Além de ter a data em que se comemora o Dia da Mulher, o último mês do verão também é conhecido como Março Lilás. O mês reforça a prevenção ao câncer de colo de útero, e também é visto como uma oportunidade para o check-up feminino. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, mulheres passam, em média, 25% mais tempo lidando com problemas de saúde do que homens. Ainda assim, muitas enfrentam dificuldades para manter uma rotina saudável.
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Dados do Programa Nacional de Saúde mostram que 82% das mulheres cuidam mais da saúde contra 69% dos homens. No entanto, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), feito ano passado, apontou que 40% das brasileiras de todas as faixas etárias e grupos socioeconômicos não atingem a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de realizar 150 minutos semanais de exercícios físicos intensos ou moderados.
Uma das razões levantadas pelo estudo para o baixo engajamento em exercícios físicos é o pouco tempo de lazer disponível. A consequência disso é o aumento de peso corporal observado em mulheres que trabalham mais do que 40 horas semanais.
— O acúmulo de tarefas, o estresse e as obrigações familiares podem tornar mais difícil a implementação de hábitos saudáveis, o que torna os exames preventivos ainda mais importantes para a identificação precoce de doenças e para o cuidado com a saúde da mulher em todas as fases da vida — alerta a médica Annelise Wengerkievicz Lopes, patologista clínica do Laboratório Santa Luzia.
Para garantir um cuidado contínuo e eficaz, especialistas recomendam cinco exames fundamentais para a saúde da mulher. Veja a lista abaixo:
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1. Pesquisa de HPV de alto risco
Indicada para mulheres de 25 a 60 anos, a pesquisa de HPV é realizada em uma coleta ginecológica e possui maior sensibilidade do que o exame tradicional, o Papanicolau, permitindo detectar alterações celulares mais precocemente. O Papiloma Vírus Humano (HPV) é o vírus causador do câncer de colo de útero, o terceiro câncer mais incidente em mulheres no Brasil.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o HPV é responsável por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, tem sido observado um avanço na imunização contra esse vírus, com um aumento de mais de 42% na cobertura vacinal entre 2022 e 2023. Entre adolescentes de 14 anos, a imunização já alcançou um patamar expressivo, ultrapassando 96%.
A vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) assume um papel essencial na prevenção. O imunizante é uma ferramenta eficaz para proteger contra os tipos mais comuns do vírus que causa o câncer de colo do útero, além de tumores no ânus, pênis, garganta e boca.
2. Mamografia e ultrassonografia mamária
Segundo Aline Guimarães, médica radiologista e especialista em exames de mama na Lâmina Medicina Diagnóstica, em São José, o rastreamento do câncer de mama é essencial, especialmente para mulheres acima dos 40 anos
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A mamografia deve ser feita anualmente, enquanto a ultrassonografia mamária é recomendada para complementar a avaliação mamográfica em casos específicos, como no caso de mamas densas.
— A mamografia desempenha um papel importante na detecção precoce do câncer de mama e cura da doença. Infelizmente, o relatório do INCA de 2024 demonstra que 40% das mulheres com câncer de mama diagnosticados pelo programa do SUS já tem seu diagnóstico realizado em fase avançada — diz a médica.
— Precisamos questionar o protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde que recomenda mamografias bienais entre 50 e 69 anos e continuar lutando por uma ampliação do acesso ao exame de mamografia pelas pacientes do SUS, adequação do protocolo de realização do exame de rastreamento conforme preconizado pelo CBR, Sociedade Brasileira de Mastologia e Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) que é de mamografia anual a partir dos 40 anos, assim como uma maior conscientização das mulheres para que não deixem de realizar seus exames de rastreamento. Já está comprovado que mulheres que fazem rastreamento adequado com mamografia morrem menos de câncer de mama — detalha Aline.
3. Sorologias para doenças infecciosas
A Sífilis, o HIV e a Hepatite C são epidemias silenciosas, muitas vezes detectadas somente por exames de rotina, sem causarem sintomas. Se detectadas tardiamente, podem trazer consequências graves ao organismo e de tratamento mais difícil.
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Quando detectadas precocemente, além de facilitar o tratamento, também reduzem o risco de transmissão da doença a outras pessoas.
4. Avaliação da tireoide
As alterações hormonais da tireoide são comuns e podem impactar diretamente a qualidade de vida das mulheres, causando sintomas como fadiga, ganho de peso, oscilações de humor e dificuldades para engravidar.
A médica Annelise Lopes explica que a tireoide, glândula responsável pela produção dos hormônios tireoidianos, pode apresentar disfunções, como hipotireoidismo (produção insuficiente de hormônios) ou hipertireoidismo (produção excessiva). O hipotireoidismo tem maior prevalência em mulheres, especialmente depois dos 40 anos.
— Além de ser mais comum em mulheres e em pessoas com mais de 40 anos, algumas condições podem elevar o risco de doenças da tireoide. Entre elas, estão o histórico familiar, certas doenças autoimunes e o uso de medicamentos contendo iodo. O hipotireoidismo, por sua vez, pode se manifestar de maneira silenciosa, evoluindo de forma lenta e sutil, o que torna seus sintomas menos perceptíveis no cotidiano. Por essa razão, a medição do TSH deve integrar os exames de rotina das mulheres, especialmente daquelas que apresentam fatores de risco — destaca a médica.
5. Check-up cardiovascular
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil, superando até mesmo o câncer, segundo dados do Ministério da Saúde.
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De acordo com a patologista Annelise Lopes, as mulheres apresentam fatores de risco específicos que aumentam a chance de desenvolver doenças cardíacas. Entre eles estão a menopausa, a queda hormonal e a presença de doenças autoimunes, assim como algumas complicações na gravidez que podem aumentar o risco de apresentar cardiopatias no futuro.
Há também fatores comportamentais, como o uso de anticoncepcionais combinados com o tabagismo, que também pode ter impacto.
— O acompanhamento cardiológico é indicado para mulheres sem fatores de risco a partir dos 40 anos. Já aquelas com condições como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, obesidade, tabagismo ou histórico familiar de doenças do coração devem consultar um especialista para determinar a periodicidade mais adequada dos exames — explica a médica.
Além dos exames laboratoriais básicos, como colesterol e glicemia, a especialista destaca a importância da consulta com um cardiologista, para avaliação de risco cardiovascular e realização de exames conforme a recomendação médica.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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