Imagens feitas na manhã desta quarta-feira (15) pela equipe da NSC mostram a imensidão das manchas brancas na Lagoa da Conceição, no Leste de Florianópolis. Através de fotos, é possível ver uma densa camada de espuma e peixes mortos na região. Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que se trata de um fenômeno natural de proliferação de algas.

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Análises feitas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na tarde desta terça-feira (14) apontaram para o fenômeno chamado de “floração algal”, que ocorre por conta de condições ambientais específicas e temporárias que favorecem o aumento da quantidade de matéria orgânica disponível no ambiente aquático.

De acordo com Instituto do Meio Ambiente (IMA/SC) as espumas apresentam dois centímetros de espessura.

Veja as fotos da Lagoa da Conceição

IMA descarta a presença de óleo

Nesta terça-feira, o IMA coletou amostras de água da Lagoa da Conceição para verificar a origem do material. De acordo com o diretor de Controle, Passivos e Qualidade Ambiental do IMA, Diego Hemkemeier Silva, a vistoria permitiu identificar indícios que descartaram a presença de óleo:

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— Durante a vistoria, os técnicos realizaram inspeção visual e coleta de amostras de água em diferentes pontos da lagoa. Foram observadas alterações na coloração e presença de espuma em determinados trechos, informações que foram confrontadas com os resultados laboratoriais — explica o diretor.

Conforme as análises do IMA, as manchas observadas se tratavam de espuma biogênica, formada durante e após uma floração de microalgas. A floração é um fenômeno natural que pode ocorrer em decorrência de fatores como altas temperaturas, luminosidade intensa e presença de nutrientes na água. Esse tipo de evento tende a se dissipar naturalmente com a mudança das condições ambientais, como a diminuição da temperatura, das chuvas, presença de ondulação e da intensidade solar.

O IMA ainda reforçou que as análises laboratoriais continuam sendo realizadas de forma integrada com o laboratório do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) para avaliar a composição das espécies presentes e eventuais riscos à fauna e à saúde humana.

“O monitoramento contínuo desses eventos é essencial, pois sua recorrência pode indicar processos
de eutrofização e desequilíbrio ecológico, com implicações para a qualidade ambiental e os usos múltiplos da Lagoa da Conceição”, concluí o relatório do IMA.

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Entenda

As manchas brancas preocupam os moradores da Lagoa da Conceição desde sábado (11), que relataram a situação para a reportagem da NSC TV. A camada de espuma foi vista pela primeira vez em toda área da Lagoa de Baixo, desde os trapiches até a estrutura da antiga ponte. 

Segundo a prefeitura de Florianópolis, diversos fatores colaboram para que o fenômeno ocorra, incluindo ventos predominantes, circulação interna das águas, elevação da temperatura superficial, estratificação térmica temporária e disponibilidade de nutrientes. Essas condições podem ser naturais ou resultado da interferência humana.

Ainda, a equipe técnica da Blitz Sanear não constatou nenhuma situação de lançamento irregular de esgoto.

— A espuma observada na superfície da lagoa é composta por espuma de algas, e não por esgoto sanitário, óleos ou combustíveis. Neste caso, não há motivo para autuação ou lavratura de auto de infração, uma vez que não foi identificado nenhum agente poluidor pontual. Nosso objetivo agora é confirmar o que pode ter provocado esta proliferação de algas — afirma Bruno Luiz, Subsecretário de Saneamento.

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O professor de Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Horta, em entrevista à NSC TV, já havia indicado um cenário preliminar de eutrofização aguda ou hipereutrofização, ou seja, excesso de nutrientes na água que desencadeia um crescimento descontrolado de algas.

— A gente tem na região da Lagoa problemas que são conhecidos de poluição crônica, que vem pelas águas e superfície, mas nós também temos uma poluição silenciosa, que vem pela água subterrânea. Todo esse processo de contaminação que se arrasta foi agravado pela dragagem que nós tivemos lá no canal da Barra, disponibilizando nutrientes dissolvidos, fertilizantes para algas que crescem, tudo isso morre. E com a força do vento, isso produz essa espuma de aspecto marrom-claro que foi observado na superfície da água — explicou, em entrevista à NSC TV.

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