O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), prestou depoimento nesta quarta-feira (17) à CPI do Crime Organizado, no Senado Federal. Ele foi o primeiro de uma lista de governadores que serão ouvidos pelo grupo de senadores em busca de soluções para o combate a facções criminosas no país. 

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Jorginho usou o tempo de fala para destacar ações e resultados de SC na segurança pública. O governador celebrou índices como o de resolução de crimes no Estado, segundo ele de 85%, contra 40% da média nacional. O governador destacou o perfil da população, miscigenado por imigrantes alemães, italianos, pretos e que nos últimos anos acolheu mais de 500 mil migrantes e imigrantes que vieram para cidades catarinenses. 

Uma das ações destacadas por Jorginho Mello foi a oferta de trabalho para presos em SC. O governador citou que o Estado tem, atualmente, 30,3 mil presos e que pouco mais de um terço desse número, 35%, atualmente trabalha em empregos gerados dentro das unidades prisionais.

— Os presos ganham um salário-mínimo, 50% do valor vai para a família, 25% para custeio das despesas dele nas unidades prisionais e 25% fica para uma poupança, quando eles saem, eles levam aquele dinheiro — detalhou Jorginho. 

Veja fotos da fala de Jorginho à CPI do Senado

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O governador também citou a expansão das unidades prisionais, afirmando que pretende criar 9 mil vagas no sistema estadual e destacando a intenção de desativar a penitenciária do bairro Agronômica, em Florianópolis. 

Número de faccionados 

Ao responder perguntas dos senadores, Jorginho Mello e os secretários que o acompanharam no depoimento falaram sobre a influência de facções criminosas em SC. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) perguntou sobre qual o potencial de articulação de uma facção criminosa catarinense, a que mais tem membros no Estado. 

Na resposta, o governador Jorginho Mello citou uma lista com a quantidade de presos faccionados em território catarinense. No total, SC tem cerca de 8 mil presos identificados como ligados a alguma organização criminosa. 

O governador citou que a facção criminosa catarinense mencionada pelo senador Mourão é a que mais tem integrantes no Estado, com 6 mil faccionados. A facção surgida a partir de presídios de São Paulo tem o segundo maior número, com 1,6 mil faccionados. O restante se divide entre facções originadas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. 

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A proporção de 8 mil faccionados entre os 30 mil presos em todo o Estado é considerada superior à de outros estados, segundo autoridades catarinenses. Presente no depoimento, a secretária de Justiça e Reintegração Social, Danielle Amorim Silva, afirmou que os presos de facções diferentes são separados em galerias diferentes das unidades prisionais. 

R$ 4,5 bilhões apreendidos  

O governador destacou ainda o trabalho da Polícia Científica no auxílio à resolução de crimes e também ações integradas para o ataque financeiro a organizações criminosas. O delegado-geral da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel, citou números de valores apreendidos ou bloqueados do crime organizado, que chegaram a R$ 4,5 bilhões nas operações feitas entre 2023 e 2025. 

— Temos muito prazer de poder falar que o Estado é o mais seguro do Brasil. Gastamos 12% do orçamento do Estado com segurança. A gente previne o crime, com inteligência da polícia — destacou o governador. 

Jorginho também destacou o programa Universidade Gratuita como forma de ajudar os jovens na formação profissional, evitando o caminho da criminalidade. Outro exemplo citado por ele foi a Oktoberfest Blumenau, que teve quase 700 mil visitantes e registrou apenas 10 roubos de celulares durante toda a festa, sendo que todos foram devolvidos aos donos.

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Crítica a proteção das fronteiras 

Jorginho Mello preferiu destacar ações do governo de SC, mas fez uma crítica ao governo federal e à proposta de PEC da Segurança Pública. Segundo ele, a União precisaria reforçar o trabalho de policiamento nas fronteiras para impedir a entrada de armas e drogas nos estados. 

— Acho que temos um excesso de PEC, de leis. O governo federal precisa apoiar os Estados com recursos e fazer o que é obrigação do governo federal, não criar mais dificuldades. Me manifestei sobre essa PEC porque o governo federal precisa cuidar das fronteiras, porque cuida muito mal, com todo respeito, dos aeroportos, dos portos. Arma não vem do céu, droga não vem do céu, vem por portos, aeroportos — cobrou. 

Após o depoimento à CPI, Jorginho Mello visitou a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde o PL da Dosimetria está em votação nesta quarta-feira. Ele foi cumprimentado pelo senador catarinense Esperidião Amin e por outros ex-colegas de Senado.