O primeiro lançamento comercial de um veículo orbital a partir do território brasileiro ocorre nesta quarta-feira (17). Batizada de Operação Spaceward, o foguete lançará ao espaço cinco satélites e três dispositivos que vão auxiliar em pesquisas, sendo dois dos equipamentos desenvolvidos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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Esse será o primeiro lançamento do Brasil, desde a tentativa do Veículo Lançador de Satélites (VLS), em 2003, que matou 21 pessoas.
A missão ocorre no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, onde o foguete HANBIT-Nano, da start-up espacial Innospace, já está posicionado para o lançamento por volta das 15h45min.
Caso não ocorra nesta quarta-feira, poderá ser enviado ainda durante a “janela de lançamento”, até o dia 22 de dezembro. A mudança pode ser influenciada por condições meteorológicas, técnicas, ou de segurança, como aconteceu durante a remarcação do lançamento que seria no dia 22 de novembro.
Satélites feitos em Santa Catarina
O foguete levará ao espaço, para a órbita da Terra, cinco satélites e três dispositivos que vão auxiliar em pesquisas em mais de cinco áreas desenvolvidas por diversas entidades do Brasil e da Índia.
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Em Santa Catarina, foram desenvolvidos no SpaceLab da Universidade Federal de Santa Catarina, dois nanossatélites chamados FloripaSat-2A e FloripaSat-2B. A tecnologia tem como objetivo principal a Validação em Órbita (IOV) de tecnologias nacionais cruciais, como os sistemas de bordo (OBDH), de gestão de energia (EPS) e de comunicação (TT&C).
Além de testar a capacidade brasileira de desenvolver módulos espaciais de baixo custo e alta complexidade, a missão é um pilar na formação de engenheiros e cientistas altamente especializados, consolidando Santa Catarina como um polo estratégico na cadeia de suprimentos e inovação do emergente mercado espacial do Brasil.
— Esses satélites representam o amadurecimento de uma linha de pesquisa que vem sendo construída há anos, unindo ciência, tecnologia e formação de pessoas — afirma o professor Eduardo Bezerra, coordenador do SpaceLab.
De acordo com a UFSC, será o primeiro teste em órbita dessa solução no Brasil, representando um avanço para o sistema de comunicações que será empregado em futuras constelações de satélites.
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O período de operação previsto é de aproximadamente cinco semanas, com órbita média de 300 km de altitude.
Os demais satélites e dispositivos que serão lançados incluem:
- Satélite Jussara-K: desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em parceria com startups e instituições nacionais, ele tem como missão coletar dados ambientais em regiões de difícil acesso;
- PION-BR2 – Cientistas de Alcântara: desenvolvido pela UFMA, em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION e levará ao espaço mensagens de alunos da rede pública de Alcântara;
- Satélite SNI-GNSS: vai determinar com precisão a velocidade, posição e altitude do foguete e essa tecnologia poderá ser aplicada em outros dispositivos como drones, carros e navios. Ele foi desenvolvido pela Agência Espacial Brasileira (AEB) em parceria com as empresas Concert Space, Cron e HORUSEYE TECH;
- Solaras-S2: será responsável por monitorar fenômenos solares que podem impactar comunicações, navegação e sistemas tecnológicos na Terra. Foi desenvolvido pela empresa indiana Grahaa Space;
- Sistema de Navegação Inercial (INS): dispositivo vai validar um algoritmo de navegação que irá auxiliar na futura aplicação em sistemas de navegação embarcados em missões espaciais. Foi desenvolvido pela empresa Castro Leite Consultoria (CLC).
Terá ainda, a bordo do foguete, um outro dispositivo desenvolvido pela empresa Castro Leite Consultoria (CLC), entretanto, por solicitação do fabricante, a Força Aérea Brasileira (FAB) teve acesso a apenas dados de um.
Como é o foguete
Ao todo, a FAB mobilizou cerca de 500 profissionais nas operações em Alcântara, com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e especialistas contratados pela Innospace. Produzido pela empresa sul-coreana Innospace, o HANBIT-Nano tem 21,9 metros de altura, pesa 20 toneladas e tem 1,4 metro de diâmetro.
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Durante o lançamento, o foguete pode atingir uma velocidade de 30 mil km/h. A velocidade é necessária para que ele alcance a órbita e possa “escapar” da gravidade terrestre. A viagem até atingir a atmosfera e entrar em órbita deve durar cerca de três minutos.
O lançamento do foguete HANBIT-Nano ocorrerá em dois estágios e poderá ser visto a olho nu dos céus de Alcântara (MA) e em parte de São Luís (MA).
*Com informações do g1.










