O juiz Francisco Renato Codevila, da Justiça Federal do Distrito Federal, rejeitou a denúncia contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por homofobia. Para o magistrado, Milton não cometeu crime ao associar homossexuais a “família desajustadas” em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

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“O denunciado não agiu com a intenção de ofender qualquer grupo em relação a sua opção sexual; apenas externou sua opinião sem exageros ou menoscabo a qualquer grupo social, o que, a princípio, parece em consonância com o regime democrático instituído pela Constituição Federal”, disse o juiz.

A decisão foi tomada nesta sexta-feira (5) e divulgada neste sábado (6).

Na entrevista, Milton Ribeiro defendia que as escolas públicas não estimulassem discussões de gênero porque poderia estimular a “erotização das crianças”.

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— Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão do gênero. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, não concordo. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem e caminhar por aí — disse Ribeiro na entrevista.

A denúncia contra Milton Ribeiro foi feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em janeiro. O caso saiu do Supremo Tribunal Federal (STF) e foi levado à Justiça Federal após o ex-ministro perder o foro privilegiado.

Segundo a PGR, “ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da ordem social”.

Codevila, no entanto, disse que não é possível inferir da declaração de Ribeiro a “intenção de considerar qualquer grupo social como inferior, nocivo ou prejudicial à sociedade”.

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“O fato de haver discordância sobre a opinião pessoal do entrevistado acerca de determinado assunto e sobre o qual cada cidadão pode ter sua própria opinião –sem ‘praticar, induzir ou incitar’– não decorre necessariamente o cometimento de algum ilícito penal”, diz a decisão. 

Milton Ribeiro deixou o governo Bolsonaro em março após a revelação de suspeitas de corrupção na liberação de verbas do Ministério da Educação.

Em junho, o ex-ministro chegou a ser preso em operação da Polícia Federal envolvendo o balcão de negócios e a liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ribeiro foi solto no dia seguinte.

*Por Cézar Feitoza, de Brasília, para Folhapress

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