Um cachorro teve papel central na descoberta que levou à apreensão de 613 quilos de cocaína em Blumenau. O animal pertence à Polícia Militar e ajudou a Polícia Federal durante o cumprimento de um mandado de busca no galpão onde estava a droga, no bairro Itoupava Norte.

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O caso veio à tona nesta quinta-feira (4), com a prisão do principal responsável pela operação, um morador da área nobre de Florianópolis. Porém, o material foi descoberto na terça (2), após quase 12 horas escavações no terreno da empresa de fachada que supostamente vendia peças de alumínio.

Os agentes federais trabalharam seis meses no caso e, quando conseguiram indícios de que a droga estava no galpão, conseguiram ordem judicial para entrar. Após dias vendo a movimentação de caminhões de material de construção, acreditavam que a cocaína tinha sido enterrada.

A Polícia Federal abriu vários buracos dentro do galpão e até na área externa. Quando parecia não ter mais onde procurar, o cachorro da PM de Blumenau entrou em ação. Não demorou muito até ele sentar ao lado de tubo de PVC que saía de baixo de um piso e dava no jardim.

Os policiais cavaram, mas chegaram no concreto sem encontrar nada. Até que resolveram olhar embaixo de alguns blocos de concreto que estavam em cima de galões grandes de combustível. Umas poucas marretadas foram suficientes para surpreender a todos: era um bunker para armazenar a droga.

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Mas isso não foi tudo. O tubo que o cachorro insistia em apontar para os agentes era, na verdade, a saída do sistema de ventilação criado para o esconderijo onde estava o material. A sala era pequena, mas cabia tranquilamente quatro adultos de pé no espaço devidamente rebocado e até com início da pintura.

Dentro, os agentes se depararam com R$ 126 milhões em cocaína que seria enviada de navio à Europa.

Imagens do bunker e da apreensão

Um alerta internacional

A investigação começou há cerca de seis meses quando a polícia da Inglaterra alertou sobre a vinda de um morador de lá para Santa Catarina. O homem não tinha antecedentes criminais, mas já estava no radar das autoridades internacionais, por isso o alerta.

Quando ele desembarcou em Florianópolis, a Polícia Federal, responsável pelo caso, percebeu que ele foi recebido por um envolvido em assaltos a caixas eletrônicos, mas que atualmente acumulava um patrimônio muito elevado: uma fortuna na casa dos R$ 38 milhões.

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Os dois passaram a ser monitorados pela PF, que os flagrou entrando no galpão em Blumenau. O imóvel é ocupado pelo grupo desde o fim de 2022. Ali, eles diziam fazer peças grandes de alumínio para exportação. A polícia acredita que isso era só uma fachada.

Com meio ano fazendo campana na região, os agentes perceberam que normalmente apenas um homem, um terceiro, entrava e saía do local, sem indicar exatamente uma operação de fábrica. Os agentes chegaram a interceptar uma carga que saiu da empresa com destino ao exterior no porto de Itajaí para descobrir se havia drogas dentro das peças, mas não encontraram nada.

Nesta semana, eles descobriram o motivo. O homem, que fazia o trabalho de derreter as peças pequenas de alumínio e criar outras maiores, estava testando formas de colocar a cocaína no centro da peça sem que as autoridades descobrissem.

Ele foi preso em flagrante e teria dito que a próxima remessa, inclusive, iria com areia dentro, para ver se cairia na fiscalização. Peças de aço no formato de caixas indicam que provavelmente seriam as usadas para exportar a droga.

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Apenas o inglês ainda não foi preso.

Bens apreendidos em Florianópolis com investigado

A fechada de porta que revelou tudo

Sem ar-condicionado e ventilador, o homem responsável pela maior parte do serviço trabalhava sempre sozinho e com a porta do galpão aberta. Um dia, um caminhão chegou e repentinamente a porta foi fechada. Para a polícia, era o indicativo da chegada da droga.

A Polícia Federal acredita que o material chegou ao galpão escondido nas laterais do caminhão. Após o descarregamento, a cocaína foi transferida para o bunker, de onde seria colocada dentro das peças de alumínio e levadas para a Europa.

Mas não foi.