Quem embarca na linha 311 do transporte coletivo de Blumenau pode nem se dar conta. O letreiro na frente do ônibus carrega o nome de quem foi dona da maior parte dos terrenos do local conhecido atualmente como Loteamento Dona Edith, situado no bairro Velha Grande. Em uma caminhada pela região, não é difícil encontrar moradores que sabem a origem do nome, mas poucos contam ter conhecido a proprietária dos imóveis.

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Edith, que deu nome à região, na verdade morava na parte de baixo da Rua Franz Müller e não onde hoje fica o morro. Quem conta a história é a segunda moradora da localidade, Loni Soares. Ela tem na memória algumas recordações da família, que aos poucos vendeu as terras na localidade e seguiu outro rumo.

— Ela tinha três filhos, mas eles foram embora daqui faz tempo. O meu carnê do IPTU ainda vem no nome do marido dela, o Cuniberto — diz a aposentada.

Loni comprou o imóvel no Loteamento Dona Edith há 40 anos. Antes dela, só o compadre Amadeu de Oliveira morava por lá. Por algum tempo foram os únicos a residir na região. Os registros na Secretaria Municipal de Regularização Fundiária mostram contratos de compra e venda dos lotes a partir de 1977. Cuniberto Hübes fazia os negócios.

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Os primeiros moradores viram as casas se multiplicarem e, aos poucos, ocuparem quase todos os espaços. Loni viu muitos barracos serem erguidos com lonas no topo do morro, mas hoje o cimento domina a paisagem.

Com o passar dos anos, a costureira aposentada se tornou uma referência para a comunidade do morro da Dona Edith. Sem energia elétrica, nem unidade de ensino, tampouco posto de saúde ou calçamento, Loni liderou os movimentos para garantir o acesso dos moradores a serviços públicos essenciais.

Até conseguirem energia, por exemplo, foi quase um ano e meio de reivindicação. O transporte coletivo chegou não tem muito tempo: a primeira operação foi em março de 2008. A realidade de hoje, nem de longe parece aquela que Loni enfrentou em 1978.

— O primeiro relógio de água foi instalado há 27 anos — recorda a moradora.

Agora, a creche está na esquina da rua, a poucos metros da casa dela. E um ambulatório geral atende até a meia-noite a poucos quilômetros dali. A aposentada não se vê morando em outro lugar. Observar de perto os avanços conquistados para cada família que vive ao redor fortalece os laços com a comunidade.

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Para a prefeitura de Blumenau, porém, a região ainda é um desafio e há muito o que avançar, sobretudo por se tratar de uma área considerada de risco pela geologia.

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