A crise política no Peru, agravada nesta quarta-feira (7) após a ordem do presidente Pedro Castillo para dissolver o Parlamento, chega ao menos a seis anos. O atual líder é o sexto a governar o país desde 2016, e o mecanismo adotado por ele também já foi utilizado por um de seus antecessores.

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A Constituição peruana estabelece que, se o governo for derrotado em um voto de confiança, o presidente deve recompor seu gabinete. Se o mesmo processo se repetir, o chefe do Executivo então pode determinar a dissolução do Parlamento e convocar novas eleições legislativas.

Castillo se antecipou, porém, já que ainda não sofreu sua segunda derrota. Na semana passada, o Congresso peruano deu início ao terceiro processo de destituição do líder esquerdista, mas o impeachment de fato ainda era incerto, visto que são necessários 87 votos para isso – quantia maior do que a necessária para iniciar o processo.

Presidente do Peru é destituído do cargo após dissolver Parlamento

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Em 2019, o então presidente Martín Vizcarra dissolveu o Parlamento depois de os congressistas rejeitarem dois votos de confiança. No ano seguinte, porém, a nova configuração do Legislativo conseguiu removê-lo do poder em meio a acusações de corrupção, coroando uma convulsão política crônica – movimento muito semelhante ao que acontece no mandato de Castillo.

Vizcarra foi acusado de receber propina, o que o enquadraria na categoria de “incapacidade moral”, impedindo sua continuidade no cargo. O mesmo termo foi usado nos processos contra Castillo, acusado de liderar um esquema de corrupção e de proteger aliados alvos de investigações criminais.

Antes de Vizcarra, Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, renunciou acusando a oposição de criar um “clima ingovernável”, em março de 2018. À época, o então líder peruano enfrentaria sua segunda moção de vacância, também sob acusações de corrupção.

Os dois afastamentos seguidos, porém, não foram suficientes para desacelerar a crise na política peruana. Após a saída de Vizcarra, assumiu, por apenas seis dias, o congressista Manuel Merino de Lama, que renunciou depois dos episódios de violência que vieram na esteira da crise institucional.

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O deputado Francisco Sagasti, então, assumiu o governo interinamente e conseguiu permanecer no no cargo até a posse de Castillo.

Além disso, uma série de escândalos atingiu a maior parte da elite política peruana. Alberto Fujimori, ditador que comandou o país de 1990 a 2000, foi preso por crimes contra a humanidade. Sua filha, Keiko, foi a principal adversária eleitoral de Castillo. Investigada por corrupção, ela chegou a ser presa e, após a derrota para o atual presidente, fez denúncias de fraudes nas eleições, nunca comprovadas.

Também são investigados por corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht os ex-presidentes Alejandro Toledo (que comandou o país de 2001 a 2006 e que está detido), Ollanta Humala (líder de 2011 a 2016, que passou seis meses na prisão) e o próprio PPK (2016-2018). Além disso, o também ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) suicidou-se quando policiais se preparavam para prendê-lo em 2019.

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