Em meio a denúncias feitas por organizações de direitos humanos de que as forças de segurança do novo governo sírio assassinaram centenas de pessoas da minoria alauíta, o presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, pediu “paz” neste domingo (9). A minoria religiosa alauíta apoiava o ex-ditador Bashar al Assad, deposto em dezembro do ano passado. As informações são do g1.
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As ações das forças do governo são alvos de fortes denúncias de limpeza étnica, portanto não se sabe se o discurso em tom apaziguador vai se refletir na prática.
De acordo com o governo sírio, o Exército fazia uma operação na região de Latakia, quando teria sido atacado. A ofensiva seria um levante de forças ligadas ao antigo regime do ditador Bashar al-Assad na qual 16 militares morreram, o que foi respondido com o envio maciço de tropas, segundo o governo.
Os alauítas negam essa versão do governo, dizendo que têm sido alvo de perseguição dos sunitas radicais que tomaram o poder em dezembro passado e que são vistos por esses radicais como “hereges”.
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Denúncias de massacre
“Temos que preservar a unidade nacional e a paz interna, podemos viver juntos”, disse o presidente Sharaa, em uma mesquita no bairro onde cresceu, Mazzah, em Damasco.
Sharaa disse na sexta-feira que pretendia perseguir os remanescentes do regime anterior que querem continuar a opressão e tirania. Ele afirmou também que “aqueles que cometeram crimes contra a população serão submetidos a julgamento”.
A Federação de Alauítas na Europa acusa o novo governo de promover uma “limpeza étnica sistemática”. Os Estados Unidos também pediram às autoridades sírias no domingo que responsabilizassem os “terroristas islâmicos radicais” e disseram que apoiam as minorias religiosas e étnicas do país.
Segundo moradores ouvidos de forma anônima pela agência de notícias Associated Press, civis alauítas têm sido executados, e as casas, saqueadas e incendiadas pelas forças do governo.
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Ali Sheha, um morador de 57 anos, falou abertamente sobre o agravamento da situação e contou que fugiu da região na sexta-feira (7) com a família. Ele relatou que mais de 20 vizinhos e amigos foram assassinados. “Havia corpos pelas ruas”, disse.
A Síria é majoritariamente sunita, mas foi governada por cinco décadas pela família Assad, que segue a linha xiita alauíta. Bashar al-Assad ficou no poder por 24 anos até ser deposto por integrantes do HTS, um dos grupos que lutavam na longa guerra civil do país.
O Observatório de Direitos Humanos da Síria diz que mais de 1 mil pessoas já morreram desde quinta-feira (6), entre elas mais de 750 civis. Essa onda de violência é o pior episódio de conflito comunitário no país desde a queda do ditador, em dezembro.
A escalada dos confrontos preocupa a comunidade internacional. A Rússia e a Turquia alertaram que a troca de agressões ameaça a estabilidade de toda a região. A Alemanha pediu que os dois lados evitem uma espiral de violência.
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