A BYD, fabricante gigante chinesa de veículos elétricos, está vivenciando um crescimento exponencial tanto no cenário global quanto no brasileiro, mas há notícias controversas sobre o sucesso.
Globalmente, a chinesa ultrapassou tradicionais fabricantes como a Volkswagen e se tornou a marca de carros elétricos mais vendida no mundo.

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A BYD expandiu rapidamente sua presença global, conquistando uma participação de mercado significativa em diversas regiões, como Ásia-Pacífico, Europa e América Latina. Um dos motivos é que a chinesa investe fortemente em pesquisa e desenvolvimento, e oferece uma gama diversificada de veículos elétricos, incluindo carros de passeio, ônibus e caminhões.

Veja modelos do BYD

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Foi a BYD que desenvolveu as baterias Blade (de lâminas), tecnologia presente até em modelos da rival Tesla. Afinal, negócios são negócios. Outro motivo do sucesso é a verticalização: ela controla toda a cadeia produtiva, desde a produção de baterias até a montagem dos veículos, o que lhe confere uma vantagem competitiva importante.

Trajetória no Brasil já tem sete anos

No Brasil, a BYD chegou em 2015, montando fábricas de chassi de ônibus elétrico e placas fotovoltaicas em Campinas (SP) e depois uma planta de baterias para os ônibus em Manaus (AM). Importou caminhões elétricos, fornecidos a empresas e governos.

Somente em 2022 decidiu lançar veículos de passeio com os modelos mais caros Han e Tan e depois o elétrico Yuan. No final daquele ano anunciou o híbrido Song Plus, que chamou a atenção pelo bom desempenho e custo-benefício.

Mas o sucesso só surgiu quando lançou o Dolphin, em meados de 2023, elétrico até hoje entre os mais vendidos, cheio de tecnologias e bom acabamento a um preço muito competitivo, brigando com tradicionais modelos nacionais flex. Depois foi além e lançou o Dolphin Mini, numa estratégia ainda mais agressiva de preço e rapidamente tornou-se a marca líder em vendas de veículos eletrificados no País, com uma participação de mercado superior a 70%.

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A BYD não se acomoda. Lança novos e diferentes produtos a cada mês, num ritmo acelerado: desde híbridos a elétricos, em diferentes versões ou públicos. A empresa está constantemente lançando novos modelos para atender às diferentes necessidades do consumidor brasileiro.

Além do Dolphin Mini, lançou o sedã King, versões do Yuan e Song, a picape Shark e a marca ainda oferece o sedã esportivo Seal, destaque nas vendas mesmo sendo um 100% elétrico.

Para conquistar um mercado já tão concorrido, a chinesa decidiu investir com uma fábrica com investimentos que superam os R$ 5 bilhões, comprou as antigas instalações da Ford em Camaçari (BA) e promete lançar o primeiro híbrido flex plug-in do mercado e, posteriormente, o primeiro elétrico nacional.

Contra-ataque das marcas tradicionais

A vinda para o Brasil coincide também com um momento em que a BYD enfrenta restrições fiscais nos EUA (que aumentou o imposto a chineses para 100%), além de Canadá e Europa, grandes mercados.

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A América Latina tornou-se um refúgio para a BYD, onde avançou fortemente e isso interfere duplamente no Brasil: concorre em um mercado inflacionado desde a pandemia (hoje o ticket médio de um carro no Brasil está em R$ 150 mil) trazendo produtos de qualidade e a preços muito competitivos.
A BYD cresce seu market share e hoje já é a 10ª marca no país, à frente de Caoa Chery, Ford, Citroën e Peugeot.

Outro impacto é sobre as exportações: a América Latina era um dos principais destinos de veículos montados no Brasil e todas as marcas sentem o efeito da BYD e outras chinesas dominando o comércio exterior desses países, em todos os segmentos, leves e pesados.

O governo brasileiro reagiu à pressão da indústria e retomou a alíquota de importação para eletrificados que estava zerada para elétricos e tinha uma tarifa reduzida para híbridos (4%). A cobrança passou a ser escalonada desde janeiro de 2024 até chegar em 35% em 2026.

A Anfavea, que representa as montadoras, defende a antecipação da alíquota de 35% para já e mais recentemente manifestou interesse em aumentar a tarifa, comparando-se a alíquotas muito maiores em mercados consolidados, e também em aumentar o imposto para indústria que operem em CKD (veículos que só são montados a partir de sistemas completos que vêm desmontados, caso das novatas GWM e BYD, que entram em operação em 2025), para promover maior conteúdo de peças locais.

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Para driblar a alta da alíquota de importação, a BYD enviou um navio próprio para o Brasil e estocou mais de 80 mil veículos, outro foco de reclamação das montadoras, que se queixam de aumento de custos de frete e de logística e posterior liquidação desses modelos. A BYD está em constante “promoção” de preços nas concessionárias brasileiras. O sedã King, por exemplo, chegou a ter desconto de R$ 26 mil na black friday.

O que esperar?

Barrada de alguns mercados, a BYD viu na América Latina e Brasil, mercados emergentes e carentes de tecnologia, um refúgio para vender a preços competitivos. Ao mesmo tempo, a BYD está contribuindo para a popularização dos veículos elétricos no Brasil, tornando essa tecnologia mais acessível e atraente para os consumidores.

Se antes a barreira para um elétrico de autonomia abaixo de 200 quilômetros estava na faixa de R$ 300 mil, a BYD trouxe modelos tecnológicos, de design agradável, bem-acabados e com autonomia acima de 280 km a partir de R$ 116 mil, caso do Dolphin Mini.

As montadoras já instaladas por aqui correm para enfrentar esse novo desafio e prometem oferecer elétricos a baixo custo (caso de GM e Stellantis). O governo ainda não manifestou maiores apoios a nova barreiras tarifárias, até porque a BYD terá sua própria fábrica em solo nacional.

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Negócios à parte, o consumidor brasileiro quer cada vez mais carros eficientes, tecnológicos e confortáveis ao melhor custo-benefício, independentemente de quem os ofereça.

Por Lucia Camargo Nunes da @viadigitalmotorsoficial.

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