A Polícia Civil de Santa Catarina reabriu a investigação de um possível duplo homicídio cometido contra uma adolescente e uma jovem, moradoras de Chapecó, que desapareceram no dia 12 de maio de 2018, na região. Uma das vítimas foi encontrada morta dois dias depois, mas a outra, identificada como Jaqueline Dall’Acqua Rodrigues, continuava desaparecida, até que um cruzamento de dados feito pela Polícia Científica de Santa Catarina (PCISC) revelou, no início deste ano, que um crânio encontrado há cinco anos era dela.
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Os restos ósseos de Jaqueline, que tinha 23 anos quando desapareceu, foram localizados no dia 19 de dezembro de 2019 (cerca de um ano e meio após sua morte), em uma plantação de erva-mate nas proximidades de Chapecó. O crânio apresentava marcas de fratura na face e na têmpora esquerda, mas em virtude do avançado estado de decomposição e inexistência de outros detalhes, como vestes e objetos pessoais, a polícia não conseguiu chegar a sua identificação à época.
A jovem permaneceu constando como desaparecida, até que, em setembro de 2024, a família dela buscou a PCISC pelo programa PCI Conecta – criado para promover a localização de pessoas desaparecidas e a identificação de pessoas de identidade indeterminada -, com a esperança de conseguir, enfim, localizar a jovem. A equipe do programa coletou informações, prontuários médicos e odontológicos e material genético dos pais de Jaqueline.
A investigação cruzou esses dados com casos anteriores atendidos pela Polícia Científica e identificou o crânio encontrado mais de um ano após o desaparecimento de Jaqueline, cuja morfologia dentária correspondia às fotografias fornecidas. Exames periciais, incluindo comparação genética, antropologia forense e odontologia legal, foram finalizados agora em 2025 e confirmaram que os restos ósseos pertenciam a ela.
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Veja imagens do local dos crimes
“O resultado desse trabalho representa muito mais do que um desfecho técnico. Ele simboliza a possibilidade de uma família finalmente encerrar um ciclo de angústia e incerteza. Nosso compromisso é garantir que cada caso em toda Superintendência de Chapecó receba a atenção e os recursos necessários para que a ciência contribua na busca por respostas e justiça”, afirmou o superintendente de Polícia Científica em Chapecó, Perito Felipe Braga.
Para além da resposta dada à família que há muito buscava por informações sobre o paradeiro da jovem, a descoberta também contribuiu com novos elementos investigativos e a reabertura do caso. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de conexão entre os crimes, já que as duas vítimas eram amigas e foram vistas juntas antes do desaparecimento de ambas.
Primeira vítima identificada
A adolescente que desapareceu junto com Jaqueline é Francieli Rodrigues, que tinha 15 anos na época. Apesar de terem o mesmo sobrenome, elas não eram parentes, de acordo com a polícia.
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Francieli foi encontrada morta na manhã do dia 14 de maio de 2018, às margens da estrada de acesso ao município de Planalto Alegre, nas proximidades da SC-283. O corpo dela estava quase todo carbonizado e foi identificado através de exame de DNA. O cadáver ainda estava com uma fita na boca e as mãos amarradas.
No local os policiais também encontraram objetos que pertenciam à vítima, como aneis e uma bolsa, dentro da qual foi encontrado um frasco de perfume e um canivete, que a polícia associou ao ferimento fatal encontrado na região do pescoço dela. Além de um martelo cutelo que estava parcialmente carbonizado e um cordão com três chaves – duas de uma casa e uma de motocicleta.
O corpo da adolescente também estava envolto em uma coberta que não queimou por completo e que foi reconhecida por pessoas próximas ao homem apontado como autor do crime.
Autor foi condenado a 18 anos de prisão
A partir dos elementos colhidos no local do crime, a polícia chegou até um suspeito – homem natural de Iraí/RS (então com 27 anos), que morava no loteamento Di Fiori, área residencial localizada nas proximidades da divisa entre Chapecó e Guatambu.
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Na residência de familiares do então suspeito, os investigadores encontraram uma motocicleta que foi relacionada à chave encontrada próximo ao corpo da adolescente. Os moradores da casa também reconheceram o cobertor no qual Francieli foi enrolada. Já as chaves mencionadas acima, eram compatíveis com a residência do autor, onde foi encontrada ainda uma caixa de ferramentas na qual faltava apenas um martelo, conforme pontuou a Polícia Civil.
Em um dos quartos da casa e em um colchão, os policiais também encontraram sangue. A investigação apontou o local como sendo o espaço utilizado pelo autor para o assassinato da adolescente ainda no dia 12. A polícia também conseguiu identificar o veículo que foi utilizado pelo homem para transportar o corpo de Francieli.
Ele fugiu após o crime, mas foi preso no dia 9 de setembro do mesmo ano. Em julho de 2021, o homem foi julgado e condenado pela Justiça de Chapecó a 18 anos e seis meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, fraude processual e destruição e ocultação de cadáver.
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