O Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó virou alvo de críticas de moradores da região devido à superlotação e supostas falta de atendimento. Na última sexta-feira (11), um paciente morreu enquanto esperava o resultado dos exames, e o caso deve ser apurado por uma sindicância interna do hospital.
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Segundo informações da NSC TV, o Hospital Regional do Oeste enfrenta problemas com a superlotação no setor de emergências todos os dias. A unidade é referência para mais 135 municípios do Oeste catarinense, e pacientes reclamam, preocupados, da demora nos atendimentos.
— A vesícula da minha irmã pode acabar rompendo, acabar estourando, por causa da demora do atendimento. Tá bem complicado. O pessoal tem medo de falar, porque sabe que se você ir lá reclamar para alguém, o atendimento de quatro horas, dez horas, vai virar dois dias ou três dias—, conta Camila Priscila Mello, vendedora e moradora da região.
Pacientes relataram que já chegaram a esperar mais de dez horas pelo atendimento, sendo colocados em macas ou lugares inapropriados para aguardar a consulta.
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Paciente morre esperando atendimento
João Maria Teixeira Machado, de 54 anos, morreu no HRO enquanto esperava pelos resultados dos exames. O caso aconteceu na última sexta-feira (11). Ele era morador de Sul Brasil, e buscou atendimento no HRO depois de procurar ajuda no Hospital Padre Avelino Garbin, em Modelo. Depois, foi transferido para Chapecó.
Segundo o HRO, ao dar entrada no pronto-socorro da unidade, ele se queixou de dores abdominais e recebeu classificação de risco amarela, conforme o Protocolo Catarinense de Acolhimento com Classificação de Risco — “o que significa que o paciente necessita de atendimento urgente, porém não imediato, com tempo de espera”, disse a unidade em nota.
A administração da unidade informou que o homem foi atendido cerca de três horas após chegar na unidade. “Foram prescritos medicamentos para alívio da dor, além da solicitação de exames laboratoriais e de imagem. Após a coleta de exames e realização de tomografia, o paciente permaneceu em observação nas dependências do Pronto-Socorro, aguardando os resultados”, diz o hospital.
Outras quatro horas depois, o paciente foi reavaliado e, segundo nota do hospital, relatou que a dor havia aliviado, mas ainda aguardava o laudo da tomografia. João sofreu uma parada cardiorrespiratória uma hora depois, às 22h. Equipes da enfermagem teriam tentado reanimação por mais de 30 minutos, mas a morte do homem foi constatada no hospital.
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De acordo com o HRO, João já havia buscado atendimento na semana anterior, e uma tomografia revelou uma lesão no intestino, com indiciação de colonoscopia. “Como o paciente estava estável, foi liberado e encaminhado para a investigação do tumor”, diz a nota do hospital. “A ALVF/HRO reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a qualidade do atendimento. Informamos que será realizada a devida apuração de todas as circunstâncias do ocorrido, a fim de verificar se os protocolos assistenciais e de segurança foram seguidos conforme os padrões exigidos. Reforçamos ainda nosso compromisso de garantir que todos os atendimentos à população sejam prestados com diligência, respeito e profissionalismo”, conclui o hospital, em nota.
A prefeitura de Sul Brasil, onde o homem morava, disse que João foi levado de ambulância de Modelo a Chapecó, para atendimento. O município disse ainda que “colocamo-nos à disposição para qualquer esclarecimento e reiteramos nosso compromisso com a vida e a saúde da população de Sul Brasil”.
O que diz a direção da unidade sobre o atendimento
A direção do Hospital Regional do Oeste informou que está realizando medidas para combater e diminuir as filas de espera pelo atendimento. Segundo Franklin Bloedorn, diretor do HRO, a unidade está verificando a qualidade dos atendimentos e ouvindo as reclamações dos pacientes.
— Estamos trabalhando fortemente nisso. As verificações são feitas, pois até temos que prestar contas para o governo do estado, e sempre que há alguma situação que fuja da normalidade, as aplicações legais são realizadas—, informou Franklin.
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Além disso, a direção da unidade informou que o pronto-socorro realiza, em média, cerca de 170 atendimentos por dia. Entretanto, 70% desses atendimentos são casos não urgentes que, segundo a Secretária Municipal de Saúde, poderiam ser tratados em unidades básicas de saúde ou nas Upas do município.
*Com informações da repórter Francieli de Moraes, da NSC TV.
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