Benício morreu após ser atendido em hospital (Foto: Redes sociais, Reprodução)
O caso do menino Benício Xavier, de 6 anos, que morreu após receber erroneamente adrenalina na veia em um hospital particular de Manaus (AM), teve novidades divulgadas neste domingo (8), em reportagem do Fantástico.
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Em imagens exclusivas do circuito interno de segurança do hospital, obtidas pelo programa da TV Globo, é possível ver a família durante toda a permanência no local. Os vídeos mostram Benício caminhando e conversando normalmente com os pais. Ao todo, foram 14 horas entre espera, atendimento com a médica, administração do medicamento, Unidade de Tratamento Intensivo e a morte da criança.
Um mês antes, o menino havia sido atendido no mesmo hospital, com o mesmo quadro. A mãe afirmou que o filho foi medicado com adrenalina por inalação.
De acordo com o pediatra Márcio Moreira, do Hospital Israelita Albert Einstein, “sendo um caso de laringite, a gente usa adrenalina inalatória regularmente”. “A gente faz a inalação com a adrenalina e espera uma melhora rápida, mesmo que fugaz”, completou em entrevista ao programa.
— Para mim estava tudo certo que seria inalação. Então, eu não questionei ela. Eu só falei ok — lembra Joice, mãe do menino.
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Benício teve seis paradas cardíacas e não resistiu.
Benício Xavier, de 6 anos, morreu após receber erroneamente adrenalina na veia (Foto: Fantástico, Reprodução)
A polícia investiga falhas na intubação e a ausência de checagem da receita pelo farmacêutico da unidade.
— Certamente, o profissional farmacêutico teria identificado a superdose e solicitado ao profissional prescritor que pudesse rever a sua prescrição — disse o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Amazonas, Reginaldo Silva Costa.
Mudança na versão da médica
Um dos fatos novos seria uma suposta mudança de versão da médica Juliana Brasil, que prescreveu a injeção que resultou na morte do paciente. Inicialmente, ela teria admitido a culpa no caso, inclusive em mensagem trocadas com outro profissional no WhatsApp. “Eu que errei na prescrição”, escreveu a médica.
Entretanto, advogados de defesa da profissional alegaram que a confissão teria ocorrido “no calor do momento” e agora relacionam o caso a supostas falhas no sistema do hospital.
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A investigação do caso Benício também apura uma suposta tentativa de adulteração do prontuário após a morte do menino, de acordo com informações do portal g1. A intenção seria alterar a prescrição de adrenalina na veia para omitir o erro na orientação médica que levou ao desfecho do caso. Se confirmada, a tentativa pode agravar a situação da médica, que é investigada pela morte da criança.
Relembre o caso
Benício havia dado entrada no hospital com um quadro de tosse e laringite e recebeu como prescrição lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina na veia, com 3ml a cada 30 minutos, aplicada por uma técnica de enfermagem.
No entanto, segundo especialistas, nestes quadros as doses de adrenalina devem ser aplicadas em forma de nebulização, para que possam beneficiar as vias áreas, e não de forma injetável na veia, método que pode causar efeitos no coração.
A piora no quadro do menino Benício ocorreu rapidamente. Ele ficou pálido, com membros arroxeados, e disse que “o coração estava queimando”.
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O paciente chegou a ser levado para a UTI, mas sofreu sucessivas paradas cardíacas e não resistiu. A médica teria trocado mensagens com um chefe da equipe de pronto atendimento do hospital para tirar dúvidas sobre a prescrição feita à criança.
A adrenalina costuma ser prescrita por médicos a determinados casos de laringite com aplicação pelas vias aéreas porque atua reduzindo o inchaço da mucosa das vias respiratórias e alivia a obstrução. O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil do Amazonas.