O — teoricamente — penúltimo dia da COP30 foi marcado por um incêndio de grandes proporções no Pavilhão dos Países na tarde desta quinta-feira (20), em Belém, no Pará. O clima ficou pesado, com correria e pessoas necessitando de atendimento médico por inalação de fumaça, e sem negociações durante praticamente metade do dia. A conferência teve reuniões retomadas ainda na noite desta quinta-feira, avançando a madrugada, mas ainda assim chega ao último dia com incertezas sobre o cronograma e o impacto do incidente nas negociações entre os países.

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As dúvidas ocorrem porque mesmo com a abertura da chamada blue zone, onde ficam os pavilhões com observadores, representantes técnicos e instituições parceiras, ainda na noite de quinta-feira, após as autoridades brasileiras restabelecerem as condições de operação no espaço da conferência, foi decidido que não haveria mais sessões plenárias naquele dia.

Um pouco antes da reabertura oficial da blue zone, participantes foram autorizados a entrar no local para recuperar pertences, como passaportes e computadores. Por isso, uma multidão ficou esperando no pátio do local, até que fosse seguro entrar nas dependências da conferência novamente.

Mesmo que o incêndio tenha sido extinto em apenas seis minutos, como foi dito pela organização da COP30, as atividades não foram totalmente retomadas e, por isso, pode ser até mesmo que a conferência ou as negociações entre os países se estendam ao longo do final de semana.

Definições no último dia

Na noite de quinta-feira, Valter Correia da Silva, secretário-extraordinário da COP30, afirmou que as negociações iniciam às 8h de sexta-feira e a primeira plenária está prevista para as 11h. O encontro no fim da manhã poderia servir para aprovar alguns documentos com acordos entre os países. Outros entendimentos seriam buscados ao longo da tarde, com a elaboração de textos parciais sobre acordos firmados.

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— Amanhã continuam as negociações como se nada tivesse ocorrido — disse Valter Correia da Silva, secretário-extraordinário da COP30.

As previsões de avanços nas negociações foram detalhadas pelos organizadores ainda na noite de quinta.

— Queremos fazer isso de maneira aberta. Vai demorar mais tempo, sem dúvida alguma, mas nós vimos como tem sido apreciada essa posição brasileira, de fazer essa negociação da maneira mais inclusiva e abrangente possível — afirmou o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, em entrevista à Globonews, na noite desta quinta-feira.

A ministra Marina Silva também sugeriu em entrevista coletiva na noite desta quinta que nas últimas edições a COP extrapolou o prazo inicial previsto para o término das negociações, o que poderia sinalizar chance de que o encontro no Brasil também se estenda para além do previsto.

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Segundo os organizadores, o incêndio foi provocado pelo mau uso de um equipamento eletrônico ainda não identificado. Mais cedo, o Corpo de Bombeiros chegou a falar que a causa pode ter sido um micro-ondas, mas não há confirmação da informação, já que é necessário a realização de uma perícia. Por isso, o local onde aconteceu o incêndio, continuará isolado.

Desde o incêndio, o local estava sendo administrado pelo governo brasileiro. Entretanto, com a reabertura do local, a responsabilidade fica com a ONU novamente.

Agora, há ainda uma preocupação sobre o documento final da COP30 e como ele será produzido. Faltam ser discutidos, por exemplo, assuntos como a redução de combustíveis fósseis, tema que deve aparecer com destaque no documento, sendo uma ideia defendida pelo presidente Lula e pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pouco antes de o incêndio desta quinta acontecer.

Na última nota divulgada pela organização da COP30 na noite de quinta-feira, uma mensagem foi transmitida:

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“Temos um trabalho substancial pela frente, e confiamos que os delegados retornarão às negociações com espírito de solidariedade e determinação para assegurar um resultado bem-sucedido para esta COP”.

Como foi o incêndio

Algumas pessoas foram encaminhadas ao Hospital Metropolitano com quadro de intoxicação pela inalação da fumaça. Ao todo, 21 pessoas foram atendidas no espaço chamado de Blue Zone, onde o incêndio começou, sendo que nove permanecem internadas.

A suspeita é de que o fogo possa ter começado no Pavilhão da África, por volta das 14h.

Por conta de se tratar de uma área altamente inflamável, a energia elétrica precisou ser cortada no local e os geradores também foram desligados. Houve correria generalizada para que o ambiente fosse evacuado o mais rapidamente possível.

Veja fotos do incêndio

* Com informações de Globonews e Estadão

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