Os ônibus voltaram a circular em Florianópolis entre as 10h e 10h30min desta quinta-feira (12), após o fim da paralisação temporária no transporte público. Inicialmente, o retorno estava previsto para as 7h, mas trabalhadores seguiram parados por mais três horas. Conforme o sindicato, a greve continua, mas não estão previstas novas interrupções no momento.

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Entre 40 e 50 mil pessoas foram impactadas pela paralisação, de acordo com o Sindicato de Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf). No total, 89 linhas da cidade foram afetadas, principalmente no Norte e Leste da Ilha. O secretário de Segurança e Ordem Pública informou, por volta das 10h, que apenas 30% dos horários programados haviam sido executados.

A prefeitura de Florianópolis anunciou, a partir das 13h, vans de apoio saindo do Centro em direção ao Sul, Continente, Norte e Leste da Ilha. O transporte custará entre R$ 15 (linha curta) e R$ 20 (linha longa).

Pontos de embarque com vans da prefeitura

  • Continente: Av. Paulo Fontes no recuo ao lado do Terminal Rita Maria
  • Norte e Leste da Ilha: Av. Paulo Fontes, no sentido oposto do Terminal Rita Maria, onde havia a passarela que foi removida
  • Sul da Ilha: em frente do Largo da Alfândega

Viagem a R$ 90 e horas de espera: como a greve nos ônibus afetou os moradores na Capital

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Entenda a greve

As empresas Transol e Canasvieiras, do Norte da Capital, além da plataforma A do Terminal de Integração do Centro (Ticen), amanheceram fora de operação, após a greve ser aprovada em assembleia, na noite de quarta-feira (11). 

A paralisação causou transtorno para moradores que precisavam chegar ao trabalho pela manhã. Alguns aguardaram horas até que os ônibus começassem a sair. Outros se organizaram em caronas ou transporte por aplicativo.

— Tenho que ir trabalhar no Shopping Beiramar. Preciso chegar lá porque tenho compromisso no serviço. Comecei há pouco — diz Fernando Arnaldo de Andrade, que foi de bicicleta até o Tican para aguardar o retorno dos ônibus.

A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comunicaram, em nota, que as atividades dos centros de Florianópolis foram flexibilizadas devido a paralisação do transporte público.

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Os trabalhadores reivindicam um reajuste de 6% no salário, 10% no vale alimentação e um adicional de 10% para motoristas que também exercem a função de cobrador. Segundo o sindicato da categoria, a proposta das empresas é insuficiente diante das condições de trabalho e da pressão financeira que os profissionais enfrentam.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito Topázio Neto (PSD) afirmou que segue em contato com os dois sindicatos para auxiliar nas negociações. Além disso, informou que a prefeitura se organiza para oferecer transporte para a população da Capital.

— O transporte público de Florianópolis é uma operação concedida para um consórcio de empresas. Portanto, eu vou cobrar do consórcio o cumprimento do contrato, ou seja, ter ônibus disponíveis para a população […]. Em paralelo, a prefeitura está organizando a disponibilização de vans para atender a população. São milhares de pessoas que dependem de um transporte público e que não podem ficar na mão sem a presença dos ônibus. Durante todo o dia vamos monitorar, empenhar todo o nosso efetivo da guarda municipal com o auxílio da Polícia Militar, auxiliar nas negociações, mesmo sendo uma relação entre as empresas e o sindicato — disse Topázio.

Veja fotos da paralisação nesta manhã

Reivindicações

Conforme o Sintraturb, uma das propostas patronais consideradas insuficientes e que deu origem ao estado de greve propunha ações como o fim do duplo contrato de 6h20min e 3 horas, o pagamento com adicional das horas trabalhadas em sequência à jornada noturna, inclusive as extras, e o pagamento do vale alimentação a ser feito no primeiro sábado de cada mês.

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Além disso, a proposta também trata do fornecimento de dois conjuntos de uniformes, com quatro peças, a cada seis meses; que os custos dos exames toxicológicos exigidos sejam cobertos de forma integral pelas empresas; e a retirada da obrigação de devolução dos valores do troco em caso de assaltos, além da prevista retirada da escala e apoio para a lavratura do BO.

As escalas de feriados especiais também entraram na proposta, com a garantia de que seja garantido o rodízio no feriado de Natal e Ano Novo, folgando nestas datas os trabalhadores que atuaram em 2024. As empresas também garantiriam o pagamento do salário normativo ao empregado afastado por doença até a data do recebimento da primeira parcela do benefício do INSS. O pagamento também deve ser ressarcido pelo empregado em até seis parcelas.

O sindicato também pede que as empresas se reúnam com os membros do órgão todos os meses para tratar dos problemas e pendências cotidianas; e que as empresas assumam a totalidade do aumento das mensalidades até o limite de 10% dos planos de saúde.

Os motoristas e cobradores pedem um aumento de 6% no salário, com aumento real de 0,68%, de 10% no tíquete alimentação, e de 8% na gratificação Trabalhar Sozinho (dirigir e cobrar).

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Veja a nota da prefeitura de Florianópolis na íntegra

“Os trabalhadores do transporte coletivo definiram, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira, paralisações esporádicas sem greve geral no transporte coletivo.

A Prefeitura de Florianópolis, considerando a importância do funcionamento do transporte coletivo à cidade, prepara ações para reduzir os impactos das paralisações.

Para isso, o Município irá, em um primeiro momento, autorizar o uso de transportes alternativos, como vans privadas, para aqueles que quiserem utilizar esse meio enquanto o serviço estiver sendo afetado. A Guarda Municipal também atuará para garantir o direito de ir e vir da população.

A administração acompanhou as negociações entre sindicato e Consórcio Fênix, colaborando em tudo o que era possível para evitar possíveis danos à população”.

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Veja a nota do sindicato

A primeira paralisação da jornada de lutas aprovada pela assembleia, que na noite de ontem rejeitou a proposta apresentada pelos patrões, encerrou neste momento e os trabalhadores retornaram às suas jornadas.

A atividade iniciou na madrugada respeitado a ordem judicial (Interdito Proibitório) de manterem-se até 200 metros de distancia dos portões das garagens e tinha previsão de encerrar às 08:00 da manhã, todavia os trabalhadores optaram por estender o movimento por mais duas horas, numa clara disposição de continuar mobilizada na busca de uma proposta melhor por parte dos patrões.

Veja a nota do SETUF

As empresas que operam o sistema de transporte público coletivo na região metropolitana da Grande FloO que diz o Setuf

“O SETUF (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) lamenta as paralisações dos trabalhadores do setor ocorridas na manhã desta quinta-feira (12).

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As empresas aceitaram conceder um reajuste salarial acima da inflação do período, cujo índice medido pelo INPC foi de 5,32%. A proposta, que também contemplava melhorias em benefícios, foi apresentada ao sindicato dos trabalhadores e estava condicionada à não realização de paralisações. Importante destacar que o índice inflacionário já foi pago no último pagamento referente ao mês de maio. 

Dessa forma, lamentamos profundamente os transtornos causados aos milhares de usuários do sistema e pedimos o fim das paralisações que comprometem a mobilidade da população”

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