Morreu nesta sexta-feira (21) Cao Hering, ex-chargista e ex-colunista, do Jornal de Santa Catarina. Aos 77 anos, o publicitário enfrentava um problema pulmonar e não resistiu às complicações da doença. Ele deixa a esposa, Maria Júlia Zimmermann Hering, e o filho Carlos Hering Filho. 

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Formado em Publicidade e Propaganda pela PUC-RS, Cao iniciou a carreira na agência Scriba — do colega de faculdade e amigo Horácio Braun — e, anos mais tarde, fundou em Blumenau a própria empresa, chamada de Direcional. Lá, construiu uma história no meio se tornando um dos principais nomes e pioneiros do mercado publicitário de Santa Catarina.

Reza a lenda que foi o próprio Horácio Braun que, despretensiosamente, convidou o próprio Cao Hering para publicar desenhos no antigo Jornal A Cidade, de Blumenau, há quase cinco décadas. “Faz um desenho aí e eu publico amanhã ou depois”. Assim, teria surgido o personagem Nix, um soldado norte-americano na Guerra do Vietnã. O dom para os traços cartum fez com que Hering fosse convidado, na década de 1970, a atuar no Santa, por onde ficaria até 2019.

Humor ácido, política e cotidiano de Blumenau: veja 100 charges de Cao Hering

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Ao longo dos anos, as charges de Cao Hering ganharam espaço fixo no jornal, tornando-se uma referência no Estado. Sua capacidade de retratar o cotidiano de Blumenau e do Brasil com ironia e perspicácia conquistou o público. Além das charges, ele também passou a escrever crônicas, publicadas no caderno Viver do Jornal de Santa Catarina, onde abordava temas variados, desde política até histórias pessoais, sempre com um toque de humor e reflexão.

Apesar da irreverência das charges, Cao se dizia alguém reservado:

“E também tenho meus momentos de timidez”, escreveu, em 2014.

— Durante mais de 20 anos, eu conversava com o Cao todo dia. Juntos, a gente discutia as apostas para a próxima edição do Santa, que ele transformava em suas charges. Tive a sorte de conviver com um talento criativo, uma inteligência afiada e um humor contagiante – tudo isso num blumenauense com um espírito tão global. Cheguei a dizer isso pra ele, o que me conforta, mas não preenche a lacuna que o Cao deixa. Blumenau, sem dúvida, fica menos brilhante — destaca Edgar Gonçalves, ex-editor-chefe do Santa.

—  “Não existe outro profissional mais identificado com o Jornal de Santa Catarina do que o Cao Hering, e isso graças ao traço único, ao humor despretensioso e às décadas ininterruptas de colaboração. Como editor, a parte mais divertida do dia eram os telefonemas dele para discutirmos o tema da charge da edição seguinte. Cao sabia tornar interessante o tema paroquial mais modorrento, e era um privilégio ver as ideias dele nascendo em conversas espontâneas, sem qualquer roteiro. Um gênio! — completa Evandro de Assis, também ex-editor-chefe do Jornal de Santa Catarina e ex-colunista do NSC Total.

Veja charges de Cao Hering

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Fonte: Biografia de Cao Hering