com idade de 16 e 17 anos de idade, são aceitos para doação mediante a presença e autorização formal dos pais e/ou responsáveis legais;
- O limite de idade para primeira doação é 60 anos;
- O candidato à doação deve estar em boas condições de saúde, sem feridas ou machucados no corpo;
- Pesar acima de 50 kg (com desconto de vestimentas);
- Apresentar documento original com foto atualizada, que permita a identificação do candidato, emitido por órgão oficial;
- Ter repousado bem na noite antes da doação;
- Evitar o jejum. Fazer refeições leves e não gordurosas, nas três horas que antecedem a doação;
- Evitar uso de bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas;
- Evitar vir acompanhado com crianças, sem acompanhantes.
Além disso, pessoas com estas condições devem aguardar para doar:
- Quem fez algum tipo de procedimento dentário – de 1 a 30 dias (de acordo com o procedimento);
- Quem recebeu transfusão de sangue e ou parceiros (as) de pacientes que receberam sangue ou fazem hemodiálise – 1 ano;
- Tatuagem, micropigmentação, maquiagem definitiva e piercing – de 6 meses à 1 ano (passará por avaliação);
- Piercing em cavidade oral ou região genital – 1 ano após a retirada
- Tiver algum desses sintomas (gripe, tosse, dor de garganta, rinite, febre, resfriado) – 7 dias após a cura;
- Diarreia – 1 semana após último episódio;
- Tiver alguma infecção não tratada ou em tratamento – 15 dias após cura;
- Herpes labial – após a cicatrização total da lesão;
- Aborto ou parto normal – 3 meses;
- Cesárea – 6 meses;
- Amamentação – liberado quando a criança tiver 1 ano;
- Cirurgia – pode variar de 1 à 12 meses;
- Doenças em geral – passará por avaliação na triagem;
- Fez ou faz uso de algumas drogas ilícitas, aguardar 12 meses sem o uso para doar, exceto no caso de maconha que o período de inaptidão é 12 horas e drogas injetáveis que a inaptidão é definitiva;
- Gestantes ou mulheres que amamentam bebês, aguardar criança completar 1 ano;
- Mantém relações sexuais de risco ou com parceiro ocasional ou desconhecido (quando não há uma relação de compromisso): aguardar 12 meses após o último contato sexual;
- Parceiro fixo (quando há uma relação de compromisso há mais de 06 meses): com uso de preservativo, está apto para a doação. Sem uso de preservativo, aguardar 03 meses após o primeiro contato sexual;
- Vacinação: Brucelose, Cólera, Coqueluche, Difteria, Febre tifóide, Hemophillus influenzae, Hepatite A, Hepatite B recombinate, HPV, Influenza H1N1, Leptospirose, Meningite, Peste, Pneumoco, Pólio (Salk) e Tétano – 48 horas;
- Vírus inativado (CORONAVAC/Sinovac/Butantan) = 48 horas após cada dose.
- Vetor viral não replicante (AstraZeneca-Oxford/Fiocruz, Pfizer/Biontech e Janssen/Johnson&Johnson) e quando aprovada a Sputnik V = 7 dias após cada dose.
- BCG, Caxumba, Febre amarela, Influenza, Pólio oral (Sabin), Rubéola, Sarampo, Varicela e Varíola – 4 semanas;
- Raiva após exposição com animal – 1 ano;
- Quem fizer uso de medicações (trazer sempre o nome de qualquer medicamento que tenha feito uso);
- Antibiótico: apto após 15 dias do uso e com cura da infecção;
- Quem teve convulsão só poderá doar sangue após 3 anos da última crise e término do tratamento medicamentoso.
- Pessoas que tenham realizado viagem de avião com duração de 4 horas ou mais, ficam inaptas para a doação por 7 dias após o retorno da viagem;
- Pessoas candidatas à doação de sangue com diagnóstico ou suspeita de covid e que apresentaram doença sintomática, mesmo nos casos leves/moderados, deverão ser consideradas inaptas por um período de 10 dias após a completa recuperação (assintomáticas e sem manifestações clínicas prolongadas que contraindiquem a doação);
- Pessoas candidatas à doação de sangue que apresentaram um teste diagnóstico para SARS-CoV-2 (por exemplo, teste PCR ou pesquisa de antígenos em swab de nasofaringe) positivo, mas permanecem assintomáticas, deverão ser consideradas inaptas pelo período de 10 dias da data da coleta do exame;
- Pessoas candidatas à doação de sangue que tiveram no período de transmissibilidade (nos últimos 10 dias), contato próximo (a menos de um metro de distância, por no mínimo 15 minutos, com um caso confirmado sem ambos utilizarem máscara ou utilizarem de forma incorreta; teve contato físico com um caso confirmado; é profissional de saúde que prestou assistência em saúde ao caso de covid-19 sem utilizar equipamento de proteção individual (EPI) ou com EPI danificado; seja contato domiciliar ou residente na maesma casa/ambiente de um caso confirmado), deverão ser consideradas inaptas por 7 dias após o último contato com essas pessoas;
- Pessoas candidatas à doação de sangue que permaneceram em isolamento voluntário ou indicado por equipe médica devido a sintomas de possível infecção pelo SARS-CoV-2 deverão ser consideradas inaptas pelo período que durar o isolamento. O isolamento poderá ser suspenso no 5º dia completo do início dos sintomas, desde que permaneça afebril sem o uso de antitérmicos há pelo menos 24 horas e com remissão dos sintomas respiratórios e com o resultado não detectado para RT-PCR ou não reagente para Teste Rápido de Antígeno (TR-Ag) realizado no 5º dia completo do início dos sintomas.
- Doadores que apresentem qualquer sinal ou sintoma de processo infeccioso, como febre ou diarreia, até 14 (quatorze) dias após a doação, devem comunicar o serviço de hemoterapia onde realizaram a doação, como forma de redução do risco de transmissão transfusional.
- Dengue: inapto temporário por 4 semanas após a cura.
- Dengue hemorrágica: sem transfusão inapto temporário por 6 meses após a cura.
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E, pessoas que tiveram estas doenças, não podem doar:
- Hepatite após os 11 anos de idade;
- Lepra (Hanseníase);
- Hipertireoidismo e tireoidite de Hashimoto;
- Doença auto-imune;
- Doença de Chagas;
- AIDS;
- Problemas cardíacos (necessita avaliação e declaração do seu cardiologista);
- Diabetes;
- Câncer.
Confira o passo a passo para doação de sangue
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