O velório do cantor e compositor Arlindo Cruz começa neste sábado (9) às 18h, na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, no Rio de Janeiro. O velório será em formato de gurufim, aberto ao público e deve durar até às 10h da manhã de domingo (10).

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Herança de Arlindo Cruz: qual o valor e para quem fica

O que é Gurufim?

A palavra de origem africana vem do quimbundo, língua de Angola. Os povos escravizados trazidos ao Brasil trouxeram a palavra que acabou virando parte da forma de falar no Brasil. Aqui no país ganhou o significado de velório ou cerimônia fúnebre.

Era mais usado para aqueles tipos de velórios simples, feitos em casa, que reunia familiares e amigos para se despedir da pessoa falecida. Com o passar do tempo, acabou ganhando outros significados mais coloquiais.

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Para entender o que é gurufim é preciso olhar o contexto das religiões afro-brasileiras. No candomblé e na umbanda, o sentido é mais de ritual, ou seja, uma cerimônia de despedida e encaminhamento da alma. Acabou virando sinônimo também de despedida simbólica, quando alguém vai embora de um bairro ou da cidade.

Arlindo Cruz escreveu um samba sobre o gurufim

A maior diferença dos velórios formais é que o gurufim não é silencioso. Cânticos, rezas, oferendas e outros elementos simbólicos são utilizados para homenagear a pessoa que morreu. O termo apareceu na literatura brasileira, em obras de Lima Barreto, que mostrava o cotidiano do subúrbio do Rio de Janeiro.

A palavra também aparece em vários sambas e sambas-enredo. Como nos versos do próprio Arlindo Cruz que compôs o samba Meu Gurufim.

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Eu vou fingir que morri
Pra ver quem vai chorar por mim
E quem vai ficar gargalhando no meu gurufim
Quem vai beber minha cachaça
E tomar do meu café
E quem vai ficar paquerando a minha mulher

Veja também a música que Arlindo Cruz mudou para virar hit de Avenida Brasil.