O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista à Reuters, nesta quarta-feira (6), que não vê espaço para negociações diretas com o presidente Donald Trump sobre o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros. O político afirmou que, no momento, não tem intenções de ligar para o presidente dos Estados Unidos. Com informações do Valor Econômico.

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— Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar — disse.

De acordo com o presidente, o Brasil não tem intenções de anunciar as tarifas recíprocas, mas o vice-presidente Geraldo Alckmin busca negociações, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Contudo, os Estados Unidos não estão dispostos a fazer negociações.

— Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro para vender; se a China não quiser comprar, nós vamos procurar outro para vender. Se qualquer país que não quiser comprar, a gente não vai ficar chorando que não quer comprar, nós vamos procurar outros — afirmou Lula.

Atualmente, o comércio com os Estados Unidos representa 12% da balança comercial brasileira. A China, 30%.

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Ainda conforme o petista, o Supremo Tribunal Federal (STF), que julga o caso de Jair Bolsonaro (PL), “não se importa com o que Trump diz e nem deveria”. Na última segunda-feira (4), o governo dos Estados Unidos afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é um “violador dos direitos humanos” por impor prisão domiciliar ao ex-presidente:

— Essas atitudes antipolíticas, anticivilizatórias, é que colocam problemas numa relação, que antes não existia. Nós já tínhamos perdoado a intromissão dos Estados Unidos no golpe de 1964.

Tarifaço começou a valer nesta quarta

A aplicação de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos foi anunciada no dia 9 de julho, em uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compartilhada na rede social de Donald Trump, a Truth Social. 

O presidente Lula declarou que as tarifas serão respondidas “à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, e destacou a soberania brasileira. Desde então, teve início uma escalada de tensões diplomáticas entre os dois países e não houve uma conversa direta entre as lideranças.

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No dia 30 de julho, o presidente Donald Trump assinou a ordem executiva que oficializa a imposição das tarifas adicionais. Uma lista de quase 700 produtos ficou isenta, entre eles aeronaves, suco de laranja, fertilizantes, madeira e outros. A medida foi encarada como uma “desidratação” do tarifaço e trouxe alívio a segmentos econômicos brasileiros.

No decreto que confirmou a aplicação do tarifaço contra produtos brasileiros, ficou definido para 6 de agosto a data de início da sobretaxa. Na mesma data da assinatura, o governo dos Estados Unidos anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Todos os eventuais bens de Moraes nos EUA foram bloqueados, bem como qualquer empresa ligada a ele. O ministro também ficou proibido de realizar transações com cidadãos dos EUA, utilizando cartões de crédito de bandeira americana, por exemplo.

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