A família da advogada catarinense Karize Ana Fagundes Lemos, de 33 anos, aguarda com apreensão o resultado dos exames que irão confirmar se os restos mortais encontrados em Palmas, no Paraná, na última sexta-feira (8), são mesmo dela, desaparecida desde o final de setembro. A polícia afirma que há fortes indícios de que os restos sejam de Karize, mas somente os exames poderão confirmar a identidade.

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Em entrevista, o pai de Karize, Rudnei Lemos, de 63 anos, relatou o sofrimento diário desde o desaparecimento da filha caçula e se mostrou angustiado com a situação: “Não quero que ninguém esteja um minuto no meu lugar”, disse emocionado.

Rudnei conversou com a filha poucos dias antes de receber a notícia de seu sumiço e do possível assassinato cometido pelo companheiro contra ela. Na conversa, segundo o pai, Karize falou que estava bem e já havia se recuperado de uma cirurgia recente nos rins. Também disse que estava conseguindo novos clientes e estava contente com isso.

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Família espera achar advogada viva mesmo após marido confessar assassinato há um mês em SC

— Quando foi dali mais uns cinco dias, aquela notícia triste que ela tinha sumido. — Lembra o pai.

Alguns meses antes de tudo acontecer, Karize também esteve no sítio dele, distante um pouco mais de 100 quilômetros de Caçador, onde Karize e o companheiro moravam e onde o crime teria ocorrido.

O pai dela conta que não ia com frequência para a cidade onde a filha morava e Karize também não conseguia ir sempre ver o pai, mas eles mantinham contato por telefone.

— Já fiz o túmulo da coitadinha aqui no Rio da Vargem. Está ali o túmulo feito, esperando o resultado da perícia para daí eles liberarem a coitadinha para trazer para cá. Não é fácil; eu tenho sofrido bastante com a perda dela. — Lamenta o pai.

Rudnei e a mãe da advogada estão separados há vários anos. A mulher, que também já é idosa, mora com a filha mais velha na Serra Catarinense.

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Sobre o homem que vivia com Karize e é suspeito de tê-la matado, Rudnei diz que não o conhecia pessoalmente e também nunca havia conversado com a filha sobre ele, apenas sabia que ela estava morando junto com o companheiro.

Rudnei acredita que a filha tenha sido morta por ciúmes e diz esperar que a justiça seja feita e que o responsável pelo crime pague por ele.

O que se sabe até o momento

Karize estava desaparecida desde o dia 29 de setembro, quando a Polícia Militar de Caçador foi acionada por amigos do companheiro dela para averiguar o possível feminicídio ocorrido na residência em que o casal morava.

Conforme relataram tais amigos à polícia, o companheiro da advogada confessou a eles, durante uma ligação, que teria matado ela e jogado o corpo em algum lugar no caminho que percorreu entre Santa Catarina e o Paraná. Ele teria dito ainda que havia matado também um homem e feito o mesmo com o corpo, mas a existência de uma possível segunda vítima nunca foi confirmada.

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Na casa, os policiais militares encontraram marcas de sangue e sinais de que o local havia sido limpo recentemente.

O companheiro de Karize foi preso no dia seguinte, em 30 de setembro, em Guaíra, no Paraná. Com ele, a polícia apreendeu um carro, que segundo o pai de Karize pertencia a ela, uma faca e outros objetos que estavam no veículo, incluindo livros sobre assassinatos famosos.

Apesar da confissão feita aos amigos, para a polícia o suspeito ainda não disse nada a respeito do crime, assim como também não colaborou com as investigações.

Os restos mortais, que podem ser da advogada Karize Ana Fagundes Lemos, foram localizados em uma área de mata no município de Palmas, no Paraná. A cidade faz divisa com Santa Catarina e fica a cerca de 140 quilômetros de Caçador.

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A Polícia Civil acredita que eles sejam dela devido a indícios como a coloração do cabelo da vítima encontrada e itens que estavam próximos ao corpo, como um cobertor e um roupão semelhantes aos que ela tinha. Os materiais estão sendo examinados pelo Instituto de Criminalística do Paraná.

Quem é Karize, advogada de SC desaparecida

Advogada há cerca de cinco anos, Karize Ana Fagundes Lemos, tem 33 anos. Ela mudou-se para Caçador, no Meio-Oeste catarinense, para cursar Direito. No município montou seu escritório após formada, onde atendia casos relacionados a direito de família, previdenciário, cibernético e direito do Consumidor, entre outros casos.

Ela também é tecnóloga em gestão de recursos humanos e, nas redes sociais, dizia que sua missão de vida era “solucionar conflitos e ajudar as pessoas”.

“Apaixonada por gatinhos”, como ela se descrevia, também nas redes sociais, era engajada com a causa animal, compartilhando informações contra maus-tratos.

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Karize estava nesse relacionamento, com o suspeito pela sua morte, há pouco mais de um ano, conforme foi divulgado durante as investigações. Se confirmado que o corpo encontrado é mesmo dela, Karize deixa pai, mãe e uma irmã mais velha.

Nas redes sociais amigos e conhecidos tem lamentando sua morte. “Tá difícil demais ficar aqui sem você”, escreveu um conhecido em uma de suas publicações. “Uma mulher do bem, uma excelente advogada, espero que a justiça seja feita”, disse outra seguidora.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina se manifestou logo que a informação sobre o desaparecimento e possível assassinato da advogada foi divulgada.

A OAB Santa Catarina, por meio de suas Comissões de Combate à Violência Doméstica, Mulher Advogada e OAB Por Elas, juntamente com a Subseção de Caçador, manifesta seu mais profundo pesar pelo assassinato da advogada caçadorense Dra. Karize Ana Fagundes Lemos, ocorrido na madrugada desta segunda-feira. A Ordem catarinense se solidariza profundamente com os familiares, amigos e colegas neste momento de dor e indignação deste triste episódio. Karize foi vítima de um crime que expõe, mais uma vez, a violência doméstica que, infelizmente, insiste em nos acompanhar. Neste momento, reafirmamos nosso compromisso de acompanhar todos os desdobramentos do caso e de lutar por justiça, em nome de Karize e de todas as mulheres que foram vítimas dessa violência inaceitável.

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