A nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “Favelas e Comunidades Urbanas – Características urbanísticas do entorno dos domicílios”, divulgada nesta sexta-feira (5), traz um panorama sobre transporte, pavimentação, drenagem, transporte e iluminação nestes territórios em Santa Catarina.
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O IBGE considera favelas e comunidades urbanas áreas com insegurança jurídica da posse e ao menos um dos seguintes fatores: ausência ou oferta precária de serviços públicos, construções fora dos parâmetros oficiais ou ocupação em zonas de risco ambiental.
Os dados da pesquisa do Censo Demográfico 2022 revelam que Santa Catarina possui 161 favelas e comunidades urbanas distribuídas por 24 municípios, totalizando 109,3 mil moradores. Fora desses territórios, vivem 3,3 milhões de pessoas.
Transporte e acesso às favelas
Em 2022, 10,7% dos moradores que vivem nesses territórios tinham acesso ao local apenas por vias que permitem circulação de bicicletas, motocicletas ou pedestres. Fora das favelas, esse percentual cai para 0,34%. A média brasileira é de 19,2% dentro e 1,4% fora.
Na comunidade Nova Descoberta, em Florianópolis, todos os moradores entrevistados residiam em vias em que a circulação é restrita a motos, bicicletas e pedestres.
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Por outro lado, 65,2% dos moradores de favelas catarinenses viviam em vias que comportam caminhões ou ônibus, contra 95,4% fora delas.
No Brasil, os percentuais são de 62% e 93,4%, respectivamente.
Navegantes aparece entre os três municípios do país com menor diferença entre dentro e fora das favelas: 96,44% dos domicílios desses territórios tinham vias com circulação para caminhões ou ônibus, frente a 94,5% nas demais áreas.
Já as vias que comportam apenas carros ou vans representavam 24,1% dentro das comunidades urbanas, enquanto fora delas o índice era de 4,3%.
No cenário nacional, a média é de 18,8 por cento nas favelas e 5,3 por cento nas áreas externas.
Pavimentação e drenagem
No Estado, 69,7% dos moradores de favelas viviam em ruas pavimentadas. Entre os que residem fora desses territórios, o percentual é de 87,8%. No país, as médias são de 78,3% e 91,8%, respectivamente.
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Mesmo assim, 37 localidades catarinenses registraram 100% dos entrevistados vivendo em ruas pavimentadas, distribuídas entre Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Coronel Freitas, Florianópolis, Gaspar, Itajaí e São José.
A presença de bueiros e bocas de lobo também evidencia disparidade: 90,62% dos moradores fora das favelas dispõem desse recurso, maior média entre os estados brasileiros.
Entre os residentes dentro delas, o índice cai para 61,8%.
Sinalização para bicicletas e escadas
Apenas 0,5% dos moradores de favelas e comunidades urbanas catarinenses viviam em vias com sinalização para bicicletas, abaixo da média nacional de 0,9%.
Fora desses territórios, o percentual chega a 7,21%, o maior do país e também a maior diferença entre dentro e fora. Das 161 favelas, apenas 11 tinham vias sinalizadas para bicicletas.
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O destaque é para o Rio Tavares, no Trevo da Serpa, em Florianópolis, onde 26,59% das vias contam com sinalização.
SC tem a segunda maior diferença em acesso ao transporte
A existência de ponto de ônibus ou van estava presente em vias de apenas 6,7% dos moradores de favelas catarinenses. A média nacional é de 5,2%.
Na Ocupação Marielle Franco, em Florianópolis, todos os entrevistados afirmaram ter ponto de ônibus ou van próximo à residência.
Quatro localidades registraram ausência completa de iluminação pública: Vale do Selke e Loteamento do Cléber, em Blumenau; Morro do Arno, em Camboriú; e Avenida das Torres – Rua Índio Condá, em São José.
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Favelas sem calçada
Entre os moradores fora das favelas, 84,5% tinham calçada ou passeio público nas vias onde viviam. Dentro desses territórios, o percentual cai para 31,6%. A média brasileira nas favelas é de 53,9 por cento.
Santa Catarina figura entre os três estados com maior diferença entre dentro e fora, ultrapassando 50% percentuais.
Em relação à presença de obstáculos nas calçadas, apenas 4,2% dos moradores de favelas tinham vias sem impedimentos, enquanto entre os residentes fora delas esse percentual chega a 29,6%.
No Brasil, as médias são de 3,8% sem e 22,4% com obstáculos.
Rampa de acesso para cadeirantes é raridade
Somente 1,0% dos moradores de favelas catarinenses informaram ter rampa para cadeirantes na via de seu domicílio, percentual inferior à média nacional de 2,4%.
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Fora dessas áreas, o índice sobe para 24,5%, também acima da média brasileira, que é de 18,5%.
Entre as 17 localidades onde há rampas, duas superaram 20%: Loteamento Vista Alegre, em Coronel Freitas, com 28,6%; e Trevo da Seta, em Florianópolis, com 26,6%.
Menor percentual de arborização
A arborização é o ponto mais crítico: apenas 22,9% dos moradores de favelas catarinenses vivem em ruas com árvores, o menor índice do país. Fora desses territórios, o percentual aumenta para 43,61%.
Mesmo assim, algumas localidades apresentaram condições opostas, com 100% dos entrevistados relatando presença de cinco ou mais árvores na via.
É o caso de Vale do Selke, em Blumenau; Morro do Arno e Vila do Mosquito, em Camboriú; e Costeira 1, em Florianópolis.
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