Com 160,5 mil comprimidos adquiridos, Joinville foi a cidade do Brasil que mais recebeu lotes de hidroxicloroquina do Ministério da Saúde. Deste montante, foram utilizados apenas 1,26 mil — número equivalente a menos de 1% do total. Agora, um ano e meio depois, o município ainda tenta devolver os medicamentos que ficaram encalhados na Secretaria da Saúde municipal.
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A droga foi doada ao país em maio de 2020 pelo governo dos Estados Unidos e chegou a Joinville em setembro do mesmo ano com o objetivo de abastecer o Centro de Atendimento Precoce para Covid-19. Com a baixa procura pelo remédio, desde março de 2021 a prefeitura tenta mandar os comprimidos de volta.
Antes disso, em julho, a Saúde municipal já havia recebido mais de 12 mil comprimidos de cloroquina 150 miligramas. Estes, no entanto, foram todos utilizados.
Agora, a sobra, com validade para outubro de 2022, segue em estoque aguardando devolução, já que, conforme o município, o medicamento é utilizado para tratamento de outras doenças e pode ser utilizado em outras regiões do país.
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— O quantitativo em estoque está em perfeitas condições de armazenamento, estando apropriado para utilização — informou a prefeitura por meio de nota.
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O governo municipal ainda informou à reportagem do AN que não solicitou esta quantidade de mais de 160 mil. Em março do ano passado, o colunista Jefferson Saavedra tinha adiantado que um dos motivos deste grande repasse foi a possibilidade de a cidade fazer o fracionamento para outras cidades.
Medicamento foi adquirido sem eficácia comprovada
Mesmo sem eficácia comprovada e com rejeição das autoridades de saúde, Joinville possibilitou que profissionais da saúde receitassem a hidroxicloroquina a pacientes com Covid-19. Conforme a prefeitura, os médicos tiveram “liberdade para prescrição dos medicamentos, de acordo com o quadro clínico de cada paciente e com os protocolos vigentes”.
Em entrevista à CBN Joinville, o secretário da Saúde Jean Rodrigues da Silva justificou que, mesmo sem comprovação científica, à época, ainda havia muita incerteza acerca da doença.
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— Muito pouco se sabia no passado e resolvemos deixar todas as opções disponíveis — argumentou.
Conforme a bula, a hidroxicloroquina é recomendada na prevenção e tratamento de malária, no tratamento de artrite reumatoide e lúpus. Além de Joinville, conforme reportagem da Folha de São Paulo, o governo do Amazonas foi o segundo que mais recebeu os comprimidos (120 mil unidades), seguido de Presidente Prudente (100 mil) e Lages (63 mil).
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