A delegação brasileira de velejadores embarca em 26 de setembro rumo ao continente asiático para participar do campeonato da federação internacional, o Oman Optimist Asian & Oceanian Championship, em Omã, na Península Arábica. Entre os sete jovens que irão representar o país, três são catarinenses.
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O grupo é formado pelos gêmeos de 14 anos Fernando Menezes, e Guilherme Menezes (SC); além de João Marcelo Carlin (SC), 14 anos; Gabriela Vassel (SP), 13 anos (SP); Pedro Iglesias (SP), 12 anos; Eduardo Pombo (RJ), 15 anos; e Vitória Viegas (DF), 11 anos.
Eles treinaram até o domingo (15) na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Dos sete, apenas Pedro não acompanhou todos os dias de preparação na Capital. A equipe que é orientada pelo professor Leonardo Espindola dos Santos, que atua no esporte desde 1987 e é treinador há 19 anos.
Eles irão participar de dois campeonatos no mar de Omã, um no modo individual e o outro em equipe. Em ambos, os velejadores competirão com uma pessoa a bordo de cada barco.
— Na regata em equipes, são quatro velejadores de cada país. Então, quem ganha essa regata depende do resultado combinado desses quatro. Ou seja, somam os pontos dos quatro atletas de todas as equipes. É uma disputa bem aguerrida de quatro contra quatro — explica o treinador.
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E foi justamente esse modo de velejar que eles estavam praticando na tarde da última quinta-feira (12), enquanto o vento sobrava na direção Sul. Segundo Santos, o trabalho de preparação em equipe consiste em uma “brincadeira de um contra um”, que acaba sendo mais agressivo do que a regata individual.
Além do preparador, a turma vai acompanhada do chefe da delegação e pai da competidora Vitória, Frederico Viegas, que explica os motivos para a equipe realizar os treinos em Florianópolis:
— A decisão de fazer esse último treinamento aqui se deve pela condição de vento, que é muito boa. Além disso, três velejadores são daqui, além do técnico, que também mora aqui.
Concorrentes
Os brasileiros ainda não sabem quais serão os primeiros concorrentes que enfrentarão na competição na Ásia. As chaves são montadas por meio de sorteio, realizado dois dias antes do campeonato começar. O sistema é o seguinte: quem fica mais bem classificado durante as disputas se mantém mais próximo de chegar até a final.
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Os melhores classificados disputam no grupo ouro, os segundos melhores no grupo prata, e os terceiros no conjunto bronze. O técnico Leonardo Espindola dos Santos acredita que, pelo número de velejadores que participarão desta competição, o evento vai formar para as finais apenas os grupos ouro e prata.
Conforme Frederico Viegas, o campeonato asiático da oceânica vai receber 148 velejadores de 23 países inscritos. As condições climáticas não são exatamente as mesmas como as de Santa Catarina. Segundo o técnico que já trabalhou com vela na Ásia, é provável que a temperatura esteja mais quente do que aqui na parte do dia.
— Tem uma série de condições de ondas que eu consigo reproduzir aqui (na Lagoa da Conceição). Não é uma situação idêntica, mas tem uma série de pontos que eu queria trabalhar que esse local, a Lagoa, me facilita — explica.
Cada uma das regatas individuais que acontecerão durante os oitos dias do campeonato tem a duração entre 45 e 55 minutos. Já as em equipe são mais curtas e duram o período de cerca de oito minutos.
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Grandes expectativas
Léo, com o treinador é mais chamado pelos seus jovens atletas, salienta que a curva de aprendizagem dos mais novos é superacentuada. Na avaliação dele, todos os dias é possível perceber uma melhora no desempenho.
— Observando, a gente pode ver como eles vão dominando o barco, que parece uma extensão do corpo deles. É bem interessante. A gente coloca crianças bem jovens com um lemezinho na mão e o treinador ou outra pessoa é proibido de interferir durante a regata. Então, eles aprendem a tomar decisões e a pagar por elas. É um xadrez físico — esclarece.
Além disso, destaca que o fato de o grupo passar alguns dias junto antes de viajar contribui para que os jovens atletas realmente se entendam e ajam como uma verdadeira equipe, que já se conhece e sabe conviver.
Nenhum deles treina menos do que cinco dias por semana. Geralmente, o aprendizado diário é realizado com duas horas de aula teórica e sete horas práticas, ou seja, dentro da água. E é por causa de todo esse preparo que o manezinho João Carlin, 14 anos, que veleja há aproximadamente três anos e meio, e recentemente conquistou o primeiro lugar masculino, em Brasília, se mostra confiante.
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— É uma experiência bem legal por se conhecer pessoas de vários países. Normalmente, o nível é bem alto porque o pessoal lá de fora treina bastante, mas é bom para mostrar como tu estás treinando. Como o vento vai ser um pouco mais fraco na Ásia, a expectativa é boa. É ir lá e fazer bonito — conta João.
Sorrindo, Guilherme Menezes, 14 anos, fala que acredita estar preparado, mas ao mesmo tempo nervoso.
— Eu nunca fui para lá, então é uma certa novidade — conta, aos risos.
Atleta há um ano, Vitória Viegas, 11, concorda:
— Eu estou meio nervosa porque é um campeonato que tem muita gente de fora e eu acho que vai ser meio difícil, mas vai ser legal.