A essência da exposição “mundo caduco” é valorizar a produção artística de Florianópolis e dar visibilidade a olhares singulares. O trabalho marca a primeira exposição individual do fotógrafo e artista visual, Maurício Garcias, que busca compartilhar reflexões sobre o tempo, a memória e os aspectos do cotidiano urbano na cidade. A mostra fica em cartaz do dia 4 a 31 de julho, no Memorial Meyer Filho. A visitação é gratuita.

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Maurício conta que o interesse por capturar as cenas do cotidiano das ruas surgiu de inquietações que o mostraram, desde cedo, que Florianópolis está mais acostumada a ter registros de belas paisagens, mas nem tanto das dualidades que se apresentam no dia a dia das pessoas.

— É muito comum as pessoas viverem pautadas pelo individualismo que é especialmente contraditório em relação aos corpos e subjetividades da classe trabalhadora brasileira — reflete.

Segundo Lívia de Pelegrin, curadora da exposição, a inquietação sugerida em “mundo caduco” vem a partir da intenção do público de “reconhecer, nas fissuras das imagens, as próprias cicatrizes”.

— A proposta é sugerir que, mesmo no colapso e ainda que caduco, este mundo não está isento de ser confrontado — observa Lívia. 

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Foi Lívia, inclusive, quem incentivou o fotógrafo e artista a realizar a exposição. O trabalho e o olhar da curadora trazem uma perspectiva crítica e contextualizam o trabalho de Maurício no cenário da arte contemporânea com “questões sociais urgentes que permeiam” Florianópolis. 

Veja algumas fotos da exposição

Mundo caduco

O poema “Elegia” (1938), de Carlos Drummond de Andrade, inspirou o nome do projeto. “Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo”. É assim que começa o poema, que segue com esse tom crítico do dia a dia de uma pessoa trabalhadora. Não por acaso, o “mundo caduco” de Maurício propõe criar e fortalecer um espaço cultural inclusivo e acessível em Florianópolis. 

— Estamos engajados em promover essa diversidade cultural e social, fortalecendo a presença de artistas negros na cena cultural catarinense, referência que ainda falta na cidade — reforça Maurício. 

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Para demonstrar que a fotografia pode ser mais acessível em questões de suporte dentro do mundo da arte, as obras ficarão expostas em formato de lambe (papel e cola).

— A ideia, também, é sugerir um diálogo com elas e o contexto urbano da rua no seu estado mais bruto — conta Maurício, que demorou para se reconhecer como artista visual por não ter referências de fotógrafos negros em Florianópolis. 

Além da exposição, o projeto também prevê ações educativas inclusivas, com oficinas de fotografia para jovens e adultos. A intenção é fomentar o desenvolvimento de habilidades criativas e técnicas, além de fortalecer a autoestima e o sentimento de pertencimento cultural. 

O “mundo caduco” também cria uma experiência inclusiva para pessoas neurodivergentes, que poderão contar com monitores capacitados a orientá-las da melhor maneira durante as visitas.

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De acordo com Lívia, a ação é fundamental para garantir uma experiência acolhedora e adaptada às diferentes necessidades do público. 

A exposição “mundo caduco” abre no dia 4 de julho e a visitação, gratuita, será até o dia 31 do mesmo mês, sempre do meio-dia às 18h, no Memorial Meyer Filho, no Centro de Florianópolis. 

*Sob supervisão de Giovanna Pacheco

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