O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chega ao segundo dia de prisão preventiva com algumas revelações como a tentativa de romper a tornozeleira eletrônica, mas algumas perguntas ainda em aberto sobre o futuro após ser detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília (DF).
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A prisão foi efetuada na manhã deste sábado (22), após a convocação de uma vigília para a frente da casa do ex-presidente e alertas sobre supostas tentativas de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do ex-presidente. Levado para uma sala especial na Superintendência da PF, Bolsonaro ficará detido preventivamente em um espaço de 12 metros quadrados. Ele ainda não está cumprindo a pena de 27 anos e 3 meses à qual foi condenado pela tentativa de golpe. A prisão ocorre para garantia da ordem e evitar risco de fuga.
Os 10 passos que levaram à prisão de Bolsonaro
Ao menos seis perguntas, no entanto, seguem em aberto e podem apontar qual será o caminho do ex-presidente após a prisão preventiva. Confira abaixo:
Resultado da audiência de custódia
A primeira resposta que deve começar a indicar o que acontecerá com o ex-presidente Jair Bolsonaro será a audiência de custódia, prevista para o meio-dia deste domingo (23), de forma virtual. Um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes deve comandar a audiência, que serve para verificar se a prisão do investigado cumpriu os requisitos legais e respeitou os direitos do preso. É pouco provável que haja alguma reversão da situação do ex-presidente a partir da audiência de custódia.
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Explicações sobre violação da tornozeleira eletrônica
Uma das principais dúvidas que ainda cerca o caso é sobre por que Bolsonaro quis romper a tornozeleira eletrônica e qual era o possível plano caso conseguisse remover o dispositivo. O ministro Alexandre de Moraes, após autorizar a prisão preventiva, deu prazo de 24 horas para que a defesa do ex-presidente explique a tentativa de violação da tornozeleira e os fatos que levaram ao pedido de prisão preventiva, como a convocação da vigília. Neste sábado, após a prisão, a defesa de Bolsonaro considerou desnecessária a prisão e alegou que não haveria risco de fuga pelo fato de o ex-presidente estar sendo monitorado por agentes da PF.
Quando e onde Bolsonaro vai cumprir a pena
Embora Bolsonaro ainda não esteja preso para cumprir a pena de 27 anos pelos atos golpistas, o processo sobre a trama golpista está prestes a transitar em julgado, fase em que não é mais possível apresentar recursos e que os condenados são intimados para começar a cumprir a pena. Com isso, em razão da prisão preventiva deste sábado, outra pergunta que permanece em aberto é a partir de quando e onde Bolsonaro vai cumprir a pena pela condenação por tentativa de golpe. A sala na sede da PF, preparada para o ex-presidente e onde ele já vai ficar detido preventivamente, é uma das opções, mas outras unidades prisionais do Distrito Federal também são cogitadas. A defesa de Bolsonaro insiste em um pedido de prisão domiciliar humanitária, em razão do estado de saúde de Bolsonaro. Nesta semana, no entanto, Moraes já recusou um desses pedidos em razão dos fatos que levaram à necessidade de prisão preventiva antes mesmo do início da pena.
A prisão vai ser mantida?
Outra dúvida que precisará ser respondida é se a prisão preventiva de Bolsonaro será mantida pelo STF. A decisão foi tomada de forma monocrática pelo ministro Alexandre de Moraes, em função da urgência dos fatos, mas será submetida à análise dos outros ministros da Primeira Turma do STF, a mesma da qual Moraes faz parte e que condenou Bolsonaro no caso do golpe. A avaliação para manter ou não a prisão preventiva de Bolsonaro deve ocorrer em uma sessão na segunda-feira.
Como ficará a saúde de Bolsonaro
Outra dúvida que segue em aberto é como ficará a saúde de Jair Bolsonaro na sala da PF em que ficará preso preventivamente. A reação do ex-presidente às primeiras horas e à primeira noite preso pode dar sinais se a defesa irá ou não insistir em um pedido para recolocar o ex-presidente em prisão domiciliar. Nas últimas semanas, filhos de Bolsonaro mencionavam que ele passava por crises de soluços e vômitos. Em caso de agravamento do quadro, a mudança na situação de Bolsonaro pode ser uma medida adotada pela Justiça, mas a decisão também deve levar em conta o risco de eventuais novas investidas de fuga ou descumprimento de medidas cautelares por parte do ex-presidente. A fuga de outros aliados de Bolsonaro, como os deputados federais Alexandre Ramagem e Carla Zambelli, que inclusive foram citados na decisão de Moraes que autorizou a prisão de Bolsonaro, podem ser sinais de alerta para a reconsideração do caso de Bolsonaro.
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Impacto nas eleições
Além da situação jurídica de Jair Bolsonaro, outra pergunta que ainda precisará ser respondida será o impacto da prisão preventiva no contexto político do bolsonarismo. O ex-presidente é cortejado por lideranças como governadores de direita, a exemplo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, todos pré-candidatos à Presidência da República e interessados na “bênção” de Bolsonaro para concorrer em 2026 com o apoio dele. Até o momento, no entanto, nenhum recebeu este sinal verde. Após a prisão preventiva, a maioria dos aliados saiu em defesa do ex-presidente com manifestações públicas de apoio. Sem poder dar entrevistas e agora preso na sede da PF, outra questão em aberto será qual o peso e a importância que Bolsonaro terá no processo eleitoral de 2026. O assunto reflete até mesmo em Santa Catarina, onde a pré-candidatura do filho do ex-presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, é indicação direta de Bolsonaro, mas ao mesmo tempo motiva um racha no bolsonarismo por atrapalhar os planos da deputada federal Carol de Toni, também pré-candidata ao Senado.










