O laudo que revela a causa da explosão que matou nove pessoas em uma fábrica do Paraná foi obtido com exclusividade pelo Fantástico. O documento indicou que a baixa temperatura foi um dos principais fatores para o acidente. O caso aconteceu em 12 de agosto, em Quatro Barras, na região Metropolitana de Curitiba.

Continua depois da publicidade

As nove pessoas que morreram por conta da explosão tinham se reunido para fazer uma oração antes da troca de turno no interior da empresa. Câmeras de segurança mostraram que o local explodiu um minuto após o fim da reza. Três pessoas que também tinham participado da oração conseguiram sair da fábrica com vida.

Veja fotos da câmera de segurança e do local da explosão

Um mês após o ocorrido, o laudo pericial apontou que a explosão ocorreu em um reator que mistura componentes do pentolite, conforme apurado pelo Fantástico. O pentolite é um explosivo altamente sensível, que inclui a mistura de TNT e nitropenta.

Segundo o documento, o equipamento estava fora da temperatura segura. Na manhã do acidente as temperaturas do lado de fora eram de 3ºC, metade do que foi registrado na noite anterior.

A fabricação de pentolite exige um processo rigoroso de controle de temperatura. De acordo com o laudo, o sistema de segurança da empresa aciona alarmes quando o calor ultrapassa os 105ºC, porém, não há travas para temperaturas menores que 50ºC.

Continua depois da publicidade

— O que a gente acredita que tenha acontecido é justamente essa baixa temperatura do dia ter contribuído com a solidificação desses explosivo e o processo de aquecimento não ter sido tão eficiente e isso pode ter contribuído para a geração de alguma fagulha por atrito entre as pás do ditador e o explosivo solidificado — explica o perito Jerry Cristian Gandin.

A Enaex Brasil, empresa onde aconteceu a explosão, disse ao Fantástico em nota que “conta com todos os sistemas de segurança necessários para lidar com variações climáticas.”

Além da temperatura baixa, a delegada Gessica Andrade, responsável pela investigação do caso, destaca que vários fatores contribuíram para a tragédia, incluindo falhas operacionais e de equipamentos.

— Como toda fábrica, tem intercorrência, tem falha de equipamento, tem falha humano, mas nenhuma dessas falhas […] seria grave a ponto de causar um acidente desse, quando considerada isoladamente — diz a delegada.

Continua depois da publicidade

Segundo o Fantástico, o Ministério Público informou que acompanha o caso e que não há razão para uma conclusão apressada do ocorrido. Já a Defensoria Pública, que atende ao menos duas famílias, disse que busca um acordo extrajudicial para resolver o caso de forma rápida e ajudar os parentes a seguirem em frente.

Quem são as vítimas da explosão no Paraná

  • Camila de Almeida Pinheiro;
  • Cleberson Arruda Correa;
  • Eduardo Silveira de Paula;
  • Francieli Goncalves de Oliveira;
  • Jessica Aparecida Alves Pires;
  • Marcio Nascimento de Andrade;
  • Pablo Correa dos Santos;
  • Roberto dos Santos Kuhnen
  • Simeão Pires Machado.

Leia também

Criança de 2 anos engasga com prendedor de cabelo no Meio-Oeste de SC

Suspeitos de mensagens de ameaças de morte contra o governador de SC são alvos de operação

Autor da chacina em Joinville tinha histórico de violência intensa: “Extremamente controlador”