O médico João Eugenio, do Serviço Aeromédico do Estado de Santa Catarina (Saer), estava na primeira aeronave acionada para resgatar a criança de 11 anos que foi encontrada morta após cair do Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul, na divisa do Estado catarinense e do Rio Grande do Sul. Em entrevista à jornalista Viviana Fronza, da GZH, o socorrista contou que o local ficava em uma área de acesso extremamente difícil, com vegetação densa e nevoeiro espesso.
Continua depois da publicidade
Bianca Zanella, de 11 anos, foi encontrada sem vida na noite desta quinta-feira (10) cerca de 10 horas após a queda. Ela estava acompanhada dos pais, naturais de Curitiba, no Paraná, quando caiu do mirante por volta de 13h do mesmo dia. Segundo o Corpo de Bombeiros, a menina teria Transtorno do Espectro Autista (TEA).
— Nós estávamos a cerca de 25 a 29 minutos do local. Fomos os primeiros a chegar, por volta das 15h. No local, havia um bombeiro civil e funcionários do parque. Era uma área de acesso extremamente difícil, com vegetação densa e nevoeiro espesso, que começa muito cedo, por volta das 15h já havia muito nevoeiro no local —relatou o médico.
João Eugenio faz parte de uma equipe de suporte aeromédico, embarcada em uma aeronave de multimissão da Polícia Civil de Santa Catarina, que funciona como uma UTI móvel. Os socorristas , incluindo médico, enfermeira, operadores aerotáticos, piloto e copiloto, fizeram buscas pela menina com a aeronova até 17h, mas sem sucesso de encontrar a criança no local.
Veja as fotos do resgate da criança que caiu de cânion
Continua depois da publicidade
Como foi o resgate
Bianca foi localizada por volta de 17h30min, com ajuda de drones com câmera térmica. Segundo o médico, não havia visibilidade nenhuma para operação aérea naquele horário.
— O drone identificou uma variação de temperatura em uma área, indicando a presença de um corpo humano, provavelmente de uma criança entre oito e 12 anos. […] Além disso, a posição em que a vítima estava era um ponto de “negativo”, ou seja, uma rocha sobrepunha o local, impedindo o acesso por rapel aéreo. O resgate por helicóptero não seria viável ali.
Por volta das 18h, os materiais de resgate já estavam preparados e uma equipe do Rio Grande do Sul iniciou a descida de um operador de bombeiro. De acordo com o médico, o socorrista avaliou a situação e decidiu se a vítima seria estabilizada no local ou retirada imediatamente para ser atendida em uma área segura. O que se optou é que o resgatista iria subir com a criança.
— O resgatista subiu com a vítima utilizando uma maca apropriada, chamada maca mamute ou maca de ribanceira. A operação foi realizada em meio a nevoeiro intenso, escuridão e temperatura abaixo de zero. A complexidade exigia um cuidado extremo para garantir a segurança de todos os envolvidos — detalha o médico.
Continua depois da publicidade
Como foi o caso
A criança estava acompanhada dos pais, naturais de Curitiba, no Paraná, no alto do mirante, quando caiu. Segundo os bombeiros, ela teria Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A vítima foi localizada, com auxílio de um drone térmico, inicialmente às 17h30, a cerca de 70 metros do ponto da queda. Entretanto, devido às condições climáticas, o resgate precisou ser feito por cordas, e as equipes trabalharam até a noite. Por volta das 23h, os bombeiros chegaram até a menina e constataram a morte.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), prestou solidariedade à família da vítima e agradeceu às forças militares que atuaram no resgate em uma publicação nas redes sociais.
— Eu quero deixar um abraço, solidariedade, todo o meu carinho para a família que certamente nesse momento sente uma dor imensa, uma perda irreparável. E quero destacar e agradecer toda a dedicação das nossas forças de segurança do Rio Grande do Sul — disse.
Continua depois da publicidade
Em nota, o Governo do Paraná se solidarizou com a família.
“O Governo do Paraná lamenta profundamente a morte da menina curitibana que caiu no Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul, confirmada após 10 horas de buscas. Um avião da Casa Militar vai fazer o translado do corpo, assim que ele for liberado pelo IML do estado, e outra aeronave da Secretaria da Segurança Pública vai trazer os familiares de volta ao Paraná. Os bombeiros paranaenses que foram até Cambará do Sul estão auxiliando a família em todos os procedimentos”, diz o texto.
Leia mais
Criança que caiu em cânion na divisa entre SC e RS é localizada por drone e resgate será por rapel
Criança cai de cânion em cidade do RS perto de Praia Grande e bombeiros fazem buscas






