A semaglutida, substância presente nos medicamentos Ozempic, Rybelsus e Wegovy, pode causar perda da visão repentina devido a uma condição rara chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana). É o que informa um alerta emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta-feira (12). Segundo o órgão, a condição pode ser irreversível e, quando sintomas são detectados, exige atenção imediata. As informações são do O Globo.

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“Os pacientes que tiverem sintomas como perda repentina de visão, visão turva ou piora rápida da visão durante o tratamento com semaglutida devem procurar atendimento médico imediatamente. Caso a Noiana seja confirmada, o tratamento com semaglutida deve ser interrompido”, explica a Anvisa em nota.

Com isso, a autarquia fez a solicitação da inclusão deste efeito colateral nas bulas desses medicamentos, bem conhecidos na internet por “auxiliar no emagrecimento”, mesmo que na verdade sejam indicados para o tratamento do diabetes tipo 2. Dos três, o Wegovy é o único aprovado para perda de peso em pacientes com obesidade ou sobrepeso, que também podem ter diabetes tipo 2.

“A decisão foi tomada após análises do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que identificou a Noiana como um possível evento adverso da semaglutida. No sistema brasileiro de notificação de eventos adversos de medicamentos, o VigiMed (base VigiLyse), foram registradas 52 notificações de suspeitas de distúrbios oculares relacionados à semaglutida”, diz o comunicado da agência.

No início de junho deste ano, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) havia feito o mesmo requerimento pra os remédios vendidos na União Europeia (UE). A investigação do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) do órgão analisou o risco associado aos medicamentos.

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A suspeita da relação de Ozempic e Wegovy aumentarem a chance de desenvolver a neuropatia começou com um trabalho de pesquisadores da Universidade de Harvard, que encontraram um risco até sete vezes maior entre pacientes de um hospital oftalmológico.

“Resultados de diversos estudos epidemiológicos de grande porte sugerem que a exposição à semaglutida em adultos com diabetes tipo 2 está associada a um aumento de aproximadamente duas vezes no risco de desenvolver Noiana em comparação com pessoas que não utilizam o medicamento”, diz a EMA, em nota.

Dados dos ensaios clínicos apontaram, também, o risco aumentado. Mesmo que o efeito seja “muito raro” — corresponde a aproximadamente um caso a cada 10 mil pessoas por ano — o risco levou a EMA a recomendar que a reação seja incluída na bula.

As recomendações do PRAC serão enviadas ao Comitê de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) do órgão e, depois, à Comissão Europeia, que poderá emitir uma decisão oficial aplicável a todos os Estados-Membros da União Europeia para a atualização das bulas.

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* Sob supervisão de Jean Laurindo

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