Natani Santos, de 35 anos, passou por uma verdadeira transformação nos últimos meses, após ter o lábio arrancado pelo próprio cão de estimação. Ela foi atacada no dia 5 de maio, em Ji-Paraná, Rondônia, e desde então passou por cirurgias reparadoras em solo catarinense, em Araranguá, no Extremo Sul do Estado. Há 30 dias, ela realizou a segunda etapa do procedimento, feito através de um programa gratuito.
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A última etapa feita pelo médico Raulino Brasil consistiu na aplicação de botox ao redor da boca. De acordo com ele, o intuito foi paralisar de forma temporária a musculatura para evitar movimentos durante a fala e a alimentação, facilitando a cicatrização. O cirurgião facial é o idealizador e responsável pelo Projeto Leozinho, iniciativa que realiza cirurgias faciais gratuitas. O hospital onde ele atua fica em Araranguá.
Ainda segundo o médico, há mais uma etapa pela frente, para finalizar a série de procedimentos, prevista para daqui a aproximadamente seis meses. Ele explica que será feito um refinamento, com correções de detalhes, como fibroses e aderências — tecido que une dois tecidos do corpo — que possam ter se formado.
Para o g1, Natani relatou que a recuperação tem sido um sucesso e que, graças à cirurgia, ela recuperou a autoestima.
— A cirurgia trouxe minha alegria de volta. Posso olhar no espelho e não chorar mais, posso comer sem a comida escapar e arrisco até algumas maquiagens — disse a paciente.
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Primeira etapa da cirurgia após o ataque
A mulher foi atacada pelo cão no dia 5 de maio, em Ji-Paraná (RO). Segundo ela, o chow-chow, que se chamava Jacke, teria rosnado antes do ataque, que aconteceu de forma inesperada. Ela sofreu ferimentos graves no rosto, incluindo a perda do lábio superior. O cão foi submetido a eutanásia.
A primeira etapa da operação aconteceu no dia 26 de maio, também realizada por Raulino em Araranguá. A reconstrução labial da paciente foi delicada, segundo o profissional.
— No dia da cirurgia eu precisei fazer vários retalhos, para poder unir a musculatura novamente, pra ter movimentação e a função de novo. A maior dificuldade foi ganhar a dimensão entre o nariz e a boca — explicou o cirurgião.
Projeto Leozinho surgiu de uma promessa
Segundo o médico, tudo surgiu de uma promessa relacionada aos filhos gêmeos, que acabaram nascendo prematuros. Ele prometeu que se eles sobrevivessem, criaria um projeto para ajudar as pessoas. Como esperado, as crianças ficaram bem e vão completar cinco anos em 2025 e, junto aos filhos, nasceu também o projeto.
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O nome “Leozinho” foi inspirado no primeiro paciente a ser operado em 2021. Ele tinha neurofibromatose, uma doença genética, que consiste no aparecimento de nódulos e tumores na pele.
De lá para cá, ele operou aproximadamente 350 pessoas. Entre os pacientes, 200 não arcaram com custos, já o restante, que possuía condições de arcar com parte dos valores, ajudou de alguma forma.
O que explica a agressividade de alguns cães
De acordo com o médico veterinário Clebson Gonçalves, raças como o chow-chow têm predisposição a problemas locomotores, dessa forma, situações de dor podem gerar comportamentos agressivos, principalmente sem um acompanhamento adequado.
Segundo ele, o cachorro poderia estar com dor, e no momento em que a tutora foi brincar com ele, a dor pode ter se agravado. A mordida pode ter sido uma reação a esta dor.
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O veterinário complementa que a falta de adestramento e de socialização adequada também pode influenciar diretamente no comportamento de um cão, sendo responsabilidade do tutor cuidar desse aspecto desde cedo.
Após um ataque como este registrado em Rondônia, o protocolo prevê que o animal seja encaminhado ao Centro de Zoonoses para avaliação da equipe médica. No local o animal deverá ser avaliado e possivelmente será feita eutanásia.
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