Matrículas em graduação a distância ultrapassam formato presencial no Brasil, aponta Inep

O número de alunos em cursos de graduação a distância superou o de matriculados na modalidade presencial no Brasil. Em 2024, 50,7% dos estudantes do ensino superior estavam no EAD.

Os dados são do Censo da Educação Superior 2024, divulgado nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Pela primeira vez na série histórica, o Brasil também alcançou a marca de 10 milhões de estudantes nesta etapa de ensino.

Em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (25), durante o 27º FNESP, maior fórum de ensino superior da América Latina, realizado em São Paulo, o presidente do Inep, Manuel Palacios falou sobre o papel da educação a distância no país.

— A oferta de EAD foi muito importante para a expansão do acesso à educação superior — afirmou.

Evasão e novo marco regulatório

Entre 2023 e 2024, o número de alunos em cursos remotos cresceu 5,6%. No longo prazo, o avanço foi ainda mais expressivo. Em uma década, as matrículas em graduação a distância quase quadruplicaram, com alta de 286,7%. Já a modalidade presencial, no mesmo período, registrou queda de 22,3%.

Com a explosão de novos alunos no EAD, a preocupação é com o agravamento do índice de evasão. Em 2024, 24,1% dos estudantes matriculados no ensino remoto abandonaram o curso. No presencial, a taxa foi de 9,5%.

Para o presidente do Inep, o modelo semipresencial, criado a partir do novo marco regulatório do EAD, pode contribuir para reduzir a evasão, já que permite flexibilidade sem abrir mão da vivência acadêmica. O objetivo é aumentar o engajamento dos alunos no processo de formação, além de ampliar o acesso para jovens que precisam conciliar os estudos com a jornada de trabalho.

Com a Nova Política de Educação a Distância, regulamentada em maio deste ano, nenhum curso poderá ser totalmente remoto e algumas graduações terão oferta exclusiva no formato presencial, como Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia.

Palacios mostrou-se otimista com a reformulação:

— Agora precisamos fortalecer os polos, desenvolver estruturas que recebam os estudantes de forma descentralizada, mais próximo de casa, de uma maneira mais fácil de frequentar, envolvendo atividades em horários e dias adequados. Esse ajuste da oferta às condições do estudante é muito importante.

Formação de professores

Na área de licenciatura, destinada à formação de professores, a educação a distância é a modalidade preferida pelos estudantes, segundo o Censo. Em 2024, 8 em cada 10 alunos ingressaram em cursos remotos.

*A repórter Rafaela Cardoso viajou a convite da Semesp

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