A primeira coisa que a advogada Danúbia Leida fez quando acordou da sedação foi colocar a mão na barriga. Grávida de 34 semanas quando foi internada com Covid-19 no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, ela passou 12 dias entubada e sem acordar, até se recuperar do coronavírus e descobrir que a filha, Maria Luiza, havia nascido e estava bem.
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– Eu botei a mão na barriga e pensei o que tinha acontecido, não sabia se tinha perdido a neném, eu só sabia que a minha barriga não estava mais lá. Aí me contaram que ela tinha nascido, que estava em casa, que estava tudo bem. Mostraram fotos, mas eu só acreditei de verdade quando fizeram uma chamada de vídeo e eu vi ela – relembra a moradora de Maravilha, no Oeste catarinense.
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A história da gravidez e da internação de Danúbia foi parar nas redes sociais e tornou a família do Oeste catarinense conhecida na região. “Virei manchete”, diz a advogada de 38 anos. A internação ocorreu em outubro do ano passado, e hoje tanto a mãe quanto a filha, de 4 meses, estão bem.
A pandemia, aliás, esteve presente em toda a gestação de Danúbia. Ela descobriu a gravidez em março, uma semana antes do início do lockdown em Santa Catarina. Apesar das turbulências do ano, ela conta que teve uma gestação tranquila, até contrair o coronavírus em outubro.
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– A minha sócia no escritório de advocacia contraiu o coronavírus, perdeu o olfato e o paladar. A gente teve que fechar o escritório, eu fiquei em casa, mas estava tranquila. Uns três dias antes de eu voltar a trabalhar presencialmente comecei a sentir falta de ar. Os testes para Covid-19 davam negativo, até que chegou o momento em que eu não conseguia mais levantar da cama – conta.
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Quando a falta de ar ficou insustentável, ela voltou com o marido ao hospital e fez um raio-x que mostrou o pulmão comprometido pela doença. A partir daquele momento, Danúbia conta que não lembra mais o que aconteceu. A partir do relato de familiares e dos médicos, ela sabe que foi transferida em uma ambulância para o hospital em Chapecó. Lá, a intenção era manter a gestação por mais uma ou duas semanas, mas o quadro dela piorou no primeiro dia e, por volta de 1h50min do dia 7 de outubro, Maria Luiza nasceu – sem a mãe estar consciente.
A recém-nascida ficou inicialmente na UTI do hospital, até receber alta e ir para casa aos cuidados do pai. Semanas depois, quando a mãe teve alta, o reencontro ocorreu em um domingo em família na cidade de Maravilha.
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– Foi muito emocionante. Eu tive alta em um domingo, falei para a minha família que eu queria um churrasco mal passado e com gordura, e foi feito no sítio da família. Foi aquela gritaria, uma choradeira. E ver a Maria pela primeira vez foi assim, uma emoção sem tamanho. É indescritível o que a gente sente, parece que acordei de um sonho.
Após o trauma da internação da situação grave com a Covid-19, Danúbia diz também que mudou a opinião sobre o vírus para o qual, antes, não dava tanta importância. Além dela, o marido e a filha mais velha, de nove anos, também tiveram a doença, porém com sintomas mais leves.
– Graças a Deus não tenho sequelas, mas a gente não leva a sério a covid até que acontece com a gente mesmo, com algum familiar. Eu não levava muito a sério, até que aconteceu comigo, e nessas horas a gente passa a ver o quanto vale a pena algumas situações na vida – completa Danúbia.
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