Considerado o “hobby dos reis”, a numismática é a ciência que se dedica ao estudo de moedas, medalhas e outros objetos monetários. A Sociedade Numismática de Joinville (SNJ) celebra e conserva a história de moedas há quase 80 anos. Entre os itens do acervo, estão moedas raras que ajudam a contar a trajetória do município.
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A história desta cultura em Joinville iniciou em 1946, quando uma sessão numismática foi criada dentro da Associação Filatélica, fundada um ano antes, que neste caso, se dedica a coleção e estudo sobre selos. O evento aconteceu em 21 de julho de 1946, em um dos locais mais tradicionais de Joinville, a Harmonia Lyra. Alfredo Ernesto Boehm foi o primeiro numismata e o diretor da sessão dentro da Associação.
Desde então, o que já foi hobby dos monarcas no passado, por isso ”hobby dos reis”, na verdade é uma ciência com muito trabalho envolvido. A atual SNJ, fundada em 2014, possui um acervo próprio, com mais de 500 títulos. Entre os itens, estão moedas raras e exemplares históricos da cidade, como moedas particulares da Fazenda Pirabeiraba, primeiras empresas de Joinville, e do Conselho Municipal de Joinville, antiga Câmara de Vereadores, emitidas no século 19.
A sociedade joinvilense é a quarta instituição de numismática mais ativa e importante do Brasil, de acordo com Gabriel Amaral Lourenço, presidente fundador da SNJ e também Coordenador na Sociedade Numismática Brasileira (SNB). Fica atrás apenas da SNB, sediada em São Paulo, da Sociedade Numismática Paranaense, sediada em Curitiba, e, depois, da Associação Filatélica e Numismática de Brasília.
Moedas curiosas que já passaram pela SNJ
A primeira moeda do mundo, o Estáter, ou Stater, Lídio, já passou pela maior cidade do Estado. Além disso, o Tetradracma de Atenas, uma moeda de mais de 2 mil anos, também já foi prestigiada pelos numismatas joinvilenses.
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Ainda, o Dobrão, uma moeda brasileira considerada a maior moeda de ouro feita para circulação. Presente em exposições anteriores, ela valia 20 mil réis e foi cunhada em Vila Rica, Minas Gerais.
Além disso, os associados de Joinville possuem coleções com diversos exemplares. Entre eles está uma moeda que vale R$ 14 mil, emitida durante o período Colonial, na monarquia de Maria I, ou “Maria, a Louca”. O item que valia 6,4 mil réis é feito de ouro e foi cunhada pela Casa da Moeda da Bahia.
O acervo da SNJ também conta com duas medalhas do Desembarque do Príncipe de Joinville no Brasil, cunhadas em 1838. Uma é feita em prata, considerada rara, e a outra em bronze.
Nomes da década de 40 que fomentaram a cultura numismática
A maior cidade do Estado já teve uma importante figura que colecionava moedas, o ex-prefeito Plácido Olímpio de Oliveira. Herbert Zimath também era um numismata da época e o filho, Herbert Zimath Júnior, foi responsável pela fundação da Sociedade Numismática Catarinense, que era sediada em Joinville, no ano de 1991. As atividades foram encerradas em 2010, após 19 anos de história.
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Entre os precursores dessa ciência na cidade, ainda na década de 40, estão Lourenço Heinzelmann e Bruno Herkenhoff, conforme destacou o presidente da SNJ.
No próximo ano, Joinville completa 80 anos de cultura numismática institucional. A SNJ organiza dois encontros por ano. O primeiro é um evento regional que acontece em março, em homenagem ao aniversário de Joinville, e um evento nacional em setembro, para celebrar o aniversário da Sociedade.
O que diferencia um colecionador de um numismata
Todo numismata pode ser considerado colecionador, mas nem todo colecionador se encaixa no perfil de um numismata. Amaral explica que a principal diferença está na institucionalização e área de pesquisa.
Quem atua em uma sociedade numismática vai além do ato de colecionar moedas, também se dedica à pesquisa e ao campo científico, envolvendo História por exemplo, assim como questões econômicas e outros estudos de aprofundamento.
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— O numismata é mais engajado na questão de pesquisa e no associativismo — afirma.
Segundo Amaral, qualquer pessoa pode entrar no universo numismático. A própria SNJ, inclusive, tem uma sessão júnior, que incentiva a prática para quem ainda está começando a se interessar pelas moedas.
— Tem várias formas de começar, pode ser uma criança começando com troco de viagem, moedinha que ganhou do avô, que a avó tinha guardado. Pode começar comprando um livro de numismática ou um catálogo — explica.
Cultura numismática é utilidade pública em Joinville
Em 2024, foi emitida uma medalha comemorativa que celebra os 10 anos da sociedade e o bicentenário da princesa Dona Francisca.
— No mês passado, nós tivemos uma reunião com o Secretário de Cultura de Joinville e com o presidente da Câmara dos Vereadores, o Diego Machado, e eles decretaram a Sociedade Numismática de Joinville como utilidade pública — destaca Amaral.
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Com o objetivo de conservar os itens e alcançar ainda mais pessoas, a Sociedade Numismática de Joinville ainda pretende transformar o acervo em um Museu Numismático aberto ao público na cidade.
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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