Trabalhadores e estudantes de Florianópolis foram afetados pela greve dos ônibus em Florianópolis, na manhã desta quinta-feira (12). Entre 40 e 50 mil pessoas foram impactadas pela paralisação, principalmente no Norte e Leste da Ilha, conforme um levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf). Por volta das 10h, os ônibus voltaram a circular. Conforme o sindicato, a greve continua, mas não estão previstas novas paralisações no momento.

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No Terminal de Integração de Canasvieiras (Tican), ônibus previstos para sair às 4h ficaram parados na garagem até por volta das 10h. Trabalhadores aguardaram horas até a volta do transporte coletivo.

— Tenho que ir trabalhar no Shopping Beiramar. Preciso chegar porque tenho compromisso no serviço e comecei há pouco — relatou Fernando de Andrade, que demorou horas para conseguir pegar o ônibus.

Passageiros se organizaram para dividir caronas e transporte por aplicativo. Alguns relataram preços muito acima da média em plataformas de transporte.

— Estou desde às 5h aqui no Tican. Para piorar, (o transporte por aplicativo) está pedindo um valor inacessível, R$ 80, R$ 90. O trabalhador não tem condições de pagar — relatou a servente Jaqueline Tavares.

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Passageiros também enfrentaram dificuldades no Ticen, principalmente na plataforma A.

— Tô aqui desde as 5h50min. Não tem ônibus. Eu trabalho em uma escola no Rio Vermelho e não tem como chegar — relatou uma moradora de Florianópolis.

A paralisação, além disso, trouxe reflexos no comércio em Florianópolis, que tinha expectativa de grandes vendas devido ao Dia dos Namorados, nesta quinta-feira.

— Geralmente, o Centro é bem movimentado. Para a gente, que depende do público, está bem difícil de manter o local só com dois colaboradores, e ninguém no Centro — disse o responsável por uma loja de eletrodomésticos.

A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comunicaram, em nota, que as atividades dos centros de Florianópolis foram flexibilizadas devido a paralisação do transporte público.

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Veja fotos da paralisação nesta manhã

Entenda a greve

A greve foi aprovada em assembleia na noite de quarta-feira (11). Os trabalhadores reivindicam um reajuste maior: 6% no salário, 10% no vale-alimentação e um adicional de 10% para motoristas que também exercem a função de cobrador. Segundo o sindicato da categoria, a proposta das empresas é insuficiente diante das condições de trabalho e da pressão financeira que os profissionais enfrentam.

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf) informou que as empresas aceitaram conceder um reajuste salarial acima da inflação do período, cujo índice medido pelo INPC foi de 5,32%.

Conforme o sindicato dos trabalhadores, a greve continua. Não estão previstas novas paralisações no momento.

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Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito Topázio Neto (PSD) afirmou que segue em contato com os dois sindicatos para auxiliar nas negociações. Além disso, informou que a prefeitura se organiza para oferecer transporte para a população da Capital.

— O transporte público de Florianópolis é uma operação concedida para um consórcio de empresas. Portanto, eu vou cobrar do consórcio o cumprimento do contrato, ou seja, ter ônibus disponíveis para a população […]. Em paralelo, a prefeitura está organizando a disponibilização de vans para atender a população. São milhares de pessoas que dependem de um transporte público e que não podem ficar na mão sem a presença dos ônibus. Durante todo o dia vamos monitorar, empenhar todo o nosso efetivo da guarda municipal com o auxílio da Polícia Militar, auxiliar nas negociações, mesmo sendo uma relação entre as empresas e o sindicato — disse Topázio.

O que diz o sindicato

A primeira paralisação da jornada de lutas aprovada pela assembleia, que na noite de ontem rejeitou a proposta apresentada pelos patrões, encerrou neste momento e os trabalhadores retornaram às suas jornadas.

A atividade iniciou na madrugada respeitado a ordem judicial (Interdito Proibitório) de manterem-se até 200 metros de distancia dos portões das garagens e tinha previsão de encerrar às 08:00 da manhã, todavia os trabalhadores optaram por estender o movimento por mais duas horas, numa clara disposição de continuar mobilizada na busca de uma proposta melhor por parte dos patrões.

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O que diz o Setuf

“O SETUF (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) lamenta as paralisações dos trabalhadores do setor ocorridas na manhã desta quinta-feira (12).

As empresas aceitaram conceder um reajuste salarial acima da inflação do período, cujo índice medido pelo INPC foi de 5,32%. A proposta, que também contemplava melhorias em benefícios, foi apresentada ao sindicato dos trabalhadores e estava condicionada à não realização de paralisações. Importante destacar que o índice inflacionário já foi pago no último pagamento referente ao mês de maio. 

Dessa forma, lamentamos profundamente os transtornos causados aos milhares de usuários do sistema e pedimos o fim das paralisações que comprometem a mobilidade da população.”

O que diz a prefeitura de Florianópolis

“Os trabalhadores do transporte coletivo definiram, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira, paralisações esporádicas sem greve geral no transporte coletivo.

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A Prefeitura de Florianópolis, considerando a importância do funcionamento do transporte coletivo à cidade, prepara ações para reduzir os impactos das paralisações.

Para isso, o Município irá, em um primeiro momento, autorizar o uso de transportes alternativos, como vans privadas, para aqueles que quiserem utilizar esse meio enquanto o serviço estiver sendo afetado. A Guarda Municipal também atuará para garantir o direito de ir e vir da população.

A administração acompanhou as negociações entre sindicato e Consórcio Fênix, colaborando em tudo o que era possível para evitar possíveis danos à população”.

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