Conhecido de papa Francisco, o padre Vilson Groh, morador de Florianópolis, viajou para o Vaticano, em Roma, para o velório do pontífice que ocorre neste sábado (26). Os dois estiveram juntos em duas ocasiões e costumavam se corresponder por cartas.
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Em conversa com o NSC Total, o padre Vilson Groh relatou que estar no funeral do papa Francisco é uma forma de gratidão e reverência pelos últimos 12 anos do pontífice à frente do Vaticano. O morador da capital catarinense viajou na manhã desta quinta-feira (24) para Roma. Ele é reconhecido pelos mais de 40 anos dedicados a projetos sociais voltados para comunidades em situação de vulnerabilidade.
— Ir a Roma é uma forma de dizer muito obrigado. É como ir ao funeral de um pai, de uma mãe, de um irmão meu. Ele foi como um pai, uma referência para mim. Talvez, a pessoa mais mística que encontrei no mundo — diz.
Vilson Groh deve ficar em Roma até a próxima terça-feira (29). A decisão de ir ao velório de Francisco veio após incentivos de amigos, tanto do Brasil quanto da Itália, como explica o padre:
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— Pessoas que conhecem a minha trajetória, que acompanham o caminho que temos feito e que reconhecem a direção que sempre procuramos seguir em comunhão com o papa Francisco. Por isso estou indo para este momento […] Mas não é um sacrifício, é uma questão de presença, como se fosse um parente, como fiz com meu pai, com a minha mãe, e com outras pessoas daqui da própria cidade, com quem trabalhei e pude construir a minha vida ao lado delas.
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A expectativa do padre para os próximos dias é de viver o momento e aproveitar para aprender e se inspirar ainda mais no testemunho e legado do Papa Francisco.
— É um momento de renovação, de fortalecimento pessoal e espiritual, para continuar esse trabalho importante no Brasil, em Florianópolis. Também será um tempo para reencontrar alguns amigos que estiveram próximos e trabalharam com ele — complementa.
O legado do papa Francisco para o mundo
Para o padre Vilson, papa Francisco deixou um importante legado para o mundo, seja para os católicos ou não católicos. O pontífice foi considerado um líder que dialogava com diferentes comunidades, com religiões diversas, “sempre buscando convergir o bem, a vontade de um mundo melhor, a casa comum”, diz o morador de Florianópolis:
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— Ele foi, sobretudo, um grito de esperança para os excluídos, uma voz profética num tempo de desigualdades, guerras e indiferenças. O legado dele não é apenas simbólico, é um compromisso profundo com os pobres, com a paz, com a simplicidade e com o cuidado com a Terra. Francisco viveu o cristianismo em sua forma pura, simples e essencial: querer ser cristão é estar junto, é se misturar, não se isolar numa religião fria, sem ação. Ele armou tendas no meio do povo, viveu com o povo.
Encontros com papa Francisco
Padre Vilson saiu de Florianópolis em 2016 para se encontrar com o papa Francisco em Roma. A audiência privativa entre os dois ocorreu após um jornalista do Vaticano contar a história do padre da capital catarinense para o líder da igreja católica.
— A minha audiência com o papa foi muito bela. O papa no final abençoou e falou que deveríamos continuar com esse trabalho e me disse: “o seu trabalho é junto aos pobres, é na periferia. Seu trabalho é construir as pontes na vida de uma cidade, de um país, que é o que eu faço”. Sou muito grato a essa visita. Para mim, quando me encontrei com o papa Francisco, era como se me encontrasse com o rosto de Jesus — conta padre Vilson.
Os padres voltaram a se encontrar em 2022, durante uma audiência geral do Vaticano. Desde então, segundo Vilson, eles se correspondiam por cartas.
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Como foi o encontro do padre Vilson e papa Francisco
Quem é o padre Vilso Groh?
Natural de Brusque, padre Vilson Groh chegou a Florianópolis para estudar Teologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1978, quando tinha um pouco mais de 20 anos. À época, ele decidiu construir sua trajetória de fé na luta por justiça social e se estabelecer no Monte Serrat, na periferia da Capital. Em 2011, ele criou o Instituto Pe. Vilson Groh.
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