Juliana Soares, de 35 anos, agredida com 61 socos pelo namorado, Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29, falou pela primeira vez sobre o caso em entrevista ao Fantástico exibida na noite deste domingo (3). A vítima passou, na sexta-feira (31), por um procedimento de reconstrução de facial em um hospital público, em uma cirurgia de sete horas devido à complexidade. Ela sofreu três fraturas na região do olho direito, uma maior, de lado a lado, abaixo do nariz, pequenos fragmentos na maçã do rosto e outra fratura na mandíbula. O agressor está preso em um presídio de Natal, no Rio Grande do Norte, onde o crime aconteceu. As informações são do Fantástico.
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De acordo com a defesa, Juliana afirma que a vida “começou agora” e espera que o caso sirva para “dar visibilidade para quem acha que não tem voz”. Apesar da seriedade, o risco de sequelas neurológicas foi descartado e Juliana será acompanhada em dois e dois meses por médicos da mesma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
— Ela fala sempre pra gente assim: “minha vida começou agora” — disse a advogada.
Juliana foi agredida por 61 socos em 34 segundos
As agressões aconteceram na manhã de 26 de julho, em um prédio localizado em Natal, no Rio Grande do Norte. Através de imagens gravadas por uma câmera de segurança, é possível ver Juliana e Igor discutindo dentro do elevador. Segundo as investigações, o homem teve uma crise de ciúmes, e a briga escalou para uma “covardia brutal”. O vídeo mostra que a mulher levou “61 socos violentíssimos na cabeça e no rosto” em 34 segundos.
Segundo Juliana, a decisão de permanecer no fundo do elevador foi estratégica para se proteger e garantir que as câmeras registrassem o ocorrido.
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— Ele foi para o elevador em que eu tava para tentar me convencer a sair de lá. E eu não saí porque eu sabia que, se eu saísse, não ia ter câmera para filmar. E ele disse que eu ia morrer e começou a me agredir. Foi do décimo-sexto até o térreo. Ele me esmurrando sem parar — disse Juliana.
Após a agressão, um morador do condomínio encontrou a vítima ensanguentada e acionou imediatamente a polícia.
O porteiro do condomínio ligou para o 190, relatando que Juliana estava “bem ensanguentada”. Policiais militares chegaram ao local e levaram Igor para a delegacia. Uma amiga da mulher e um policial também contataram o SAMU, informando que a vítima estava “bem machucada”. Para a delegada do caso, as imagens são a “prova inquestionável da vontade de matar”.
No dia seguinte, policias da Delegacia da Mulher foram ao hospital onde Juliana estava internada. Devido às agressões, a vítima não conseguia falar e, por isso, se comunicava por gestos. Em um dado momento, uma policial forneceu caneta e papel, onde ela escreveu uma declaração: “Eu sabia que ele ia me bater. Então não saí do elevador. E ele começou a me bater e disse que ia me matar”.
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Com base nessas provas, o juiz decretou a prisão preventiva de Igor no mesmo dia, durante a audiência de custódia. Na sexta-feira (31), Igor foi transferido para um presídio em Natal.
A delegada que assumiu o caso, Victória Lisboa, prevê que Igor responderá inicialmente por tentativa de feminicídio. Outros crimes, como violência psicológica, que já vinham ocorrendo, também podem ser investigados. Em nota conjunta, advogados e familiares do agressor afirmaram que ele está à disposição das autoridades para julgamento, e que eles não têm responsabilidade pelos atos cometidos.
O crime, para a delegada-geral do Rio Grande do Norte, Ana Claudia Gomes, é visto como uma “selvageria que não reflete a evolução da sociedade”. Ela reforçou que a “única forma de interromper a violência é fazendo a denúncia”, incentivando as vítimas a “ter coragem, procurar a rede de acolhimento, denunciar”. A delegada ainda pontuou que 90% dos casos de violência ocorrem no ambiente familiar, onde o estado não está presente.
Veja as fotos
Agressor alega ter sido espancado por policiais penais
Preso por tentativa de feminicídio, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral foi levado até uma delegacia para denunciar uma agressão que alega ter sofrido de policiais penais.
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Segundo o g1, ele afirmou em depoimento que foi agredido ao ser transferido para a Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim. Lá, ele teria sido colocado em uma cela isolada, algemado e nu. Neste momento foi agredido com socos, chutes e spray de pimenta. Ainda apontou que os agentes penais teriam dito que ele “chegou ao inferno”.
Em nota, a Coordenadoria da Administração Penitenciária e a Ouvidoria do Sistema Penitenciário informaram que se deslocaram para unidade prisional com o objetivo de averiguar os fatos e acompanhar o interno para registro de ocorrência na Delegacia de Plantão da Polícia Civil e exame de corpo de delito no Instituto Técnico-Científico de Perícia.
A defesa de Igor havia pedido para que ele ficasse em uma sala isolada para “preservar sua vida”, utilizando como argumento supostas ameaças e um imóvel de familiares pichado. A família de Igor precisou emitir uma nota pública dizendo que não tem “responsabilidade sobre os atos cometidos” pelo homem.
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