Em depoimento, o mototaxista que ajudou Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, a colocar o idoso Paulo Roberto Braga, o “tio Paulo”, de 68 anos, no carro do motorista de aplicativo, disse que ele estava vivo quando foi colocado no veículo para ir até a agência bancária de Bangu, no Rio de Janeiro, na terça-feira (16). O motorista de aplicativo afirmou que o idoso até segurou a maçaneta quando estava sendo retirado do carro.

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Érika teria levado o tio, Paulo, até o banco para tentar fazer um empréstimo de R$ 17 mil. O caso ocorreu na tarde desta terça-feira (16), de acordo com informações do g1. Trabalhadores do banco suspeitaram da condição do homem, e chamaram a polícia. O Samu foi acionado e confirmou a morte do homem.

Mulher leva morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo no Rio de Janeiro

A mulher segue presa desde então, e teve a prisão mantida pela Justiça do Rio de Janeiro, após audiência de custódia nesta quinta-feira (18). Ela responde por vilipêndio de cadáver e por furto.

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Depoimentos

O mototaxista falou com a polícia na quarta-feira (17) e relatou que Érika o pediu para ajudar a ir até a casa e carregar Paulo. Ele afirmou que o idoso ainda respirava e tinha força nas mãos. Isso, segundo ele, teria acontecido por volta das 12h20. Quando entrou na casa, o mototaxista disse que Paulo estava deitado na cama.

Já o motorista de aplicativo disse que, ao chegar no shopping e ser retirado do carro, o idoso segurou na maçaneta da porta do veículo.

Cronologia do dia da morte

  • 12h20: o mototaxista é chamado para ajudar a colocar Paulo no carro de aplicativo.
  • 12h52: carro de aplicativo chega ao Real Shopping.
  • 12h59: câmera mostra Érika pegando uma cadeira de rodas no shopping.
  • 13h03: Érika volta ao estacionamento, com o tio ainda dentro do carro, no banco da frente. Ele é retirado pela mulher e colocado na cadeira de rodas, aparentemente sem se mover, com o braço esticado e a cabeça caída. Érika ajeita os pés do tio, que não se mexe.
  • 13h04: um casal passa pelo local, e parece estranhar algo. Érika paga o motorista, que deixa o local. Ela segue empurrando Paulo na cadeira de rodas.
  • 13h02 (a diferença de horário nas câmeras pode ser por falta de sincronização): câmera mostra Paulo na cadeira sendo empurrado para fora do elevador do shopping.
  • 13h03: eles circulam pelos corredores, e Érika chega a entrar em uma loja. Paulo fica do lado de fora.
  • 13h08: ela para em uma cafeteria, e ajeita o tio na cadeira. Ele não se move.
  • 13h40: Érika e Paulo saem do shopping e vão em direção à agência bancária, a menos de 500 metros.
  • Érika entra no banco com o tio na cadeira de rodas, mas os funcionários estranham a situação e começam a filmar. Ela fica segurando o pescoço do tio, ainda imóvel, e pede para ele assinar o documento do empréstimo de R$ 17 mil. O idoso não se mexe.
  • 15h: funcionários do banco chamam o Samu.
  • 15h20: a polícia é acionada.
  • Noite: Érika é presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver.

O Samu afirma que identificou que Paulo já estava morto durante a tentativa de reanimação cardiorrespiratória. O médico responsável também disse que o corpo apresentava manchas que normalmente aparecem só depois de duas horas da morte.

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A advogada de Érika, Ana Carla de Souza Correa, sustenta que Paulo chegou vivo à agência. Ela também afirma que Érika tem laudo psiquiátrico que foi apresentado na delegacia, que faz tratamento psicológico e toma remédios controlados.

Questionada se Érika pode não ter percebido que Paulo Roberto estava morto na agência bancária, ela disse que a mulher estava em possível “surto naquele momento por causa dos medicamentos. Ela estava visivelmente alterada”.

O titular da 34ª Delegacia de Polícia (Bangu), delegado Fábio Luiz de Souza, afirmou que acredita que o idoso já estava morto havia pelo menos duas horas, que não estava sentado quando morreu e citou exames.

— Não dá pra dizer o momento exato da morte. Foi constatado pelo Samu que havia livor cadavérico. Isso só acontece a partir do momento da morte, mas só é perceptível por volta de duas horas após a morte — explicou Fábio.

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Já o perito do Instituto Médico Legal (IML) afirma que o óbito pode ter ocorrido entre 11h30 e 14h30, mas que ele não tem elementos seguros para dizer, do ponto de vista técnico e científico, que a vítima morreu no trajeto para a agência ou em seu interior.

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