Um incêndio destruiu parcialmente a parte superior de uma casa de Joinville no último domingo (24). Segundo o morador, as chamas iniciaram após a bateria de uma moto elétrica ser colocada para carregar em um cômodo do imóvel e entrado em fuga térmica, o que originou o incêndio. Um especialista contou ao NSC Total o que pode ter causado o fogo e como evitar os riscos que esse tipo de bateria pode oferecer.
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O que explica incêndio provocado por bateria de moto elétrica
O engenheiro elétrico e professor da Universidade da Região de Joinville (Univille), Juliano Sell, explica que, atualmente, a maior parte das baterias de motos elétricas são feitas de lítio. Apesar de apresentarem uma melhor eficiência, se comparado com as baterias de chumbo, por exemplo, elas também são mais sensíveis.
— Existem alguns cuidados a serem observados quando estamos falando do uso de baterias de lítio. Por exemplo, a exposição dessas baterias ao calor. Elas são sensíveis ao calor, principalmente temperaturas superiores a 100°C. Em alguns momentos, ela pode apresentar dano e, a partir dali, causar, sim, um incêndio ou alguma coisa nesse sentido — explica o engenheiro.
Sell ainda alerta que as baterias de motos elétricas não podem ser recarregadas de forma contínua e a orientação do fabricante deve ser seguida rigorosamente para evitar acidentes.
— É comum ser utilizado [a recarga contínua] nos celulares, aonde a pessoa conecta o celular na tomada antes de ir dormir e retira somente no outro dia quando acorda. No caso das bicicletas elétricas, isso não é aconselhado. A recarga deve ser feita dentro do tempo estipulado pelo fabricante daquele equipamento e não pode ultrapassar esse tempo, podendo ocasionar sobrecargas, curtos circuitos e até mesmo incêndios como esse que foi visto na cidade de Joinville — alerta.
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Veja fotos do incêndio em Joinville
Como evitar incêndios
Manutenção frequente
Seja um bicicleta elétrica, um ciclomotor ou autopropelido, é necessário manter os equipamentos elétricos em boas condições de uso. Isso significa, de acordo com o engenheiro, realizar manutenções periódicas com profissionais adequados, já que apenas o uso frequente dos equipamentos já pode gerar o desgaste de alguns componentes.
— Ou seja, a adaptação como aumento de potência dos motores dessas bicicletas, troca de componentes. A utilização de carregadores que não são os originais podem apresentar falhas e tornar esses equipamentos menos confiáveis do que quando mantidos em condições originais — relata.
Melhorias elétricas nas residências
No geral, as tomadas residenciais podem ser utilizadas para recarga de bicicletas elétricas. No entanto, é preciso estar atento às especificações técnicas e voltagens elétricas de cada imóvel.
— As tomadas residenciais podem ser de 10 ou 20 amperes. Então, é necessário observar se o plug do seu equipamento foi fabricado para ser utilizado em uma tomada de 10A ou de 20A e utilizar de acordo com essa característica. Além disso, é importante que a instalação elétrica dessa residência esteja devidamente dimensionada. Nós precisamos que os cabos elétricos e os equipamentos de proteção, como disjuntores, IDRs, sejam adequados à potência que o equipamento vai utilizar no momento do carregamento — explica.
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O engenheiro, porém, alerta que alguns equipamentos podem exigir melhorias elétricas nas residências, como bicicletas mais potentes e até carros elétricos.
— São equipamentos com uma potência bem maior que precisam ser dimensionados, adequados e instalados por um profissional especializado para que esse equipamento possa ser utilizado de maneira segura — afirma.
Carregadores originais
O professor Juliano Sell ainda explica que é recomendado utilizar os carregadores originais dos equipamentos elétricos. Em caso de necessidade de substituição dos cabos, é importante adquirir um semelhante ou indicado pelo fabricante, de preferência da mesma marca e características que os originais.
Ambientes abertos e ventilados
O engenheiro também aconselha a não expor esses equipamentos a grandes temperaturas, como, por exemplo, deixá-los expostos aos sol, nas áreas externas das casas, varandas e outros locais.
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— Preferir um local que tenha uma temperatura mais amena para poder fazer a recarga, e preferencialmente não executar essa recarga em ambientes fechados. A intenção é que haja ventilação suficiente para que essa bateria possa trocar o calor necessário durante a sua recarga. É natural que essa bateria aqueça durante a recarga, então é um momento crítico. Por isso, o local a ser escolhido para fazer a recarga dessa bateria é muito importante — diz.
O ideal é que a recarga seja realizada em garagens ou varandas com ventilação adequada e sem estar exposto ao sol. Além disso, é recomendado que a recarga não seja feita durante a noite ou madrugada, quando não há supervisão direta sobre o equipamento.
— Que seja feita durante durante o dia, momento em que você possa observar as características de recarga desse equipamento, não ultrapassar o tempo de recarga recomendado pelo fabricante. Com esses cuidados, nós podemos ter o uso desse equipamento de maneira segura, confiável em nossas residências, sem a incidência de acidentes. São cuidados básicos e essenciais para garantir essa condição — afirma.
Como aconteceu incêndio em Joinville
O incêndio iniciou por volta das 17h em um geminado localizado na Rua Ursa Maior, no Bairro Guanabara, zona Sul da cidade. Quatro unidades dos bombeiros voluntários atenderam a ocorrência, que destruiu parcialmente a parte superior da residência de alvenaria.
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Quando as equipes chegaram ao local, constataram que o fogo estava concentrado na parte superior. Os bombeiros analisaram a cena e, na sequência, montaram as linhas de combate. Inicialmente, optou-se pela adoção de um combate defensivo, realizado externamente, com o objetivo de reduzir a temperatura interna.
Posteriormente, foi realizada a entrada no imóvel para execução do combate ofensivo e do rescaldo, sendo finalizado com a ventilação tática para retirada da fumaça e dos gases aquecidos.
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